O galpão projetado pela Prefeitura de São Lourenço da Mata, no Grande Recife,
para tentar organizar a feira livre da cidade virou dormitório e área de lazer
para quem nada tem a ver com o comércio. A qualquer hora do dia, inclusive às
sextas-feiras e aos sábados, quando as vendas de frutas, legumes e miudezas
funcionam no Pátio de Feira Amaro Alves de Souza, muitos dos bancos do comércio
viram cama para jovens que, segundo os feirantes, são usuários de drogas.
Os
rapazes ocupam boa parte dos 250 metros quadrados da estrutura e reservam seus
territórios guardando colchões no interior dos bancos que deveriam ser usados
pelos 120 feirantes que pagam R$ 5 semanais à prefeitura. A consequência disso é
a intensificação do abandono do pátio, que há muito tempo não tem espaço
suficiente para abrigar a feira da cidade. Com o crescente número de
comerciantes, que são muito mais do que os cadastrados, e a invasão do espaço do
galpão, sobram quiosques montados nas calçadas e vias do Centro, tomando o
espaço de pedestres, cadeirantes e veículos.
"Uma coisa que incomoda a
nós, trabalhadores do comércio, e também aos fregueses, é a desorganização da
feira. Existe uma quantidade de feirantes muito maior do que o espaço destinado
ao comércio e os vendedores ocupam o estacionamento do pátio, afirma o feirante
Moabi Manoel de Santana, 44 anos.
Além da quantidade de comerciantes
extrapolar o espaço reservado a eles, os bancos do pátio são tomados por jovens
que utilizam a área para consumir drogas, jogar dominó, vender mídias piratas e
dormir.
Quando anoitece e o banheiro do Mercado Público de Carne, atrás
do pátio da feira, fecha, os homens que agora moram no galpão usam o chão da
feira como banheiro. Segundo feirantes e fregueses, não é difícil aparecerem
ratos e baratas nos bancos. Cães e gatos abandonados também dormem embaixo da
estrutura de ferro que protege o pátio. A prefeitura se responsabiliza pelos
serviços de limpeza, mas não faltam restos de comida e cheiro de urina
espalhados pela área.
De acordo com o Secretário de Infraestrutura de São
Lourenço da Mata, Ivaldo Beltrão, a prefeitura não tem como resolver sozinha
todos os problemas causados pela desorganização da feira. "O comércio no entorno
do Pátio de Feira Amaro Alves de Souza é extremamente bagunçado e de difícil
controle. Estamos estudando a área e cadastrando os feirantes para, em seguida,
elaborar um projeto de melhorias da feira. Posso adiantar que vai ser impossível
contornar a situação sem o suporte financeiro do governo estadual ou federal e
não há prazo para as mudanças", sentencia o representante da prefeitura da
cidade, sede da Copa do Mundo de 2014.
Fonte:JC.
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