segunda-feira, 1 de março de 2021

Crise reúne governadores

 

Eleito pelo rolo compressor do Planalto, líder do Centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), agendou com os governadores videoconferência tendo como principal pauta a busca de soluções para a piora do quadro da pandemia nos Estados. A ideia é que isso possa ser feito por meio da discussão do Orçamento e de projetos emergenciais.

O encontro ocorre num momento em que pelo menos 12 Estados e o Distrito Federal decidiram adotar medidas que aumentam as restrições de circulação, na tentativa de conter a pandemia, que completou 1 ano do primeiro caso confirmado no Brasil na última sexta-feira. O país registra 10.455.630 casos e 252.835 mortes confirmadas pela doença, segundo o Ministério da Saúde.

A Fiocruz assegura que as taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos revelam o pior cenário já observado no País em toda a pandemia. Segundo a Fundação, 17 capitais estão com uma taxa de ocupação de UTI de ao menos 80%. A pesquisa também mostra que 12 Estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta crítica, com ocupação igual a 80% ou mais das UTIs.

O diretor-executivo de emergências da OMS (Organização Mundial da Saúde), Mike Ryan, disse que o Brasil vive uma “tragédia” com a alta no número de casos de infecção pelo coronavírus e mortes por covid-19. “Infelizmente, é uma tragédia que o Brasil esteja enfrentando isso de novo e é difícil. Esta deve ser a quarta onda que o País volta a enfrentar”, declarou.

O Brasil, segundo ele, é muito capacitado e tem instituições científicas e de saúde pública fantásticas. “Acho que o País sabe o que fazer e muitos Estados estão tentando aplicar as melhores medidas. Não é simples. Não é fácil”, acrescentou. Antes mesmo de reunir os governadores, Lira já sai com uma linha de discurso em defesa de Bolsonaro.

Ele contesta a versão da oposição de que o presidente tenha culpa pelas mortes decorrentes da pandemia de covid-19. “Divirjo quando falam da gestão da crise. O auxílio emergencial foi muito importante, todos os setores receberam repasses. Nós não temos a receita da gestão da crise”, disse Lira.

FIM DO LIBERALISMO – Ao conseguir formar uma base sólida no Congresso, o presidente Bolsonaro já molda sua reeleição e dispõe de mais alternativas partidárias até mesmo para sua filiação. Desde que deixou o PSL, ainda em 2019, ele segue sem partido. Nos últimos 12 meses, o Governo se afastou definitivamente do lavajatismo e deixou de lado o liberalismo, adotado como tática eleitoral em 2018. Para alguns analistas ouvidos ontem pelo Estadão, o Governo se sustenta hoje em uma “visão conservadora-autoritária” e no apoio do Centrão. “Ainda não sabemos qual desses dois vai prevalecer”, diz o historiador Boris Fausto.

REI SEM COROA – O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, é figura frequente ao lado do presidente Jair Bolsonaro em eventos presenciais e lives nas redes sociais. Com a fama de “rei do asfalto”, costuma ciceronear o chefe em inaugurações de obras de rodovias. Em janeiro, no interior da Bahia, Bolsonaro disse que Tarcísio era “a figura mais importante” da administração. As contas da pasta, no entanto, mostram que a Infraestrutura não é a prioridade na hora de liberar verbas do Orçamento e o ministro se sobressai na equipe de governo pelas obras de pavimentação de estradas. O montante disponível para investimentos no Ministério da Infraestrutura segue estagnado desde o começo da gestão Bolsonaro.

ORÇAMENTO CHIFRIM – Desde que Tarcísio assumiu a Infraestrutura, a pasta nunca recuperou completamente o volume de recursos que teve durante as gestões de seus antecessores, Maurício Quintella Lessa (2016-2018) e Valter Casimiro Silveira (2018-2019). Em 2020, a pasta empenhou R$ 8,1 bilhões em investimentos. A despeito da pandemia do novo coronavírus, é um valor maior que o empenhado em 2019 (R$ 7,8 bilhões). É menos, porém, do que os valores empenhados antes da chegada de Jair Bolsonaro ao poder: em 2018, foram R$ 10,6 bilhões em investimentos; e R$ 13,1 bilhões em 2017. Em 2016, ano marcado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e pela troca de comando no governo, o montante fechou em R$ 9,9 bilhões.

MORTOS E SALVOS – A confirmação de mais 1.455 casos da Covid-19 e 29 óbitos devido à doença, sábado passado, levaram Pernambuco a totalizar 298.859 infectados pelo novo coronavírus e 10.974 mortes por causa da pandemia.  Esses dados começaram ser registrados em março de 2020. O Estado tem, por outro lado, 257.881 pacientes recuperados da doença. Destes, 19.749 eram pacientes graves, que necessitaram de internamento hospitalar, e 238.132 tinham casos leves.

TEMER IMUNIZADO – O ex-presidente Michel Temer foi vacinado sábado passado em um dos postos de vacinação instalados pela Prefeitura de São Paulo na praça Charles Miller, no Pacaembu. Com a antecipação da vacinação de idosos de 80 a 84 anos realizada pelo Governo do Estado de São Paulo, Temer, que se tornou octogenário em setembro do ano passado, ficou apto a receber a primeira dose do imunizante. O ex-presidente foi imunizado com a primeira dose da vacina AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

CURTAS

AJUDA – O auxílio financeiro para artistas e grupos carnavalescos de Pernambuco afetados pela pandemia virou lei. Na última sexta-feira, o governador Paulo Câmara (PSB) sancionou a norma que determina o repasse de R$ 3 milhões para 450 agremiações, em uma única parcela. Segundo o secretário de Cultura, Gilberto Freyre Neto, o edital para inscrição de candidatos ao auxílio emergencial estará disponível esta semana.

DUPLA ELEIÇÃO – Vizinhas, Pesqueira e Arcoverde, a primeira ainda no Agreste e a segunda porta de entrada do Sertão, poderão ter eleição suplementar para prefeito no mesmo dia, a depender do Tribunal Regional Eleitoral. Em Pesqueira, o Cacique Marquinhos (Republicanos) ganhou, mas não assumiu por ter sido condenado em processo criminoso. Já em Arcoverde, a nova eleição se dará por comprovado abuso do poder econômico pelo prefeito afastado Wellington Maciel (MDB).

Perguntar não ofende: Enquanto ônibus e metrôs andarem apinhados, meros decretos de toque de recolher vão reduzir os casos de covid em Pernambuco?  

Fonte: Blog do Magno Martins.


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