Em resumo, Bolsonaro apresentou mais do mesmo durante a entrevista. Para seus aliados, ele segue sendo um ‘mito’ e, para os opositores, um ‘péssimo gestor’.
Quando questionado sobre a crise econômica, Bolsonaro afirmou que o Brasil vive uma deflação e que o país tem índices “fantásticos” em comparação com o resto do mundo. O presidente negou que tenha errado durante a pandemia de Covid-19, apesar de o país ter registrado mais de 680 mil mortes provocadas pelo coronavírus. E, tocando em mais um assunto polêmico, o meio ambiente, Bolsonaro afirmou que incêndios são comuns. Ele citou as recentes ondas de chamas na Europa e os históricos incêndios na Califórnia, nos Estados Unidos. “Por que não se fala da França, de Portugal, da Espanha? Califórnia pega fogo todo ano. No Brasil não é diferente”, afirmou. Tudo isso foi um prato cheio para a oposição usar durante a campanha.
Em contrapartida, nos seus minutos finais, Bolsonaro enalteceu os pontos positivos do seu Governo e destacou os seus principais feitos, com certeza os que serão usados pela sua campanha. “Hoje você nota, o preço do combustível caiu assustadoramente, nada de canetada, um trabalho nosso junto ao Parlamento brasileiro. Conseguimos 600 reais de Auxílio Brasil para 20 milhões de pessoas mais pobres. Conseguimos a transposição do São Francisco, que estava parada desde 2012, levando água para o Nordeste. Nós pacificamos o MST, titulando terras pelo Brasil, e 90% dessa intitulação foram para as mulheres. Criamos o Pix, tirando dinheiro de banqueiros, fazendo com que a população pudesse se transformar, muitos, em pequenos empresários. Um Pix sem qualquer taxação em cima do Pix. Anistiamos 99% das dívidas de um milhão de jovens junto ao Fies”, concluiu o candidato.
Após o fim da entrevista, ficou claro que o presidente conseguiu cumprir o básico do seu treinamento para a sabatina. Não perdeu e nem ganhou nenhum voto. Foi apenas mais do mesmo.
Sem pedido de desculpas – Questionado pela jornalista Renata Vasconcellos, durante sabatina, sobre ter imitado pacientes com falta de ar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu e disse que “queria que você colocasse no ar eu imitando falta de ar”. Bolsonaro, contudo, recorreu duas vezes à imitação de pessoas com falta de ar para criticar o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Renata ainda insistiu em saber se Bolsonaro se arrependia do vídeo. “O senhor não se arrepende do seu comportamento?”, indagou. “Lamento as mortes, mas não poderia ser tratada a Covid como começou a ser tratada”, concluiu o chefe do Executivo.
Record de audiência – O Jornal Nacional marcou a maior audiência do ano com a entrevista concedida pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Dados prévios mostram que a sabatina de ontem marcou 32,3 pontos na Grande São Paulo. Cada ponto representa 74.666 domicílios e 205.755 indivíduos. Até o momento, a maior audiência do telejornal em 2022 havia sido marcada em 3 de agosto, quando o noticiário alcançou 27,8 pontos de média. Os números consolidados da edição de ontem deverão ser divulgados hoje.
Culpa da pandemia, da seca e da guerra – Perguntado sobre seu plano econômico prometido em 2018, que focaria em “inflação baixa, taxa de juros menor e dólar menor”, o presidente disse que ele foi frustrado por conta da pandemia, da seca e da guerra na Ucrânia. “Primeiro, as promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme que tivemos no ano passado e também pelo conflito da Ucrânia com a Rússia. Se você pegar os dados de hoje, você vê o Brasil como talvez o único país do mundo com uma deflação. Um país onde vai ter uma inflação menor que, por exemplo, a Inglaterra, menor que os Estados Unidos”, disse.
“Liberdade de expressão” – Quando questionado sobre manifestação de apoiadores que defendem um golpe, Bolsonaro afirmou que não há nenhum ruído em manifestações de apoiadores e considera liberdade de expressão. “Você vê as manifestações nossas sem qualquer ruído, uma lata de lixo sequer virada nas ruas. Eu considero como liberdade de expressão. Essas… Artigo 142. O que é artigo 142? É um artigo da Constituição que eu não entendo da maneira como alguns pouquíssimos entendem. Quando alguns falam em fechar o Congresso, é liberdade de expressão deles, eu não levo para esse lado”, disse Bolsonaro.
Próximos entrevistados – Bolsonaro abriu a série de entrevistas do Jornal Nacional com os presidenciáveis. Ciro Gomes (PDT) participará hoje; Lula (PT) na quinta (25); e Simone Tebet (MDB) na sexta (26). Receberam convite os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet e André Janones (Avante), que depois retirou a candidatura. Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.
CURTAS
APAC – A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) anunciou um Estado de Atenção para as próximas 24 horas na Região Metropolitana do Recife (RMR) e Zona da Mata Norte. São previstas chuvas moderadas até as 17h de hoje. As chuvas são resultado de um pequeno distúrbio de leste, associado a convergência de umidade, que poderá provocar algumas pancadas localizadas de chuva.
VARÍOLA – O número de casos notificados de varíola dos macacos (monkeypox) subiu para 303, em Pernambuco, segundo dados divulgados, ontem, pelo Governo. No boletim anterior, da quinta, tinham sido registradas 240 ocorrências suspeitas da doença. Ainda de acordo com o novo boletim, são 258 casos ainda em investigação. O número de confirmações ficou em 19, igual ao do levantamento divulgado na quinta.
Perguntar não ofende: Após a entrevista morna de Bolsonaro, o que o eleitor pode esperar da sabatina de Lula?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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