domingo, 21 de agosto de 2022

Esforço por votos em Minas e São Paulo marca primeira semana das campanhas de Lula e Bolsonaro

 

Primeiro comício do presidente Jair Bolsonaro foi em Juiz de Fora, Minas Gerais

Primeiro comício do presidente Jair Bolsonaro foi em Juiz de Fora, Minas Gerais

PLÍNIO AGUIAR/R7 - 16.8.2022

Na primeira semana de campanha eleitoral, os dois principais candidatos à Presidência da República focaram seus atos e comícios na região Sudeste, em especial em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. A expectativa é que as campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sejam voltadas principalmente à região e ao estado.

Minas Gerais é visto como um "espelho" do Brasil, refletindo o resultado das urnas nas disputas presidenciais. Desde a redemocratização, todos os presidentes eleitos foram vencedores também no estado.

primeiro comício da campanha do presidente Bolsonaro, na última terça-feira (16), foi em Juiz de Fora (MG), cidade onde ele foi vítima de um atentado durante a corrida eleitoral de 2018. No evento, ele criticou o PT, voltou a convocar os apoiadores para o 7 de Setembro e defendeu temas caros à base de apoio. Bolsonaro adotou um tom emocional e escolheu a rua Halfeld, onde sofreu uma facada em 6 de setembro de 2018, para iniciar a campanha eleitoral deste ano.

“Minas Gerais é nossa. Aqui eu renasci. E nesse dia, nessa hora, estamos dando a largada de onde tentaram nos parar em 2018”, disse. "O Brasil é um grande país, mas que até pouco tempo era roubado pela esquerdalha que estava no poder. Não há comparação, [nós] temos exemplo de patriotismo e honestidade."

Lula foi a Belo Horizonte para fazer um comício na última quinta-feira (18). No local, fez um discurso voltado aos problemas econômicos do Brasil e à necessidade de ampliação de ações sociais. Em uma fala que agrada a sua base, o ex-presidente também abordou a independência financeira das mulheres e a importância de ações afirmativas para corrigir a desigualdade racial.

Ele voltou a fazer um breve aceno aos evangélicos. "A gente tem que olhar a Constituição, e ela tem que ser cumprida. Tem que olhar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e ela tem ser cumprida, e a gente tem que olhar a Bíblia, e ela tem que ser cumprida. Todos nós somos irmãos, somos filhos de Deus, e temos direito de viver com muita dignidade e com muito respeito", afirmou.

Minas Gerais e São Paulo, os dois maiores colégios eleitorais do país, são vistos como estados decisivos. Lula também se empenhou nesta semana em agendas em São Paulo, com um ato na porta da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo; encontro com professores e alunos da Universidade de São Paulo (USP); e um evento com empresários de micro e pequenas empresas. Nesse sábado (20), o ex-presidente participou do primeiro comício na capital paulista, no Vale do Anhangabaú.

Em Belo Horizonte, antes do ato, Lula recebeu e tirou foto com 170 candidatos a deputado federal ou estadual no hotel onde estava hospedado. Parlamentares federais de Minas Gerais falam que a intenção é que o presidenciável retorne ao estado ao menos outras quatro vezes, o que foi confirmado por pessoas que integram a campanha do petista.

No início de setembro, ele deve ir a Montes Claros e ao Vale do Jequitinhonha. Antes, deve viajar ao Rio de Janeiro.

Analistas políticos apontam que, dentre as explicações para Minas Gerais ser um estado estratégio eleitoralmente, está a geografia do estado, que faz divisa com muitas unidades da federação, de diferentes regiões, e possui costumes diversificados. O analista político André César destaca que o Sudeste do país está se desenhando como estratégico nessa campanha.

"São Paulo, Rio e Minas Gerais são estratégicos desde sempre. Quem está bem na foto lá tem muita chance. E agora nessa eleição em específico, o Nordeste é do Lula, o Sul e o Centro-Oeste são do Bolsonaro. O Sudeste, então, com esse peso econômico, político e eleitoral, se torna mais decisivo ainda", explica.

André ressalta que apesar de Lula estar com um desempenho melhor que Bolsonaro em MG, ainda é cedo para dizer se a tendência é que o cenário permaneça o mesmo até o dia da votação. "Não se pode subestimar o peso da caneta e da cadeira presidencial. Apesar da liderança, nada garante que Lula vai chegar em 2 de outubro nesse quadro", diz.

A avaliação é a mesma do analista político Melillo Dinis, que afirma ser ilusão achar que a eleição está resolvida em agosto. Sobre Minas, Dinis ressalta que o fato de nenhum presidente eleito ter perdido no estado desde a redemocratização mostra a importância eleitoral da região.

"A política mineira é um local de grandes experiências. Minas acaba ganhando uma representatividade com a diversidade. Muita gente diz que Minas é o 'Brasil menor'", diz.

Dinis explica, no entanto, que não basta o candidato ir fazer campanha em Minas Gerais. Para ele, os candidatos precisam saber como dialogar com os diferentes costumes de cada região do estado.

"Tudo depende da condição que cada candidatura vai ter de reproduzir uma estratégia mineira. Minas Gerais é um estado bairrista. Então, não pode fazer uma campanha sem levar em conta as muitas culturas mineiras. É importante ir para Minas se os candidatos souberem adaptar o discurso", afirma.

Fonte: Sarah Teófilo e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília.

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