segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ettore Labanca: Guerra pode ajudar Eduardo

Um dos conselheiros mais próximos ao governador Eduardo Campos (PSB), o prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), alerta, nesta entrevista, para a necessidade de o socialista não entrar em atrito com o senador Sérgio Guerra (PSDB) na campanha eleitoral. Mesmo apoiando a petista Dilma Rousseff, o socialista não descarta a vitória de José Serra (PSDB) na corrida presidencial. “Se amanhã acontecer a vitória de José Serra, Sérgio pode ser esse interlocutor que Pernambuco precisa junto ao Governo Federal”, pontua, argumentando que o tucano deve concorrer à Câmara Federal para ter tempo de coordenar a campanha presidencial do aliado. Quanto à disputa local, Ettore prevê vitória fácil de Eduardo, reafirmando que “o tempo de Jarbas Vasconcelos (PMDB) já passou”.

Como o senhor avalia o cenário na oposição a poucos dias do anúncio do senador Jarbas. Acredita que ele será candidato?

O que está acontecendo com a oposição, agora, aconteceu em 2002, quando Jarbas era um governador bem avaliado, com um bom primeiro mandato. Ele chegou para a reeleição como um dos governadores mais bem avaliados do País. E a oposição ficou totalmente desequilibrada, desentrosada. E aconteceu a vitória de Jarbas contra uma oposição esfacelada. Esse filme é exatamente agora o que está vivenciando o Governo Eduardo, um dos mais bem avaliados do Brasil, com uma administração altamente positiva. A oposição ficou desarticulada em função desse trabalho que Eduardo está fazendo.

Então, a desarticulação não seria uma coisa cíclica, mas uma decorrência do trabalho realizado pelo governador?

Em decorrência do trabalho. Esse é o tempo de Eduardo, agora, como foi o tempo de Jarbas em 2002. O tempo de Jarbas passou. Agora, o tempo é de Eduardo. Ele está fazendo um excelente trabalho e a reeleição dele é a garantia da continuidade desse trabalho. Não é uma questão só partidária, não. É uma questão de reconhecimento de uma gestão eficiente. Pernambuco nunca viveu um momento de tanto otimismo e de tanto desenvolvimento. Na questão do emprego, do desenvolvimento econômico, das obras de infraestrutura. É certo que o presidente Lula ajudou muito a Eduardo, mas não podemos negar que o presidente Fernando Henrique (PSDB) ajudou Jarbas também, naquele primeiro mandato dele. Então, é um filme que nós já vivemos em 2002 e estamos vivendo agora.

Mas o senhor acredita que Jarbas será candidato?

Se for, vai ter uma decepção eleitoral.
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E quanto ao senador Sérgio Guerra, acha que ele vai para a reeleição ou para a Câmara Federal?

Sérgio tem um grande serviço a prestar não só a Pernambuco, mas também ao País. Ele hoje faz a coordenação política do (ex) governador Serra. Se amanhã acontecer a vitória de José Serra, Sérgio pode ser esse interlocutor que Pernambuco precisa junto ao Governo Federal. Então, não acredito que ele terá tempo para coordenar a campanha de Serra e para a sua campanha aqui para senador.

Essa possibilidade de interlocução junto a Serra é que faz Eduardo e Guerra não se atacarem?

O estilo de Eduardo Campos é de conversar com todos. Ele não coloca a questão partidária, ele coloca a questão de Pernambuco à frente. Sérgio faz isso também. Se amanhã acontecer de Serra ser presidente e Eduardo governador, Sérgio Guerra será esse interlocutor para trazer as garantias da obras, do trabalho para Pernambuco. Ele tem grandeza para isso.

Como o senhor avalia Dilma Rousseff?

Dilma tem dois pontos altamente positivos. Primeiro: sua competência, sua capacidade de trabalho; segundo, o apoio de Lula. É difícil você transferir voto, mas é possível. Não é à toa que ela está, hoje, praticamente empatada com Serra. Não é por seus votos, mas pelos votos de Lula. Ela é uma gestora eficiente, uma mulher que trabalha.

E quanto ao projeto do seu partido de lançar o deputado federal Ciro Gomes?

Acho que agora não é o tempo dele. O tempo agora é de Dilma. É importante todas as forças se unirem nesse projeto do presidente Lula, que foi um presidente que deu uma verdadeira dimensão a Pernambuco e ao Nordeste. Nós temos que ser solidários com ele nessa hora.

Por que a demora, então, de Eduardo em anunciar a retirada de Ciro?

Ele está ouvindo o partido, ele não é dono do partido. O partido tem o seu conselho, a sua diretoria. A decisão não é de Eduardo, mas do partido como um todo. E ele quer tomar essa decisão bem democrática, bem ampla, para que não tenha problema.

O senhor foi secretário de Relações Institucionais da atual gestão e hoje é um dos principais conselheiros do governador. Continua com a tarefa de fazer a intermediação entre o Governo e os deputados?

O governador é quem me dá conselhos (risos). No que eu posso tenho ajudado o governador. Como o Governo tem dado certo, as coisas ficam mais fáceis. A eficiência da gestão de Eduardo é uma realidade. Não é à toa que o povo está aprovando a gestão em 82%. Porque o Governo tem feito um trabalho de base. Se você olhar a questão da educação, o Governo restaurou todas as escolas do Estado, praticamente. Na questão da saúde, os três hospitais e as Upas, que também estão em construção. Sem contar a emergência da Restauração, são mais 85 leitos.

Essas ações facilitam o seu trabalho?

A relação do Governo com a Assembleia, do Executivo com o Legislativo foi mais do que institucional, foi uma relação de amizade e de muita transparência. Onde a própria oposição não sentiu dificuldades nessa relação. O que eles querem de informação nunca foi negado. Só para ter uma ideia, nós atendemos a todos os pedidos de informação da bancada de oposição. Aí você pergunta: ‘não era obrigação?’ Mas no Governo passado não atendia pedido de informação da oposição.

O senhor administra São Lourenço da Mata há pouco mais de um ano. Quais os avanços que destaca nesse período?

Assumi em um período de grande dificuldade pela queda da arrecadação, tanto do FPM quanto do ICMS. Só para se ter uma ideia, nós não cumprimos nem a previsão orçamentária de 2009. Foi bem abaixo, quando o normal seria ultrapassar. Mesmo com essa dificuldade conseguimos investir muito em saúde e educação. Fizemos a reforma de todas as escolas da cidade, além da construção de uma nova escola. Abrimos novas salas de aula, aumentamos em 48% as matrículas municipais, fizemos o concurso de professor, pagamos o piso nacional. Na saúde, contratamos 61 profissionais, entre dentistas e médicos, para atender no hospital e ao centro de saúde. Já foi entregue a ponte do Penedo, que faz a ligação da PE-05 com cinco bairros de São Lourenço, inclusive com a implantação de um terminal rodoviário.

Quais as ações previstas para este ano?

Nós assinamos a ordem de serviço para pavimentar 72 ruas, principalmente nos bairros da periferia, onde vamos trabalhar a questão do acesso à essas localidades, que é muito penalizado. Fizemos uma grande parceria com o Governo do Estado em ações como o distrito industrial para pequenas e médias empresas, que atrairá novas fábricas. Várias já estão interessadas, tem mais de 40 propostas, principalmente as não poluentes. Tem a questão do terminal de toyoteiros, uma obra importante porque são centenas de toyoteiros que vêm de todos os municípios da Mata Norte e fazem o terminal em São Lourenço. Eles ficam no meio da rua, não têm lugar para se organizar. Outra obra importante é a Unidade de Pronto Atendimento, que estamos entregando agora no dia 30. Em maio, vamos dar início a uma Academia das Cidades e a um parque ao lado.

Como estão as obras para o Complexo da Copa? Há informações de que os prazos não serão cumpridos...

O projeto está em consonância ao caderno da FIFA, exatamente igual. Não há atraso. O que a FIFA tem determinado, o Governo do Estado está fielmente cumprindo. Pode ser atraso de sete, oito dias, mas tudo dentro dos conformes. Já começou a duplicação da BR-408 - a Cidade da Copa fica na margem da rodovia. Daqui mais uma semana vai ser aberta a licitação para construção do estádio, que deve ficar pronto em dezembro de 2012 para a Copa das Confederações.
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Da Folha de Pernambuco

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