terça-feira, 30 de março de 2021

Apoio de FBC a Bolsonaro divide oposição e afasta lideranças de peso do bloco

 

A estratégia do senador Fernando Bezerra Coelho e de seu grupo político de lançar uma candidatura a governador de centro-direita para apoiar o presidente Jair Bolsonaro, em 2022, de cara já “expulsa” desse palanque nomes de peso da oposição à Frente Popular. É praticamente impossível que o ex-senador Armando Monteiro, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, e o deputado federal Daniel Coelho peçam votos para o presidente em qualquer hipótese.

Filiado ao PSDB, Armando Monteiro ingressou no partido presidido por Raquel Lyra após ter perdido o comando do PTB em Pernambuco para o bolsonarista Coronel Meira, que, por sinal, já anunciou via imprensa que a legenda deve ter candidato ao Palácio do Campo das Princesas. Armando e Raquel certamente se juntarão no plano nacional ao candidato tucano à Presidência, seja ele o governador de São Paulo, João Doria, ou qualquer outro nome do tucanato.

Daniel Coelho, que comanda o Cidadania em Pernambuco, é outro que não caminhará com Bolsonaro. Seu partido pode ir de Luciano Huck, caso o apresentador opte por deixar a Globo e se lançar na disputa presidencial (“loucura, loucura”). Daniel, inclusive, sempre adotou a postura de fazer muitas críticas e cobranças à atual gestão federal.

Se quiser ter essas forças apoiando seu filho, Miguel Coelho, para governador de Pernambuco, FBC terá de ter muito jogo de cintura para administrar interesses locais com o jogo de poder nacional. A outra opção é dividir a oposição batendo o pé em relação à candidatura do prefeito de Petrolina e ao endosso a Bolsonaro. Tarefa, vale salientar, bastante complicada tem o senador.

FATOR MARÍLIA – Além dessas forças políticas citadas, há outra em especial que carece de uma análise exclusiva. Trata-se da deputada federal Marília Arraes, que, mesmo ainda filiada ao PT, não é vista com maus olhos junto ao bolsonarismo. Nos bastidores há quem diga até que interlocutores do presidente já sugeriram a Marília a troca de partido, do PT para uma legenda de centro. Oficialmente, entretanto, é muito difícil que Marília, uma vez candidata à reeleição, peça votos para o presidente da República.

MAIS PRAGMÁTICO – Da reforma ministerial anunciada por Jair Bolsonaro, ontem, a seguinte leitura: o presidente sinaliza querer um governo menos ideológico e mais pragmático. A mudança de seis ministros – entre elas a queda do pateta Ernesto Araújo, das Relações Exteriores – mostra que a ala ideológica do governo está perdendo todo o espaço para o Centrão, que, por sinal, emplacou a deputada federal Flávia Arruda como nova ministra da Secretaria de Governo. Para desgosto dos arautos dos bons costumes, Flávia é esposa do ex-governador corrupto do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

JUSTIÇA – Após entrar com requerimentos contestando a eleição da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP), que ocorre no dia 12 de abril, no Cabo de Santo Agostinho, o candidato de oposição, Zé Raimundo, vereador de Serra Talhada, no sertão do Pajeú, ingressará com um mandado de segurança contra a entidade. Os pedidos de Zé Raimundo foram indeferidos nesta segunda-feira (29). “Pedimos que o horário de votação, que é de 7h às 13h, fosse estendido para 7h às 17h. E ao invés do encontro ser apenas no Cabo de Santo Agostinho, que fosse descentralizado, com quatro pontos para votação no Estado”, destacou.

ENERGIA – Uma determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), divulgada na última sexta-feira (26), foi tema de um discurso do vereador Chico Kiko (PP) nesta segunda-feira (29). Até o dia 30 de junho, as concessionárias de energia elétrica não poderão cortar a energia de consumidores de baixa renda por inadimplência, tendo em vista a crise da covid-19. Durante a reunião Ordinária remota da Câmara do Recife, o parlamentar lembrou os esforços dele e de seu partido para que a medida fosse tomada. A suspensão deve atingir cerca de 12 milhões de famílias da faixa de tarifa social de energia.

O povo quer saber: Bolsonaro não vai aproveitar o ensejo e demitir também o ministro do Meio Ambiente?

Por Fernanda Maria Negromonte, Cientista Política com ênfase em Relações Internacionais pela UFPE, membro da Equipe FalaPE.

Fonte : FalaPE.

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