Desde que o médico Humberto Antunes deixou a Secretaria de Saúde em janeiro, a prefeitura não conseguiu fixar substituto. O prefeito Ettore Labanca (PTB) reconhece que a rede não atende plenamente a sua população. Mas garante que é bem melhor do que no passado e que novos serviços estão sendo criados, apesar das limitações financeiras da prefeitura. “Investimos no ano passado 34% em saúde, quando a Constituição exige 15% do orçamento municipal. Mesmo assim, não conseguimos fazer tudo que desejamos, por isso estamos enxugando despesas e buscando apoio do governo do Estado”, afirma.
A dona de casa Clécia Soares teve sua filha, há dois meses, no Recife, porque não há maternidade pública na cidade. O serviço funcionava no Hospital Petronila Campos, que fechou para reforma há mais de quatro meses. “Espero que o hospital reabra, mas com qualidade”, diz. Ela se queixa do longo deslocamento até a UPA, quando precisa de atendimento de urgência.
Maria das Dores Santos, outra moradora do Parque Capibaribe, tem rosário de queixas. “Muitas vezes desisto de ir à UPA, pois não tenho a passagem de duas Kombis.” Ela diz ainda que não consegue fazer exame ginecológico preventivo do câncer do útero. Para Maria Tereza da Silva, também residente na área, o sofrimento é maior porque sem o hospital qualquer internação tem que ser feita fora de São Lourenço. “Remédios controlados também estão faltando nos postos”.
Segundo servidores, há unidades do Saúde da Família em que os médicos só trabalham quatro dias na semana e num só turno, quando a jornada deveria ser integral, pela manhã e à tarde. A única ambulância do Samu também está quebrada. Queixas constantes de usuários e dúvidas quanto ao cumprimento de ações já planejadas por causa da ausência de secretário levaram o Conselho Municipal de Saúde a elaborar carta pública, já encaminhada ao Ministério Público, Câmara de Vereadores e ao Conselho Estadual de Saúde.
“Esperamos o mais breve possível que a prefeitura discuta com o Conselho Municipal a reabertura do Petronila Campos e a forma de funcionamento da unidade”, diz Carlos Freitas, representante dos usuários do SUS. Ele lembra que a mudança constante de secretário de Saúde acarreta descontinuidade das políticas. Além dos problemas relatados, o município carece de Centro de Atenção Psicossocial, Centro de Triagem e Aconselhamento em DST/aids e de residências terapêuticas para portadores de doença mental.
O prefeito Ettore Labanca garante que já conseguiu novo secretário de Saúde. “A Câmara de Vereadores limita o salário de um secretário a R$ 4.500. Os médicos não querem assumir o cargo por esse valor”, revela. Quanto aos médicos que estão em falta na rede, explica que se trata de um problema global dos municípios. Os profissionais não se interessam mesmo com um salário maior, daí a opção de permitir que trabalhem numa jornada menor para não deixar a população desassistida.
Fonte: Do JC Online
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