Acusado de adesismo no próprio partido, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, apelou para que o deputado João Roma (Republicanos-BA), seu ex-chefe de gabinete na Prefeitura de Salvador, não se torne o próximo ministro do governo Jair Bolsonaro. A nomeação de Roma como ministro da Cidadania era dada como certa nos bastidores do Palácio do Planalto até ontem. O atual ministro, Onyx Lorenzoni (DEM), já foi comunicado que será deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência.
ACM Neto conversou com João Roma para demovê-lo de aceitar a indicação. Eles são amigos de longa data. Um aliado da dupla relatou que o deputado já “vestia a roupa de ministro”, mas desistiu. O presidente do DEM saiu da conversa seguro de que “não há a menor chance” de Roma ser ministro. Interlocutores de Neto afirmam que ele teve de intervir porque, dada a relação de compadrio entre eles, “ninguém acreditaria” que a nomeação não fosse aprovada pelo presidente do DEM.
A sondagem para que o deputado, hoje no Republicanos, aceitasse o cargo de ministro da Cidadania evoluiu desde quarta-feira passada. Ele conversa diretamente com a direção do seu partido, chefiado pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP). O partido apoiou a eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL), aliado de Bolsonaro, como presidente da Câmara. Deputado de primeiro mandato, Roma é muito ligado a ACM Neto e sua indicação poderia sair carimbada como uma indicação para atender o herdeiro político do “carlismo”, que dominou a política baiana desde a época de seu avô Antônio Carlos Magalhães.
No ano passado, Bolsonaro esteve em Vitória da Conquista (BA) e elogiou o “velho ACM”. Além do Onyx, o partido tem outro filiado como ministro, a deputada Tereza Cristina, da Agricultura. Ambos, porém, são escolhas do presidente e não indicações partidárias. Apesar de rejeitar os “extremos” na política há pelo menos quatro anos, Neto tem dito que não pode, ainda, rechaçar aliança com Bolsonaro para as eleições de 2022, nem com outros nomes de centro.
Em vídeo divulgado, ontem, ele negou que vá aceitar compor uma chapa presidencial como candidato a vice-presidente em 2022. “Não serei candidato a vice-presidente da República de Bolsonaro nem de nenhum outro candidato”, disse o ex-prefeito da capital baiana. Neto disse que jamais aceitou “discutir ou negociar cargos ou espaços” e que o DEM não tem interesse em virar base do governo, apesar de o Planalto considerar o partido aliado. O presidente do DEM está sob pressão por efeito das traições na bancada federal do partido.
Julgamento – O Superior Tribunal de Justiça marcou para a próxima terça-feira o julgamento dos três recursos apresentados pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) no caso das “rachadinhas”. O senador espera anular a quebra de sigilo bancário e fiscal e o compartilhamento de informações entre o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e o Ministério Público do Rio de Janeiro. Inicialmente, o julgamento seria realizado em novembro de 2020, quando os processos começaram a ser analisados pela 5ª Turma do Tribunal.
Sebá na liderança – Depois de Renildo Calheiros (PCdoB) e Danilo Cabral (PSB), ontem foi a vez do Avante confirmar o deputado pernambucano Sebastião Oliveira líder na Câmara. O Estado passa a ser, assim, três líderes com amplas chances de projeção nacional. Ex-presidente estadual do PL, Sebá, como é mais conhecido, terá a responsabilidade de liderar uma bancada de oito parlamentares. Para chegar lá contou com o apoio decisivo do presidente nacional da legenda, o mineiro Luís Tibé, de quem é amigo pessoal. Com certeza, Sebá, que é sobrinho do ex-deputado Inocêncio Oliveira, dará conta do recado, porque já goza de excelente trânsito na Casa.
FUNDEB ameaçado – O Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) corre o risco de ficar sem verba a partir de março por causa do atraso do Congresso em aprovar o Orçamento de 2021. O Governo precisa repassar R$ 14,4 bilhões para o fundo educacional, o que representa 73% da quantia total do programa para este ano. Os valores destinados ao Fundeb são destinados a escolas públicas de educação básica em todo o País. Além de ajudar a manter a infraestrutura das instituições de ensino, o fundo auxilia no pagamento dos salários dos professores da rede pública. O fundo se tornou permanente em 2020 por meio de uma emenda à Constituição.
Morte absurda – A enfermeira Adriana Grade, de apenas de 24 anos, morreu depois de tomar uma injeção em um hospital da rede pública em que trabalhava, na Zona Norte do Recife. Ela atuava há cerca de um mês no Bloco Cirúrgico do Hospital dos Servidores de Pernambuco (HSE), unidade gerenciada pelo Governo, que confirmou, por meio de nota, a morte após "o uso de medicação intravenosa". O caso ocorreu na quinta-feira ´passada e no dia seguinte o corpo da jovem foi sepultado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. Uma sindicância foi aberta pelo hospital para investigar o fato e apurar a causa da morte de Adriana.
O jogo de Lula – Fernando Haddad aceitou ser o candidato do Partido dos Trabalhadores à presidência em 2022. A declaração ocorreu em entrevista realizada à TV 247. De acordo com Haddad, o fato ocorreu após uma conversa com Lula, diante do impasse sobre os direitos políticos do ex-presidente. Haddad, no entanto, teria feito uma ressalva. Caso Lula recupere seus poderes políticos, receberia total apoio. Trata-se de uma jogada de Lula. Na verdade, o ex-presidente sonha 24 horas em restabelecer os seus direitos políticos, cassados pelo seu envolvimento na Lava Jato, mas enxerga pela frente um cenário quase que impossível de ser revertido.
CURTAS
REAÇÃO – A escolha de Fernando Haddad pelo ex-presidente Lula como candidato à Presidência da República em 2022 pelo Partido dos Trabalhadores (PT) gerou uma reação de Guilherme Boulos nas redes sociais. “Defendo que a esquerda busque unidade pra enfrentar Bolsonaro. Para isso, antes de lançar nomes, devemos discutir projeto”, diz o Coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), que foi candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL e que também disputou a Presidência em 2018.
PISADA DE BOLA – O líder do Governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), abriu uma crise política ao ameaçar “enquadrar” a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Barros afirmou ao Estadão que os diretores da agência estão “fora da casinha” e “nem aí” para a pandemia de covid-19. Acabou recebendo um pito do presidente Bolsonaro, que saiu em defesa da Anvisa.
Perguntar não ofende: Quanto tempo resta a Marília Arraes no PT?

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