quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

A fala de João Roma

 

Ao tomar posse, ontem, no Ministério da Cidadania, o ministro João Roma Neto fez um emocionante discurso, com toque sentimental nas suas origens, no berço da sua escola política, o Estado de Pernambuco. Citou do aguerrido revolucionário Padre Roma, que tombou ensanguentado na Insurreição Pernambucana de 1817, ao avô João Roma, sem esquecer seus mestres na vida pública, Marco Maciel, Joaquim Francisco e Gustavo Krause.

O jovem ministro, com cultura política alicerçada em Pernambuco e carreira parlamentar na Bahia, chegou a se emocionar quando citou o avô João Roma, o Diabo Loiro, como era conhecido o ex-deputado federal por Pernambuco. "Minhas referências vêm das batalhas dos Guararapes, do meu Pernambuco, a Roma dos grandes guerreiros", disse. Seu discurso foi curto, mas recheado de referências que o levaram à vida pública.

Lembrou os ensinamentos de Marco Maciel, político honrado, responsável pela chamada escola dos bons princípios, da moralidade, do servir sem servir-se dos cargos. Agradeceu a Joaquim Francisco e Gustavo Krause, que a ele delegaram missões públicas que lhes ensinaram o caminhar da vida digna e de cabeça erguida. "Devo muito do que aprendi a Marco Maciel, Joaquim Francisco e Gustavo Krause", enfatizou, leal a quem lhes estendeu a mão no início da sua vida pública.

Correto e justo, João Roma fez um agradecimento de público ao seu padrinho político na Bahia, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM, a quem serviu como chefe de gabinete, por quem foi estimulado e apoiado a disputar o seu primeiro mandato de deputado federal pela Bahia de todos os santos e também de todos os pecados. ACM não apoiou a indicação dele para o Ministério e chegou a retaliar com a demissão de aliados na Prefeitura de Salvador.

Sobre a dura missão que tem pela frente, comandando a pasta que cuida dos pobres, que faz ação social no Governo Bolsonaro, João Roma prometeu não desamparar ninguém, mas fazer chegar a todos os programas de distribuição de renda e de justiça social do Governo. "Vamos promover a inclusão social, amparar os excluídos", afirmou.

Concorrida – A posse de João Roma Neto, o pernambucano-baiano que passa a despachar hoje no Ministério da Cidadania, lotou as dependências do Palácio do Planalto em tempos de pandemia e de proibição de aglomerações. Foram vistas delegações de todo o País, com destaque para políticos e empresários de Pernambuco e da Bahia. Vários ministros estiveram presentes, assim como senadores e deputados nordestinos. Até sanfoneiro da Bahia foi convocado para dar o toque nordestino da festa de posse.

Na plateia – Entre os deputados pernambucanos que foram prestigiar a posse de João Roma foi visto o socialista Felipe Carreras, quem tem atuado na Câmara com uma postura independente, votando, inclusive, com o Governo Bolsonaro. Carreras chegou a ser punido pelo comando do seu partido, o PSB, por ter votado a favor da reforma da Previdência. "Roma, além de ser amigo, é de Pernambuco", diz o rebelde socialista ao justificar sua presença no Palácio do Planalto.

Até petista – Mesmo fazendo carreira política na Bahia, o   ministro João Roma Neto entra na cota de Pernambuco na constelação ministerial. Aliás, em sua posse foram vistos muito mais deputados e prefeitos de Pernambuco do que mesmo da Bahia. "João vai dar uma atenção muito especial a Pernambuco, o seu coração tem sangue de Leão do Norte", diz o ex-prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque. Embora filiado ao PT, Duque fez questão de prestigiar a posse de Roma por confiar que fará um grande trabalho em favor dos descamisados. "É um político amigo que aprendi a admirar", ressaltou.

Mesma moeda – Ainda no seu discurso, João Roma disse que não deixará ninguém desamparado. “A área social e econômica são duas faces de uma mesma moeda. Cidadania é levar o Brasil para cada brasileiro e seguir aspirando a compartilhar o melhor com todos os patrícios”. Ele se tornou ministro por um arranjo político do Palácio do Planalto depois da eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara. O partido de Roma, o Republicanos, apoiou o então candidato – preferido pelo governo. Roma era próximo ao presidente do DEM, ACM Neto, com quem trabalhou na Prefeitura de Salvador. Isso fez com que atores políticos afirmassem que a indicação foi um consórcio entre Republicanos e DEM.

Regra de ouro – João Inácio Ribeiro Roma Neto, 48 anos, é deputado federal de primeiro mandato, eleito pela Bahia com 84.455 votos. Na Câmara, relatou, entre outras proposições, a PEC (proposta de emenda à Constituição) 438/18, que muda a chamada regra de ouro – que proíbe que o governo se endivide para pagar despesas cotidianas, como folha salarial, programas sociais e manutenção de órgãos públicos. Foi uma indicação do presidente do seu partido, o Republicanos, Marcos Pereira, ex-ministro e ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados.

CURTAS

CORREIOS – O presidente Jair Bolsonaro entregou, ontem, o projeto de lei que abre caminho para a privatização dos Correios ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Bolsonaro foi caminhando do Palácio do Planalto até a sede do poder Legislativo. Ele estava acompanhado dos ministros da Secretaria de Governo, Eduardo Ramos, e das Comunicações, Fábio Faria. O trânsito de carros no Eixo Monumental foi fechado para a passagem das autoridades.

FICA – Na passagem ontem pelo gabinete do senador Jarbas Vasconcelos, para garantir emendas ao seu município, o prefeito de Toritama, Edilson Tavares, afirmou, categoricamente, que nunca pensou, após ser reeleito, deixar o cargo para disputar um mandato de deputado estadual. "O parlamento é nobre, mas me sinto mais feliz realizando as coisas para o povo como prefeito", disse.

Perguntar não ofende: Por que os demais representantes de Pernambuco no Congresso não seguem o exemplo de Jarbas, que já liberou R$ 3 milhões da sua cota de emendas para o Governo do Estado?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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