quarta-feira, 30 de maio de 2012

Os treze trabalhos de Pernambuco


A batalha política para emplacar Pernambuco na Copa das Confederações foi enorme. A articulação começou no ano passado, com direito a um encontro no Rio de Janeiro entre o governador do estado, Eduardo Campos, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. O apoio continuou com o novo mandatário da confederação, José Maria Marin. No entanto, o prazo de entrega da obra sempre foi o grande entrave - ainda é, na verdade. Após seis meses de incertezas, com seguidas notícias sobre a suposta ausência da Arena Pernambuco na lista final de subsedes do evento de 2013, a Fifa confirmou o estádio no torneio. A entidade que comanda o futebol no planeta deu um voto de confiança no dia 22 de maio, durante o congresso na Hungria, e colocou de vez o estádio em São Lourenço da Mata na rota. Fato que mexeu profundamente nas ações adotadas no canteiro de 52 hectares.

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O projeto da Arena Pernambuco foi desenvolvido para que o complexo fosse erguido em até trinta meses. A base era entregar em dezembro do ano que vem. Contudo, o prazo foi antecipado em dez meses devido à corrida pela Copa das Confederações. Para deixar a arena prontinha para a Fifa em fevereiro do próximo ano, foi preciso reavaliar prazos, cálculos, efetivo, etc. Consultada pelo governo do estado, integrante da parceria público-privada, a equipe de engenheiros da Odebrecht Infraestrutura gastou cerca de um mês para produzir um estudo com medidas emergenciais para acelerar a obra - e, naturalmente, aumentar o custo original de R$ 532 milhões, um aditivo ainda não calculado e que será bancado pelo poder público ao fim do processo. O documento foi enviado à Fifa, que deliberou sobre a possibilidade e aprovou o já batizado “plano de aceleração”. São treze pontos, detalhados nesta reportagem.




Ações emergenciais, sim, mas devidamente estudadas. “É o fruto de um planejamento que já existia. Não partimos do zero. A obra já vinha sendo estudada. Com base no plano original, vimos os ajustes que poderíamos fazer”, diz Jayro Poggi, engenheiro responsável pela obra. Alguns desses pontos, como a ampliação da fábrica de pré-moldados e o efetivo, já vinham sendo ampliados desde dezembro, quando ficou evidente a necessidade de mudar o roteiro para a construção do estádio de 46 mil lugares, com cinco partidas agendadas para o Mundial e mais três para a Copa das Confederações.

Confiança

Apesar da confirmação do estado como subsede, a Fifa fará um novo anúncio em novembro. O objetivo da praça é chegar a esta data com 90% das obras executadas. Atualmente, a construção pernambucana encontra-se com 40%, em uma atividade iniciada timidamente em 30 de julho de 2010. O “ok” da Fifa ditou o ritmo das obras, com uma movimentação intensa, durante a visita do Superesportes. Novas máquinas, fazem acabamento em determinados pontos e uma sequência de ações em todos os pontos, algo que será bastante corriqueiro a partir de agora, com até dez frentes de trabalho simultâneas. Portanto, a missão local é tirar tudo isso do papel.


Alteração no plano de ataque

O estádio seria construído em uma ordem específica, partida na ala sul e evoluindo em seguida para o leste e oeste, como uma “ferradura”. O norte seria a última etapa. Com a necessidade de antecipar o prazo, cresceu o paralelismo das ações, aumentando de dois para dez setores. A ala norte, aliás, voltou a ter franca atividade, após a fundação, já concluída.

Ampliação do segundo turno de trabalho (noturno)

A cada dia, o intervalo sem atividade alguma no canteiro é de apenas 2 horas e 35 minutos. O trabalho começa, pontualmente, às 7h. Parte do quadro estende o turno com horas extras no contracheque. À noite, em uma área completamente iluminada por potentes refletores, segunda leva de operários, dando sequência às ações até 4h25. Às 7h, o reinício.

  
Crescimento do pico de mão de obra

A mudança no plano de ataque e a ampliação dos turnos tiveram como consequência direta o aumento no quadro de operários. Na última atualização, 3.300 homens. O efetivo seguirá aumentando de forma gradativa, até cinco mil, em novembro. Somente com turnos e ações paralelas seria possível comportar esta quantidade de operários na obra.

Alteração do projeto de cobertura

O projeto de cobertura foi modificado para um modelo que permite a realização de uma pré-montagem no chão, melhorando o fluxo externo. A estrutura metálica, importada da Espanha - semelhante ao estádio do Real Sociedad -, terá dez módulos, mais leve que a anterior, de 58. Em vez de ter que montar a viga no alto, será possível içar os módulos.

Ampliação da fábrica de concreto pré-moldado

O aumento no volume de produção no canteiro precisa ser proporcional à produção de materiais. “Não adianta abrir novas frentes de trabalho e não ter peças de concreto”, diz Jayro Poggi. A fábrica, anexa ao terreno do estádio, contará com mais fôrmas de concreto, além do já presente pórtico, utilizado para transportar os pré-moldados endurecidos para o estoque.

Renegociação com fornecedores

Pelo contrato firmado na PPP, a Odebrecht Infraestrutura teria que entregar o estádio até dezembro de 2013. Com a antecipação para fevereiro, os fornecedores também terão que readequar os seus prazos de entrega de materiais. As negociações seguem em andamento.

Aquisição de novos equipamentos

Com dez frentes de trabalho, a logística vem passando por uma grande transição, com o incremento de guindastes, caminhões e equipamentos de menor porte. “Quando se altera um plano, como fizemos, se altera todo o material de logística”. Várias máquinas estão sendo trazidas de outros estados.

Substituição do tipo de teto

Em vez do forro com gesso convencional, a construtora optou agora por um forro removível. A explicação é a futura carga de testes, num curto espaço de tempo. Com a nova formação haverá a flexibilidade na instalação e nos testes das redes elétrica, de TI (tecnologia da informação) e hidro sanitária, além da estrutural predial, como combate a incêndio

Mobilização de guindastes de 400 toneladas

Para facilitar a montagem na área externa (arquibancadas, com as vigas-jacaré, e a cobertura) serão utilizados dois superguindastes, com capacidade de 400 toneladas, cada. A princípio, o canteiro teria quatro guindastes e duas gruas. Agora, aumentou, com os dois novos modelos, que chegarão em junho. A ideia é “liberar” a área do futuro gramado.

Ampliação dos refeitórios e vestiarias (para os operários)

Mais gente trabalhando, mais gente circulando. Isso gerou a necessidade de equiparar a infraestrutura para o efetivo, dimensionado por turnos, com o cumprimento de exigências legais, como um determinado número de funcionários por banheiros, por exemplo. Um novo galpão deverá ser montado para ampliar o refeitório dos operários.

Ampliação do serviço de transporte

Metade dos 3,3 mil trabalhadores envolvidos atualmente reside nos municípios de São Lourenço da Mata e Camaragibe. A distância ajuda na rotina diária de transporte, com dezenas de ônibus levando e deixando os funcionários em determinados pontos. A frota terá que ser reforçada para manter o fluxo atual de gente chegando no canteiro.

Uso de gramas de rolo

Um dos pontos mais polêmicos do projeto, pois a Fifa relutou em ceder à opção de grama plantada em rolo. A entidade exigia o plantio de mudas, que demanda até três meses. Com o tempo escasso e precisando utilizar a área central, o governo do estado conseguiu a liberação para plantar em rolo. Antes, será preciso construir as drenagens primária e secundária.

Soluções na tecnologia aplicada no concreto

Na concretagem das vigas é preciso um “escoramento”, sustentando a laje. Com o período tradicional para a “cura” (como é chamado o processo para endurecer o concreto), os engenheiros calcularam a possibilidade de ganhar tempo neste ponto. A solução foi usar aditivos no concreto, proporcionando uma secagem mais rápida. Com custo maior, claro. 

Fonte :Diario de Pernambuco

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