A governadora Raquel Lyra (PSDB) faz uma gestão de um samba só, em cima da retomada da ferrovia Transnordestina. Veio ontem a Brasília para tratar do assunto pela terceira vez. O projeto é importante? Evidentemente, mas a governadora não cuidou ainda de fazer o dever de casa.
Dever de casa é azeitar a máquina, extremamente enferrujada. Grande parte dos órgãos estaduais está acéfala, algumas repartições sem ter sequer ordenadores de despesas. Servidores terceirizados estão sem receber salários. Crianças pobres deixaram de ter acesso ao leite sagrado do dia a dia, porque o Governo não paga a sua cota de um programa em parceria com a União.
Dever de casa é também pagar hospitais, clínicas e laboratórios que prestam serviços ao Estado convencionados ao Sassepe. Tem dono de hospital que não recebe pelos serviços que presta ao Estado há mais de seis meses. Um laboratório em Salgueiro deixou de atender pelo Sassepe.
Dever de casa é ajustar as finanças, buscar o equilíbrio fiscal e pagar também o décimo terceiro salário de milhares de famílias cadastradas no Bolsa Família. A governadora, entretanto, quando tenta fazer esse dever, entra em contramão. A maior delas foi decretar sigilo por cinco às informações sobre o efetivo da Polícia Militar, uma semana após informar que iria colocar 50 mil policiais nas ruas para fazer a segurança do Carnaval, quando o efetivo total é um pouco acima de 16 mil PMs.
A impressão que passa é que Raquel assumiu o Estado sem um projeto, que está perdida, mal assessorada e que quer suprir suas deficiências de gestão com fotos ao lado de ministros em Brasília, para passar a impressão de que tem prestígio e influência na corte. Mas governar com eficiência está muito longe disso.
Cheiro de derrota – Temendo uma acachapante derrota na Assembleia Legislativa, a governadora deu o aval para sua bancada promover uma manobra que evitou a primeira grande derrota, ontem, na Casa. Sem votos para emplacar aliados nas comissões temáticas, sua base recorreu a um artifício permitido pelo Regimento e as votações foram suspensas. Raquel quer eleger Antônio Moraes presidente da Comissão de Justiça, mas o preferido pelos parlamentares é Waldemar Borges, da bancada do PSB.
Cenário adverso – A governadora sinaliza pela escolha do deputado Joaquim Lira, do PV, para a Comissão de Administração Pública, mas o preferido da Casa é Alberto Feitosa, do PL. Já para a Comissão de Finanças, o nome do Governo é o da deputada Débora Almeida, mas o escolhido deve ser o deputado Antônio Coelho, do União Brasil.
Pai na disputa – Em entrevista à Folha de Pernambuco, ontem, em Brasília, o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Wolney Queiroz, admitiu que seu pai José Queiroz disputará, mais uma vez, a Prefeitura de Caruaru. “Ele está bem de saúde, disposto e entusiasmado. Mais do que isso, tem projeto”, afirmou.
Novela mexicana – Vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, o deputado Carlos Veras disse, ontem, que não será ainda esta semana que o presidente Lula anunciará o restante do segundo escalão. Para o Nordeste, a bancada federal aguarda com ansiedade a definição da Sudene e Codevasf. PT, Solidariedade e MDB brigam pela indicação, mas o União Brasil também está de olho.
Ministro na degola – Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem que ele aguarda explicações do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, sobre o uso de avião da FAB e recebimento de diárias para uma agenda majoritariamente privada em São Paulo. A situação de Juscelino provoca constrangimento no Palácio do Planalto, mas a ordem de Lula é para que os ministros não comentem o assunto em público. Em conversas reservadas, deputados e senadores da base aliada afirmam que Lula deveria demitir rapidamente Juscelino, após a série de reportagens publicadas pelo Estadão revelar esquemas envolvendo o titular das comunicações.
CURTAS
UB LAVA AS MÃOS – A indicação de Juscelino está na cota do União Brasil, embora a bancada diga que não tenha tido qualquer influência nessa nomeação. Deputados da bancada disseram que Juscelino não conseguiria 30 assinaturas.
SINAL VERDE – líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) diz esperar orientações do Palácio do Planalto sobre como lidar com a crise no Ministério das Comunicações. “Não tenho posição pessoal. Sou líder do governo, eu vou ter que esperar a avaliação que se faz no centro do governo, na Casa Civil. O senador evitou sair em defesa de Juscelino Filho, mas afirmou que é preciso analisar o caso.
Perguntar não ofende: Raquel tem projeto de Governo?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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