domingo, 25 de dezembro de 2011

O sonho com a bola nos pés

A sensação foi de orgulho e encantamento. Não é todo dia que a gente se depara com uma criança de 12 anos, de origem humilde, cheia de sonhos, mas com os pés no chão. Amadurecida para a pouca idade. O treinador Flávio Leonardo Lira, 34, já havia falado da satisfação em tê-lo no grupo dos alunos que frenquentam o projeto Sensação - Craque na bola, craque na escola -, no bairro de Tiúma, em São Lourenço da Mata.

“É um menino carente, bem quietinho e dedicado. E me ganhou de vez porque gosta de estudar”, explicou o ex-jogador de futebol profissional, Flávio, principal responsável pelo projeto. Kiezinha é o apelido do garoto de olhinhos puxados e traços indígenas, que chama a atenção não somente quando está no ataque, com a bola no pé. Seu nome mesmo é José de Lima, aluno do 8º ano do ensino fundamental na Escola Cleto Campelo.

Kiezinha foge do esteriótipo tão comum entre as crianças que sonham em se transformar em jogador de futebol. Ele não abre mão do compromisso com os estudos. Basta pouco tempo de diálogo, para perceber o quanto ele é articulado e emprega corretamente, sem esforço, o português, apesar da timidez. A aprovação para o 9º ano estava dependendo apenas do resultado de um trabalho na disciplina de geografia.

“Estou precisando apenas de dois pontos para passar. Não teve prova na quarta unidade. A professora mandou fazer o trabalho”, frisou o garoto, que reside no Loteamento Vila Dourada, distante cerca de 6km do local onde os treinos de futebol são realizados. Para chegar ao campo, localizado em frente ao Sesc de Tiúma, Kiezinha levanta cedo. Às 6h da manhã, ele está de pé. Toma um copo de leite, come umas bolachinhas e segue para uma parada de ônibus, junto com outros colegas do projeto, e aguarda a passagem do transporte alternativo. Com o uniforme da equipe, ele escuta atentamente as instruções dos “professores”.

Quando o treino coletivo se inicia, Kiezinha, que ganhou esse nome em alusão ao atacante Kieza, artilheiro da Série B do Brasileirão 2011, pelo Náutico. “Não quero parar de estudar, mas quero mesmo ser jogador de futebol”, avisou Kiezinha.

Fonte:Diario de Pernambuco.

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