Categoria não aceita nova gerência do plano de sáude e deflagra greve por tempo indeterminado |
A greve da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) em Pernambuco, deflagrada na noite de ontem (29), por tempo indeterminado, pode se estender bem mais do que a população imagina. Nesta quinta-feira (30), o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos de Pernambuco (Sintect-PE) informou que a adesão à paralisação, sem margem de erro, é de 90% do quadro dos funcionários, que no estado são cerca de 4 mil.
Em entrevista ao Diario, o secretário geral do Sintect-PE, Halisson Tenório, disse que alguns setores dos Correios, que historicamente em outras campanhas salariais não cruzavam os braços, desta vez não aceitaram a modificação no plano de saúde e se juntaram ao movimento grevista. Segundo ele, um exemplo é o pessoal do Especiais de Entrega (CEE), que também parou as atividades.
“Algumas agências que também não tinham histórico de aderir aos movimentos grevistas resolveram apoiar os companheiros e fecharam as portas, caso de Garanhuns. Além disso, tembém recebemos apoio de setores administrativos, como gerência de vendas e recursos humanos”, explicou Tenório.
Na manhã de hoje, cerca de 40 pessoas protestaram em frente ao Centro de Cartas e Encomendas do Recife, localizado no bairro do Bongi. O grupo de grevistas entoou gritos contra os carros que entravam no local para o expediente de trabalho. No entanto, segundo a direção do movimento, não houve problemas e a manifestação ocorreu de forma pacífica.
De acordo com o Sintect-PE, a principal causa da greve é a transferência, pela ECT, da gerência do atual plano de saúde dos funcionários (Correios Saúde) para outra empresa privada. Na avaliação do sindicato, o ato foi realizado de forma unilateral, ao contrário do que determinou o Tribunal Superior do Trabalho (TST), no último dissídio coletivo. “O acordo foi que, em caso de mudança, esta seria feita de forma paritária, entre patrões e empregados, o que não ocorreu com a transferência da gerência para a Postal Saúde, submetida às normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, ressaltou Tenório.
O sindicato alega, ainda, que o novo plano não garante como dependentes os pais dos funcionários e não cobre os aposentados. Além disso, afirmam que a mudança criou um pagamento mensal, independente se os empregados usem ou não o plano. A categoria reivindica a manutenção do plano Correios Saúde, conforme determinação do TST emitida após o fim da última paralisação da categoria, em outubro de 2013. Não há qualquer reivindicação referente ao salário dos funcionários. O rendimento inicial de um funcionário da ECT no estado é de R$ 1.089 atualmente.
Segundo o sindicato que representa a classe, a decisão pela greve foi feita após assembleia, realizada na sede do sindicato do órgão. Com a paralisação, estão suspensos os serviços de distribuição e entrega de correspondências por tempo indeterminado. “A audiência para resolver essa questão já foi adiada cinco vezes e a próxima está marcada para o dia 8 de abril, o que não aceitamos. A paralisação está ocorrendo no sentido de sensibilizar o TST para antecipar esse debate e resolver o impasse”, completou Tenório.
O secretário geral do Sintect-PE disse, ainda, que a categoria vai aguardar o parecer do TST para definir o mínimo de funcionários (30%) garantidos por lei. O comando da greve volta a se reunir novamente, na tarde de hoje, em assembleia marcada para as 16h, em frente à sede dos Correios do centro do Recife, na Avenida Guararapes. O movimento promete realizar uma passeata pelas ruas da capital pernambucana na próxima sexta-feira (31).
Resposta
Em nota divulgada à imprensa no início da tarde de hoje, a assessoria de comunicação dos Correios informou que as agências do órgão estão funcionando em todo o Brasil normalmente, “com 96,12% do efetivo total da empresa trabalhando, o que corresponde a 121.515 empregados”. O número, diz a nota, corresponde a aferição de presença realizada por meio de sistema eletrônico de cartão de ponto.
O documento também informa que, “em Pernambuco, 77,5% do efetivo total da empresa está presente, o que corresponde a 2.930 empregados” em expediente. De acordo com a assessoria dos Correios, a maior parte dos 35 sindicatos não decretou paralisação. Nas localidades em que as assembleias definiram por paralisação na noite de ontem, continua a nota, “não há adesão significativa ao movimento nesses locais e os Correios já estão implantando seu plano de contingência e garantindo o funcionamento normal das atividades.”
A assessoria também destacou que a empresa tem se reunido mensalmente com os representantes dos trabalhadores de todo o Brasil na Mesa Nacional de Negociação Permanente e que não há justificativa para paralisações que não representam a vontade da maioria dos empregados dos Correios. Segundo a assessoria, as assembleias realizadas ontem pelos 14 sindicatos contaram com a presença de apenas 1,32% do efetivo da empresa.
Sobre a principal questão alegada para a greve, a nota enviada destaca que “os Correios estão cumprindo o que foi definido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) no ano passado a respeito do plano de saúde da empresa: todos os benefícios estão garantidos, incluindo dependentes cadastrados, porcentagem de compartilhamento, não cobrança de mensalidade ou tarifas, rede credenciada e cobertura de procedimentos entre outros”.
Fonte:Diario de PE.
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