segunda-feira, 11 de maio de 2009

“O tempo agora é de Eduardo”

Entrevista: Ettore Labanca (PSB) "Prefeito de São Lourenço da Mata"

Prefeito de São Lourenço da Mata e ex-secretário de Relações Institucionais, Ettore Labanca (PSB) assume um papel na Região Metropolitana do Recife (RMR) como sendo um dos principais articuladores políticos do governador Eduardo Campos (PSB). Nessa condição, ele dá um alerta aos adversários dizendo que o tempo agora é de Eduardo Campos. Ettore ainda lança mais uma provocação aos oposicionistas quando fala que é natural a movimentação deles pelo Estado, mas que não adianta nada porque não há o que se corrigir. Sobre a administração municipal, o gestor ressalta dificuldades impostas pela herança maldita.

O senhor foi secretário de Articulação Política do Governo Eduardo Campos (PSB) e, nos últimos dias, a oposição vem acusando Governo de estelionato eleitoral na Assembleia Legislativa. Como analisa essa ofensiva?
É natural. Esse filme eu vi em 2002. (O senador) Jarbas Vasconcelos (PMDB) também tinha um percentual elevado de aprovação no seu governo, daí foi candidato à reeleição e ganhou muito fácil. É o caso do governador Eduardo Campos. Ele tem tido uma administração eficiente, altamente positiva e aprovada. É fácil para ele conduzir esse processo de visita ao interior do Estado. Em cada município onde chega, Eduardo não só faz política - e eu não vou querer aqui ser hipócrita e dizer que não faz política -, como também inaugura as obras do seu governo. Pernambuco tem sido o recordista em crescimento não apenas no Nordeste, mas no Brasil. E isso temos que respeitar.

Como era a relação da prefeitura (Ettore já administrou São Lourenço entre 1997 e 2000) com o Governo Jarbas? Havia muitas parcerias?
Não. Era zero. Dou-me muito bem com Jarbas pessoalmente, mas como prefeito eu nunca fui recebido por Jarbas, ele nunca fez uma obra em São Lourenço da Mata. Agora, ele tinha razão porque o grupo que o apoiava era meu adversário. Então, naturalmente que ele não tinha ligações políticas comigo, nem administrativas.

O senhor acredita que essa posição de Sérgio Guerra de oposicionista e, ao mesmo tempo, de amigo de Eduardo pode gerar bons resultados para ele? É uma estratégia?
É uma estratégia. Ele sabe que Jarbas não é o candidato da oposição. A oposição não tem candidato. Vai ser um Deus nos acuda e Sérgio Guerra está no Deus nos acuda. Ele está querendo ver se consegue se reeleger senador no meio de todo mundo. No final das contas, ele será candidato a deputado federal. (...) As pesquisas apontam a aprovação de Eduardo Campos num patamar imbatível. Não só com relação à eficiência do governo, mas com relação ao voto. É natural que a oposição não queira ter um candidato para disputar com Eduardo.

Essas andanças da oposição pelo Estado são válidas como instrumento de fiscalização?
É bom, mas não tem o que fiscalizar porque o trabalho é bem feito. Tem que se compreender o seguinte: o tempo agora é de Eduardo. Está fazendo um governo eficiente. Então, a oposição tem que trabalhar, espernear, criticar. O povo sabe que a administração está sendo positiva e vai continuar com ela por mais quatro anos.

Ano que vem teremos eleição presidencial. Vê a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com bons olhos ou o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) seria uma boa opção?
A melhor candidatura é a da ministra Dilma Rousseff. Por três razões. Primeiro, pela mulher extremamente competente. Ela conhece hoje este País, seus projetos, seus problemas. A mulher eficiente. Segundo, é uma oportunidade que o País tem de eleger uma mulher, né? E o terceiro ponto é que a história dela é muito bonita. História de vida, história política, história de luta. E isso vai pesar muito durante a campanha. O Ciro Gomes é extremamente inteligente, mas não tem ainda equilíbrio emocional para sustentar uma campanha dessa.

Assim como Jaboatão, em São Lourenço da Mata se falou muito em herança maldita. Qual foi o tamanho dessa herança deixada pelo seu antecessor e que dificuldades trouxe para o início desta gestão?
A herança foi eu receber a diretoria da Celpe me cobrando um débito de R$ 8,5 milhões de contas de luz atrasadas, nos oito anos que eles passaram na prefeitura. Claro que entrei com uma ação na Justiça e cancelei (a dívida). Como é que eu vou pagar R$ 8,5 milhões que não sei de onde são essas contas? Por que não cobraram na administração anterior? Por que não fizeram um acordo na administração anterior? Isso sem falar no INSS atrasado, o São Lourenço Prev, onde eles aplicaram uma corretora que não era credenciada pelo Banco Central e deram prejuízo. Hoje o Ministério Público está acionando os antigos operadores de despesa. Encontrei uma centena de cheques sem fundos da prefeitura, com fornecedores, empreiteiras, querendo receber. Quer dizer, um caos absurdo. Se eu fosse me preocupar só com isso, não estaria administrando. Mas baixei um decreto onde cancelei esses contratos, todos esses débitos, para que cada um fosse à Justiça para verificar o direito de cada um.

E a Copa do Mundo? Em princípio, ninguém esperava que o local escolhido fosse São Lourenço. Agora, falta apenas o anúncio da Fifa sobre as subsedes.
São Lourenço não foi escolhido por decisão política. Há quem diga que questão de amizade com o governador, não tem nada disso. O Governo do Estado montou uma equipe para estudar e processar a documentação que a Fifa enviou para as cidades que se candidatem a ser subsedes. E essa equipe escolheu São Lourenço da Mata por várias razões. A primeira razão é porque existe um terreno do Governo do Estado de 270 hectares. A segunda razão é que São Lourenço vai estar na confluência de três BRs, que são a BR-232, BR-408 e BR-101, sem falar em dois corredores de transporte coletivo. O terceiro ponto é que a estação de metrô do TIP fica praticamente ao lado da Cidade da Copa. Então, só vamos construir a última estação de metrô de Cosme e Damião, um trem de alta velocidade. E lá não vai ser apenas um estádio, é um complexo onde será construído o Hospital Metropolitano Oeste (HMO), vão ser construídas nove mil unidades habitacionais direcionadas nesse programa do Governo Federal (Minha Casa, Minha Vida), que foi apresentado pelo presidente Lula (PT), para os funcionários públicos.

Com que tipo de contrapartida a prefeitura entra nesse investimento?
A contrapartida é nos serviços que vamos prestar na cidade. Serviço de educação, serviços de saúde, a limpeza urbana. Enfim, a prefeitura dará continuidade aos serviços.

Vários municípios sofreram com a perda de recursos do FPM. Em São Lourenço da Mata, o discurso era de que a gestão atual fez cortes nas despesas de custeio e não estava sofrendo tanto. Foi assim mesmo que aconteceu?
Primeiro, nós encontramos 1.600 cargos comissionados. Reduzimos isso a 40%. E dos cargos comissionados que ficamos, em torno de 450, só nomeamos cerca de 280 a 290. Então, fizemos uma grande economia na questão dos cargos comissionados. E também fizemos uma capitalização dos três primeiros meses, onde enxugamos a máquina para ter esse dinheiro para recompensar as perdas que teríamos depois. Com isso, tivemos possibilidade de dar um aumento aos professores. Hoje, São Lourenço da Mata paga o piso nacional do salário aos professores. Nenhum município está pagando, só o nosso. Fizemos esse esforço concentrado para atender a Lei Federal que entrará em vigor a partir de 2010.

Como o senhor vê a iniciativa do presidente Lula (PT) em devolver R$ 1 bilhão do FPM mesmo sem a correção calculada sobre o IPCA?
Não é o ideal, mas pelo menos é um paliativo que vai melhorar a situação das prefeituras, principalmente daquelas cujo FPM representa 80% a 90% da arrecadação. Não é o caso de São Lourenço, que está em torno de 38% a 40%.

A proposta recente de renegociar a dívida dos prefeitos com o INSS também está sendo vista com bons olhos?
Isso também ajudou. Todos os municípios devem ao INSS e a gente não sabe nem porque está devendo. São Lourenço tem uma dívida suportável com o INSS. Não é tão grande como outros municípios. Temos condição de fazer esse pagamento tranquilamente. Agora, tem cidade que por falta de informação, o INSS só vem acionar anos depois. E no que aciona anos depois, colocando juros e multa, torna o município praticamente insustentável. Esse parcelamento em 240 meses que o presidente fez vai melhorar a situação das prefeituras. Inclusive, fazendo com que elas tenham condição de se habilitar para receber projetos federais.

Como se dá o enfrentamento com a oposição?
Não tive problema. Dos dez, seis vereadores são aliados. E tem mais um vereador que tem me ajudado do lado da oposição. Mesmo os três vereadores, que uma é a irmã do ex-prefeito, não têm me dado trabalho porque estamos fazendo um trabalho com transparência. Eu discuto com a Câmara qualquer medida para saber se existe alguma discordância. Só tenho mandado assuntos de interesse da comunidade.

Fonte: Folha PE

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