A Estação Cosme e Damião do metrô do Recife, situada no bairro da Várzea, Zona Oeste da capital, usada pelos torcedores com destino à Arena Pernambuco, foi alvo de críticas do engenheiro e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernando Jordão. Convidado pelo G1, o especialista visitou o espaço, que já havia recebido reclamações por parte da torcida que passou pelo local para assistir ao primeiro jogo da Copa das Confederações no estádio, em São Lourenço da Mata, Grande Recife. "Eu não fui [à partida do último domingo] porque estava prevendo a confusão que seria", comentou o engenheiro. Jordão apontou falhas e disse que são necessários ajustes para a estação receber os passageiros com conforto.
Escada estreita para entrar e sair da plataforma do metrô - sendo a única opção de escoamento do fluxo de passageiros, e elevador pequeno foram os principais pontos criticados pelos torcedores, que se espremeram no local, principalmente na volta para casa após a partida entre Espanha e Uruguai. Para justificar a superlotação no espaço, o governo estadual disse que houve falta de sincronia entre as viagens de trens e dos ônibus circulares que faziam a ligação ao estádio.
Durante a visita, o engenheiro ficou impressionado com a dimensão da Cosme e Damião, que segundo ele não condiz com o público esperado para as copas das Confederações e do Mundo, em 2014. "A estação com certeza não foi feita esperando um evento desse", afirmou Jordão. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a construção da estação foi planejada ainda antes de o Brasil ser confirmado como sede do Mundial, para atender a 3.000 passageiros ao dia, demanda estimada para dias normais.
Em cálculos rápidos, o engenheiro estimou que a capacidade de um trem é de 1.200 passageiros. Se o intervalo entre as viagens na estação é de seis minutos, são dez trens por hora, resultando em 12.000 pessoas. Para encher ou esvaziar o estádio no último domingo, onde havia quase 42 mil pessoas, seriam necessárias cerca de quatro horas, com intervalos de seis minutos entre os trens. No entanto, de acordo com o Metrô do Recife (Metrorec), o intervalo foi reduzido para três minutos ao final da partida. “É uma demanda alta e concentrada para qualquer metrô, até para aqueles com tecnologia mais moderna, como o de Londres ou de Tóquio", explicou o professor da UFPE.
A plataforma da estação tem 100 metros de comprimento por 3,5 de largura, tamanho padrão adotado em outras estações do Grande Recife. O problema, segundo o professor da UFPE, é que entrada e saída da plataforma tem uma única passagem, com cerca de 4 metros de largura, que fica ainda mais estreita por conta da escada, com cerca de 2,5 metros de largura. “Esse erro é gritante mesmo, não favorece o escoamento da quantidade de passageiros em dias de jogos, e acabou criando esse gargalo. A saída não está compatível com a dimensão da demanda, porque afunila mesmo", disse o especialista que integra o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE).
Para melhorar a mobilidade na estação, Jordão disse que uma das opções seria construir uma rampa, em vez da escada estreita, além de aumentar a quantidade e tamanho dos elevadores – atualmente, só existe um, onde cabe apenas um cadeirante. Para ele, o espaço da estação poderia ser mais “generoso”, embora também seja preciso observar a frequência de saída dos ônibus que levam e trazem os torcedores da Arena, o que contribui para formar aglomerações.
Adequação
Procurada pela reportagem, a assessoria do Metrorec informou que o projeto da Cosme e Damião está em constante mudança para adaptar-se ao fato de ser a parada mais próxima da Arena Pernambuco. Desde o projeto inicial, foram incluídas a instalação de um elevador e a cobertura da estação.
A CBTU/Metrorec acrescentou ainda que a Cosme e Damião receberá, provisoriamente, uma rampa para facilitar a saída dos torcedores que irão acompanhar os últimos dois jogos da Copa das Confederações na Arena Pernambuco, nesta quarta (19) e no domingo (26).
Também devem ser colocadas duas escadas rolantes nos próximos meses de julho e setembro. Por lei, depois que uma empresa é contratada para começar um projeto, só é possível realizar mudanças que representem impacto de 25% no valor do contrato inicial da obra.
Fonte :G1 PE.
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