Diário de uma arena. Enfim, terra e poeira

Saíram do papel as obras da Arena Pernambuco para a Copa de 2014. Com o início da segunda etapa do cronograma, a terraplenagem, na última quinta-feira, o terreno em São Lourenço da Mata começou a ser transformado. De fato. Na última visita do Superesportes, no final de setembro, a área de 270 hectares continuava "virgem". Era só mato. Desde a data da ocupação, em 30 de julho, operários esperavam de mãos atadas a autorização concedida pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) na última quarta-feira. Na visita de ontem, pela primeira vez a reportagem presenciou o maquinário em ação. Escavadeiras, tratores e caminhões-caçamba mudaram o cenário bucólico de um mês atrás.

No tocante às desapropriações, das 117 famílias de posseiros que faltavam ser indenizadas, restam apenas 20. Nenhuma permanece nos 50 hectares onde será erguida a Arena. Até o mês passado, alguns moradores resistiam no local. "Não há mais ninguém no terreno da Arena. As poucas famílias que faltam sair estão espalhadas pela área onde será erguida a Cidade da Copa", confirmou o líder da comunidade de Jardim Penedo de Baixo, Alisson Gomes.

Segundo ele, até a próxima sexta-feira todas as famílias já deverão ter deixado o local. "Só não recebeu a indenização ainda quem estava com alguma pendência burocrática na Receita Federal. O governo está à espera dessas regularizações. Depois disso, é prego batido e ponta virada", afirmou Gomes. No total, 325 famílias residiam na área.

Antes do início da terraplenagem, a primeira etapa consistiu basicamente na instalação do canteiro de obras e no trabalho do departamento de arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Somente após os estudos realizados, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pôde entregar o parecer positivo à CPRH, entidade responsável por liberar a licença ambiental, na prática, a autorização que faltava para o início das obras.

Inicialmente, a previsão é que a segunda etapa dure cerca de 90 dias. Os engenheiros, porém, esperam entregá-la até o final doano. O desmatamento da área é a primeira fase da terraplenagem. O desmonte das rochas e o aterro virão em seguida. Depois disso, o terreno, já plano, receberá as fundações que sustentarão os blocos de concreto. A partir de então a Arena começará a subir.

Na faixa de 50 hectares, além do estádio, serão construídos o estacionamento, o centro de imprensa e o Fan-Fest. Quando alcançar o ápice, a obra orçada em R$ 532 milhões deverá contar com 1.500 trabalhadores espalhados num raio de um quilômetro. A conclusão está prevista para dezembro de 2012. A arena em São Lourenço da Mata (a 19 quilômetros do Recife) será construída pelo consórcio formado pela construtora Odebrecht e pela operadora International Stadia Group (ISG), também responsável pela Cidade da Copa.

Diário de Pernambuco