O maior problema do União Brasil, a partir de agora nas mãos do advogado Antônio Rueda, o algoz do ex-presidente Luciano Bivar, não está nos conflitos internos que se instalaram pelo comando da legenda, mas em questões muito mais profundas, que vão da credibilidade do novo cacique-mor a dualidade: é ao mesmo tempo governo e oposição.
Quem será capaz de se filiar a um partido dirigido por alguém que chega à mídia nacional com a imagem de crápula, traidor, conspirador e até bandido, na expressão de Bivar, a maior vítima de Rueda? O que terá dentro daquele envelope com o título “Denúncias”, que o ex-presidente do Desunião Brasil deixou fechado em cima da sua mesa enquanto dava uma coletiva, quarta-feira passada?
Se Bivar não abriu o envelope, mas em intramuros deixou vazar que o conteúdo é explosivo, envolvendo corrupção, capítulos novos dessa briga de cachorro grande virão pela frente, com um detalhe: se o presidente decapitado tiver as provas de tudo que o envelope contém, os dias de Rueda serão abreviados no comando da legenda.
Os problemas se acentuam muito além disso. O Desunião Brasil é governo, detém três gabinetes na Esplanada dos Ministérios, mas se comporta no Congresso, mais na Câmara do que no Senado, como um partido de oposição a Lula. Rueda vai assumir essa faceta ou vai preferir que sua boca seja adoçada pelo Governo com a prática e o discurso de que a Desunião é independente?
A nova executiva da Desunião é majoritariamente anti-Lula, a começar pelo vice-presidente ACM Neto e tem um pré-candidato ao Planalto, também incluído na executiva e no diretório nacional: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Há muitos homens de princípios nos partidos políticos, mas não há nenhum partido de princípios e a Desunião Brasil não foge a essa regra.
Um partido político não se define por seus membros corruptos e por suas vielas criminosas, mas sim pela essência do interesse verdadeiro em lutar por todos aqueles que são esmagados pela desigualdade. A Desunião Brasil vai além disso. Segundo deixou a entender seu até então eterno dirigente Luciano Bivar, tem integrantes corruptos e age pelas vielas criminosas.
Convenção ilegal – Para o deputado Luciano Bivar, a vitória de Rueda não vale legalmente. Ele disse ao blog que reconhece a eleição do partido que marcou a vitória da chapa de Antonio Rueda e ACM Neto. “Eu suspendi as eleições. Essa ‘convenção’ feita hoje é juridicamente ilegal. Tenho mandato até maio e sou o presidente. O resto é fantasia”, afirmou. Segundo ele, não há ata de registro da eleição de ontem e, portanto, diante da lei e do partido, Rueda não pode ser considerado o novo presidente.
Vai brigar dentro do partido – Bivar disse, ainda, que, justamente por não reconhecer a eleição, não deixará o partido. Declarou que tampouco acionaria o jurídico, pois “a eleição não aconteceu”. Antonio Rueda anunciou a vitória da chapa que encabeça no final da tarde de ontem, ao lado do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que será o novo vice. Rueda teve o apoio dos quatro governadores do partido e dos representantes do União na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Interlocução mais aberta – Na convenção, que Bivar não reconhece, Rueda venceu por unanimidade, teve 30 votos. Depois do anúncio da vitória, destacou a união do partido para que as eleições fossem realizadas. “O partido terá o exercício diário de diálogo e democracia. Na minha empresa funciona assim. A interlocução, que era bem mais em off, vai ser mais aberta”, disse Rueda. O político teve o apoio de mais de 50 deputados federais, todos os senadores e quatro governadores, “demonstrando a união” da sigla.
Federação ameaçada – Segundo o jornalista Augusto Tenório, que atua na coluna política do Estadão ao lado de Roseann Kennedy, até o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), atuou para tentar conter a crise no União Brasil, partido com o qual o Progressista iniciou tratativas para formar uma federação. A avaliação no PP é que, se o conflito no União não for superado, as negociações pela federação, que já são difíceis, podem afundar de vez.
Padre se alinha ao poder – Soube, ontem, que o prefeito de Gravatá, Padre Joselito, está deixando o PSB por divergências com o deputado Waldemar Borges, aliado histórico, mas com quem rompeu. Deve ingressar num partido alinhado ao Palácio do Campo das Princesas, com quem já iniciou as tratativas. Pesquisas internas apontam que o padre tem amplas chances de ser reeleito. Resta saber se Joaquim Neto, que deixou o IPA para disputar a Prefeitura, vai deixar a governadora selar essa aliança.
CURTAS
VERSÃO DE JOAQUIM – Em contato com o blog, Joaquim Neto negou a versão de que teria sido demitido pela governadora. Ressaltou que deixou o IPA para entrar na briga pela Prefeitura de Gravatá com o apoio de Raquel. “Apostei e aposto no projeto de Raquel. Vai dar certo”, disse.
CAVALINHO DA CHUVA 1 – Se Jarbas Filho, o Jarbinhas, deputado estadual pelo MDB, fazia planos de assumir uma pasta no primeiro escalão de Raquel, a esta altura, com a jogada de mestre ontem, do prefeito João Campos, de chamar o deputado Diogo Moraes para secretário, o herdeiro de Jarbas pode tirar o cavalinho da chuva.
CAVALINHO DA CHUVA 2 – É que Diogo abre vaga na Alepe para o vereador Davi Muniz, primeiro suplente do PSB. Como Jarbinhas foi eleito pelo PSB, embora hoje esteja no MDB, se Raquel o nomear, quem assume na Alepe é o segundo suplente Júnior Matuto, ex-prefeito de Paulista, aliado de primeira hora de João e da família Campos. Raquel teria tamanha ousadia?
Perguntar não ofende: Como Raquel vai descascar agora o abacaxi do MDB?
Fonte : Blog do Magno Martins.
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