segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Futebol vai virar espetáculo

O governo de Pernambuco subsidia os ingressos no futebol profissional do estado desde 1998, considerando a troca de notas fiscais (formato adotado no primeiro ano e na atual temporada, implantada em 2007) e a troca de alimentos não perecíveis (entre 1999 e 2006). É uma medida que visa popularizar os jogos dos grandes clubes diante da parcela mais pobre da população. O Santa Cruz, por exemplo, tem direito a 23 mil bilhetes da campanha Todos com a Nota na Série D. Num futuro não muito distante, esse perfil de ingresso deverá sofrer uma grande mudança com a inauguração da arena pernambucana para a Copa do Mundo de 2014, que vem sendo construída em São Lourenço da Mata.

De acordo com o estudo encomendado pelo governo do estado junto à consultoria inglesa Comperio Research, apresentado ontem com exclusividade pelo Superesportes, a renda mensal mínima de uma família que for ao jogo na arena seria de R$ 1.600. Projeção bem acima do salário mínimo do Brasil, de R$ 510, receita de muitos torcedores que frequentam os jogos atualmente com o ingresso promocional.

Esse dado faz parte do levantamento do perfil dos torcedores feito para o relatório, que foi anexado ao edital de licitação da arena, vencido pelo consórcio liderado pela Odebrecht. O gráfico foi montado a partir das entrevistas com 88 corporativas e 288 consumidores regulares. Essas 288 pessoas, por sinal, foram selecionadas após uma triagem de 642 entrevistados, já que foram as únicas que demonstraram interesse em adquirir assentos na arena.

De acordo com esse levantamento, 51,3% das pessoas predispostas a frequentar a arena da Copa, e torcedores de Náutico, Santa Cruz ou Sport, estão numa faixa de renda mensal domiciliar entre R$ 1.600 e R$ 4.999. Esse segmento da torcida local é justamente a menor faixa na tabulação desenvolvida pela Comperio Research. Ou seja, segundo a projeção inicial da futura arena multiuso em São Lourenço da Mata, mais da metade dos torcedores teria acesso restrito ao pacote de jogos, considerando as entradas mais baratas possíveis. Trata-se da provável carga para a arquibancada superior do estádio, cujo projeto aponta um total de 22.162 cadeiras.

Esteriótipos - Os torcedores dos clubes locais passaram por uma espécie de avaliação na pesquisa. Enquanto os alvirrubros foram taxados de "sensíveis aos resultados", os tricolores foram considerados os mais dedicados, pois o desempenho do time não reflete na presença em campo. Já os rubro-negros aparecem como os torcedores que mais acompanham o time, seja qual for a competição.

Em relação ao movimento das empresas no novo estádio, o valor mínimo do faturamento anual é de R$ 1,7 milhão e pelo menos 20 funcionários no pacote. Um dado curioso é que toda a projeção levou em conta apenas empresas do Recife, com renda anual entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,5 bilhão. Esse grupo, inserido nos ingressos corporativos, tende a fazer parte dos camarotes e assentos dos setores business seats e premium, ambos no anel inferior e supervalorizados. De fato, futebol vai virar espetáculo.



Cassio Zirpoli - Diario de Pernambuco

Um comentário:

  1. Ainda bem!

    O estadio não caberá mais do que 50.000 torcedores.

    E se o preço do ingresso for barato? Vai caber todo mundo?

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