Não tem mais volta! A filiação de Miguel Coelho ao Democratas, no último sábado, foi o lançamento da candidatura do prefeito de Petrolina ao Governo de Pernambuco. Tudo estava organizado para tal: da referência aos ex-governadores do antigo PFL nos painéis instalados estrategicamente na entrada do ato, à presença de estrelas nacionais do partido e de 33 prefeitos pernambucanos – alguns até de outras legendas -, segundo as contas do sertanejo.
Do slogan aos trejeitos na sua fala durante o discurso, Miguel fez referência o tempo inteiro ao pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, e – pasmem! – à primeira campanha vitoriosa do ex-governador Eduardo Campos, que, em 2006, saiu de 4% nas pesquisas, mais ou menos o que o prefeito de Petrolina tem hoje, para derrotar no segundo turno o então chefe do Executivo estadual, Mendonça Filho, o principal responsável pela filiação do sertanejo à sigla. Coincidências da política (ou não).
Começando pelo uso da famigerada palavra “esperança” no slogan, verbete comum em toda campanha eleitoral, mas que teve um significado fundamental naquela caminhada de Eduardo, há 15 anos atrás. À “esperança”, a equipe de marketing do prefeito sertanejo – aliás, um trabalho primoroso desse time – juntou as palavras “força”, para fazer referência à pujança de Petrolina e do aprovadíssimo governo de Miguel, e “mudança”, para, logicamente, cravar a necessidade, segundo eles, de se mudar.
“A esperança é a força da mudança” dizia o slogan nos painéis de led do ato político. O jogo de câmera e a disposição das lideranças também fez referência às campanhas do PSB de Eduardo. Modernidade, carisma! De branco como os socialistas, Miguel falou ao lado de estrelas do DEM, como o ex-prefeito de Salvador e presidente nacional da legenda, ACM Neto, que lidera com folga a disputa pelo Governo da Bahia.
No gestual, Miguel lembra muito o pai, sua principal referência da política. Mas ao estilo de FBC, a argumentação eduardista saltou aos olhos dos analistas mais atentos. O jovem prefeito e o pai estiveram durante muitos anos e muitas campanhas ao lado dos socialistas. Por isso é natural que eles utilizem a retórica que deu tão certo em Pernambuco.
Na hora de subir o tom, ele subiu quase que repetindo um discurso de Eduardo. “Nós não temos dono porque dono é o povo. É soberano para decidir o seu futuro. E o recado vai para os que se acham donos de Pernambuco. Para os que se acham poderosos, que acham que não tem fim. O fim está chegando porque é chegada a hora da gente poder mostrar a força da mudança. Da gente poder mostrar a força da união como no passado já nos inspirou”. A aspa é de Miguel se referindo ao PSB e à Frente Popular. Mas poderia muito bem ser Eduardo, em 2006, falando do PFL e da União Por Pernambuco.
Em seguida, outro argumento comum ao “esuaedismo”: fazer política sem “olhar no retrovisor”; olhando para frente. Assim como o Campos de 15 anos atrás, que falava do pós-Jarbas, Miguel evitou críticas mais contundentes ao atual governador, preferindo falar de “futuro”; do pós-Câmara.
“Olhar para o futuro, uma luz que começa a se acender. E essa luz se chama a esperança. É a luz que vem para poder acalentar o nosso coração (referência à Petrolina). Mas, acima de tudo, para poder acalentar um projeto de futuro. Um projeto que cuide, que zele. E que devolva o orgulho, que devolva a autoestima e que devolva o protagonismo de Pernambuco para com as suas pessoas”, pontuou o jovem prefeito lançando mão de mais um argumento de Eduardo.
Para encerrar, nada mais Eduardo Campos do que um “vamos rodar Pernambuco; a partir de hoje não tem mais descanso”. Um jogo de referências pensadas meticulosamente para estarem ali. Não se sabe se Miguel será governador. Mas o prefeito de Petrolina largou com pompa; mexeu o tabuleiro eleitoral e, agora, vai cair em campo para tentar ser o que o pai sempre sonhou e nunca conseguiu.
O povo quer saber: Miguel Coelho tem chance de vencer a eleição de 2022?
Fonte: FalaPE.
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