quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Filme pernambucano sobre violência latifundiária ganha prêmio em Brasília

A luta e resistência de uma trabalhadora rural contra as atrocidades cometidas pelo avanço do monocultivo da cana de açúcar na região da zona da mata Pernambucana foi a história que inspirou o documentário “Acercadacana”, que ganhou nesta última terça-feira (30), o prêmio Candango de melhor filme e melhor montagem, na categoria de curtas-metragens de 35mm, no 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Produzido pelo Coletivo Asterisco, com direção de Felipe Peres Calheiros, o documentário começou a ser gravado ainda em 2008, a partir do contato com a Comissão Pastoral da Terra (CPT/PE) e conta parte da história de Maria Francisca, trabalhadora rural que resiste às investidas do grupo empresarial Petribu, sob o pano de fundo do monocultivo da cana de açúcar na zona da mata do estado. A trabalhadora ,há mais de 10 anos, luta na Justiça de Pernambuco para ver reconhecida a sua popriedade sobre o sítio que nasceu e se criou, por meio de usucapião. Maria conseguiu vencer na primeira instância, quando a Justiça de São Lourenço da Mata reconheceu seu direito sobre as terras. Atualmente o processo encontra-se no Tribunal de Justiça de Pernambuco, na Relatoria do Desembargador Eurico de Barros, à espera de julgamento.

Maria Francisca é a única remanescente de uma comunidade de mais de 300 famílias que foi sendo expulsas da Zona Rural do Município de São Lourenço da Mata, após a aquisiçaõ da Usina Tiúma pela Usina São José e Usina Petribu. Consequência da sua forte ligação com o lugar, Maria não mediu esforços em buscar seus direitos, contando com o apoio da Comissão Pastoral da Terra e do Ministério Público de Pernambuco.

Além de denunciar os crimes que atentam contra os direitos humanos na zona da mata de PE, a exibição do documentário possibilitou que a questão agrária, a luta dos camponeses e camponesas pela terra e o debate em torno do limite da propriedade da terra - tema de um plebiscito popular realizado no último mês de setembro - fossem colocados no centro das discussões durante o Festival.

SINOPSE: Nos anos 90, com a valorização do etanol e a expansão do latifúndio canavieiro, 15 mil famílias foram expulsas dos seus sítios na zona da mata de Pernambuco. Maria Francisca decidiu resistir.


Fonte: Diario de Pernambuco

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