Em entrevista aos comunicadores Alberes Xavier e Wellington Ribeiro, o deputado federal Fernando Filho acabou por antecipar o caminho que o clã político dos Coelho vai seguir na eleição do ano que vem. Ao afirmar que o senador Fernando Bezerra Coelho e seu grupo político vão mesmo abrir um palanque de centro-direita para o presidente Jair Bolsonaro em Pernambuco, o parlamentar acabou por reforçar duas mensagens que até então não estavam tão claras.
Primeira mensagem: FBC não deve mesmo compor com a Frente Popular e se candidatar à reeleição na chapa de Geraldo Júlio a governador, como se especulava no meio político. A proximidade com Bolsonaro e o proveito que tem tirado dessa relação política pesaram mais na decisão do senador. Ou seja, FBC e os seus, como disse Fernando Filho, vão integrar o palanque de centro-direita que dará sustenção a Bolsonaro aqui no Estado.
A segunda mensagem é que, nesse cenário, de palanque de centro-direita, cresce a possibilidade de o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, filho de FBC e irmão de Fernando Filho, ser mesmo o candidato a governador do presidente da República em uma disputa contra o ex-prefeito do Recife. Por sua vez, Geraldo deverá mesmo ter o PT do ex-presidente Lula e do senador Humberto Costa no palanque.
Com a palavra, Fernando Filho: “Todo mundo sabe da nossa relação e da posição que o senador ocupa hoje no governo do presidente Bolsonaro. E a gente tem trabalhado, e eu tenho dito aqui nessa entrevista reiteradas vezes, para poder construir um palanque que possa ser de oposição ao Governo do Estado, e, evidentemente, pela aproximação e a posição que nós hoje ocupamos no Governo Federal, de que esse seja um palanque que esteja mais ligado à centro-direita”. Esse jogo parece estar jogado.
FBC DEPUTADO – Se confirmada a candidatura a governador do prefeito Miguel Coelho, de Petrolina, seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho, dificilmente tentará a reeleição para o Senado em 2022, abrindo espaço na chapa para outro nome da oposição. Com isso, a conversa no sertão é que FBC sairia para deputado federal na vaga de Fernando Filho, que não disputaria nada. Em troca, o nome de Fernando Filho ganharia força para ocupar um ministério em um eventual segundo governo Bolsonaro.
DUAS CANDIDATURAS – Um outro cenário seria Fernando Bezerra Coelho e Fernando Filho disputarem vaga na Câmara Federal. Fica a pergunta: há espaço para os dois? Já temos em Pernambuco um exemplo bem sucedido disso que foi a eleição de Miguel Arraes e Eduardo Campos para deputado federal, em 2002, só para citar um exemplo. Quatro anos mais tarde, o neto virou governador, desbancando a favorita União Por Pernambuco. Na própria entrevista a Alberes Xavier, Fernando Filho endossa que está trabalhando para ampliar sua base na tentativa de se reeleger, e que o assunto ainda não está em pauta na família. Essa última parte eu duvido que não esteja.
E GILSON MACHADO? – Homem de extrema confiança do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, certamente terá um papel importante no palanque do chefe em Pernambuco. Se fala em uma disputa para deputado federal. Mas em um cenário com Miguel Coelho para governador, Gilson Neto poderia muito bem concorrer ao Senado como bastião do bolsonarismo raiz por aqui. Ainda há quem acredite que o ministro, em caso de um recuo do prefeito de Petrolina, seja o postulante ao Palácio do Campo das Princesas do conjunto de forças.
PARTIDOS – De cara, dois partidos já surgem como possíveis abrigos para Miguel Coelho concorrer a governador. O DEM, que andou flertando com o Bolsonarismo na eleição para o comando do Congresso Nacional, e o PTB, tomado do ex-senador Armando Monteiro Neto pelo presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson, que o entregou ao bolsonarista Coronel Meira. Por sinal, o Coronel Meira já andou dizendo na Imprensa que o PTB sob o seu comando terá candidato a governador em 2022.
O povo quer saber: como ficam as outras forças da oposição com essa afirmativa de que o grupo de FBC abrirá palanque para Bolsonaro em Pernambuco?
Por Fernanda Maria Negromonte, Cientista Política com ênfase em Relações Internacionais pela UFPE, membro da Equipe FalaPE.
Fonte : FalaPE.
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