O candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, prometeu, ontem, durante entrevista ao Jornal Nacional, moderar os ataques aos dois postulantes com maior pontuação nas pesquisas eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). A promessa foi feita após Ciro atacar o que chamou de “polarização odienta”, protagonizada por seus dois principais rivais. Ao ser questionado se essas declarações ajudavam a acirrar a polarização, ele sinalizou que pode modular o discurso. “Não custa nada rever certos temas”, disse o candidato.
“Estou tentando mostrar ao povo brasileiro que essa polarização é odienta e eu não ajudei a construir. Pelo contrário, eu estava lá em 2018 tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT”, declarou o candidato.
Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto e segundo entrevistado pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, Ciro disse estar tentando “libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República e a transformou em uma espécie de esconderijo do pacto de corrupção e fisiologia no Brasil”.
A proposta de Ciro que mais chamou atenção durante a entrevista foi o fim da reeleição. Ele afirmou que a medida ajudaria a dar mais segurança política ao país. O pedetista disse que pretende mudar o modelo de presidencialismo de coalizão que vigora no Brasil, no qual os partidos do chamado Centrão se tornaram fundamentais para garantir a governabilidade do chefe do Executivo.
Em suas considerações finais, Ciro se colocou como a “terceira via ideal” para polarização que assola as eleições deste ano. “Você que vota no Bolsonaro porque não quer o Lula de volta, me dê uma chance. Você que vota no Lula porque não quer mais o Bolsonaro, há um país para governar, me dê uma oportunidade. E vocês indecisos, está na mão de vocês mudar o Brasil”, concluiu.
Versão paz e amor – Na entrevista ao JN, Ciro deixou de lado o temperamento explosivo e adotou um tom bastante cordial, bem distante do perfil que exibe diariamente. Ouviu as perguntas e respondeu a maioria delas dentro do tempo. Conseguiu usar muito bem o espaço para vender suas principais propostas. Ele ganhou pontos por estar bem treinado. Falou diretamente para a câmera em muitos momentos, estabelecendo um diálogo direto com o eleitor.
Lei “antiganância” – Também durante a entrevista, o candidato falou sobre um projeto de lei “inédito” que pretende implementar, caso vença as eleições de outubro. Nomeada pelo pedetista como “lei antiganância”, a ideia é inspirada em uma legislação já em vigor na Inglaterra. “Todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, do crédito especial, ao pagar duas vezes a dívida que tem, fica quitado por lei”, explicou o candidato, que também reconheceu a polêmica ao redor do projeto.
Audiência menor – A sabatina com Ciro Gomes (PDT) elevou a audiência do Jornal Nacional na comparação com a terça anterior (16), na Grande São Paulo, mas ficou abaixo do patamar alcançado na segunda-feira, pela entrevista com Jair Bolsonaro (PL). Segundo dados preliminares de audiência mensurados pela Kantar Ibope, o JN tinha 26 pontos quando a edição teve início, e chegou aos 30 ao fim da presença de Ciro diante de Renata Vasconcellos e William Bonner.
Violência no Ceará – Durante a sabatina, Ciro desviou de uma pergunta sobre segurança de seu estado. Ao ser perguntado pela jornalista Renata Vasconcellos sobre a segurança pública no Ceará, o candidato à Presidência disse que a responsabilidade não é do governo local. “É preciso que o combate a essa figura seja feito de fora para dentro, com o governo federal e a partir de uma outra ferramentaria, inteligência, tecnologia e aparato”, afirmou. Este ano, o Ceará foi apontado como o segundo estado com mais mortes violentas, segundo a pesquisa Segurança Pública do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo), atrás apenas do Amazonas.
Evitar tragédias com chuvas – Sabatinado pelo portal G1/PE, ontem, o candidato do PL ao governo do Pernambuco, Anderson Ferreira, disse que, se for eleito, pretende fazer um trabalho integrado para proteger moradores de áreas de risco e evitar tragédias com a chuva, como a que matou mais de 130 pessoas no estado, entre maio e junho deste ano. “O importante é que seja feito um trabalho integrado entre governos do estado, federal e municipal. O que aconteceu nessas chuvas não ocorria há 50 anos. Quer dizer, investimento houve, sim, para minimizar esse dano, mas isso não pode ser feito apenas para um gestor, um prefeito, mas sim com o governo integrado, com o governo federal fazendo sua parte. É todo mundo de mãos dadas e ajudando”, afirmou.
CURTAS
TSE 1 – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a proposta de distribuição de tempo no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão para os candidatos à Presidência da República. A propaganda começa no dia 26 de agosto e vai até 29 de setembro. O tempo é calculado conforme a representatividade dos partidos políticos na Câmara dos Deputados.
TSE 2 – Conforme o cálculo, a distribuição do tempo diário dos candidatos nos blocos de propaganda ficou estabelecida assim: Lula (3 minutos e 39 segundos), Bolsonaro (2 minutos e 38 segundos), Simone Tebet (2 minutos e 20 segundos), Soraya Thronicke (2 minutos e 10 segundos), Ciro Gomes (52 segundos), Roberto Jefferson (25 segundos), Felipe D’Avila (22 segundos).
Perguntar não ofende – Se baixar o tom na campanha, Ciro consegue convencer os indecisos e se consolidar como terceira via?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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