O Governo do Estado modificou, nesta terça-feira, o plano de mobilidadeelaborado e aprovado juntamente com a Fifa por meses. Isso aconteceu após os graves problemas na primeira partida da Copa das Confederações realizada na Arena Pernambuco, estádio recentemente construído em São Lourenço da Mata, que fica a pouco mais de 15 quilômetros da Universidade Federal de Pernambuco. A principal mudança é o funcionamento provisório de uma linha de ônibus entre a UFPE e a Arena Pernambuco. Com isso, a instituição terá de paralisar as atividades nesta quarta-feira.
O preço das passagens do trajeto, de pouco mais de 15 quilômetros para as duas partidas restantes da Copa das Confederações (Itália e Japão jogam nesta quarta, a partir das 19h, e Uruguai e Taiti se enfrentar às 16h, no próximo domingo), será R$10. Uma redução no valor das passagens de valor 100 vezes inferior é o mote de uma manifestação que vem sendo organizada por estudantes e já tem mais de 80.000 pessoas confirmadas através das redes sociais. O evento "À luta, Recife: pelo transporte público de qualidade" é um dos ambientes da internet em que fervilham as discussões sobre mobilização marcada para quinta-feira, a partir das 16h, na Praça do Derby (Centro do Recife).
O governador Eduardo Campos recentemente anunciou a redução de R$ 0,10 centavos para todos os anéis (A, B, D e G) do sistema público de ônibus. Por exemplo, a tarifa A, que hoje custa R$ 2,25, com a redução, será de R$ 2,15. A redução de preços começará a valer a partir desta quinta-feira, justamente o dia marcado para os protestos. "Não dá pra negar os problemas (de mobilidade) que houve. As pessoas têm razão em reclamar. Temos de solucionar esses pontos", admitiu o governador ao Diario de Pernambuco. O gestor não participou das duas coletivas sobre as falhas no projeto de mobilidade da Arena Pernambuco, realizadas na segunda e terça-feira.
Professor da UFPE, coordenador da Associação Metropolitana dos Ciclistas do Grande Recife e integrante do grupo Direitos Urbanos, o doutor em Filosofia Erico Andrade foi pego de surpresa pela notícia de que não haverá aulas amanhã na instituição. “Acho que a mudança no plano de mobilidade repete a lógica da privatização do transporte e das vias públicas, pela valorização do transporte individual da maneira mais perversa, porque pega um transporte aparentemente coletivo que é um ônibus, para deixá-lo a serviço dos interesses privados e especificamente dos interesses da Fifa”.
Ele, no entanto, evita diminuir as questões que estão mobilizando milhares de pessoas no Recife, desde a realização do primeiro #ocupeestelita, iniciativa que foi idealizada por integrantes do grupo Direitos Urbanos através da internet no início de 2012. “O ponto é que uma redução pequena nas passagens não vai alterar a importância do movimento. É uma discussão muito mais ampla do que aumentar ou diminuir o preço da passagem”, explica o professor.
“Fiquei indignado total e irrestritamente porque o jogo não é da Seleção Brasileira, não tem uma relevância tão enorme para nós recifenses, e você subordina o interesse público ao privado. Primeiro por colocar o transporte a favor de uma entidade privada. E ainda pior, está paralisando as atividades de uma instituição pública de ensino e pesquisa em nome de uma entidade, que é a Fifa, que é uma entidade privada. A gente não pode esquecer que a Fifa lucra com isso. O que está por trás disso tudo é a subordinação do público ao privado”, encerra.
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