sexta-feira, 26 de março de 2021

Panos mornos na crise

 

Em meio à crise sanitária, o País enfrenta outra crise, de natureza política, e que parecia ganhar novos contornos com a declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na última terça-feira, sinalizando que havia uma discordância dele com o presidente Bolsonaro na condução da pandemia. O deputado afirmou que está acionando um “sinal amarelo” e mencionou remédios políticos “amargos” e “fatais”.

A declaração foi feita no mesmo dia em que o presidente Bolsonaro fez uma reunião com chefes dos Poderes e governadores para discutir o combate à pandemia e anunciou a criação de um comitê para o acompanhamento da pandemia. Foi o mesmo dia também em que o Brasil ultrapassou a marca dos 300 mil mortos por covid-19.

Mas, ontem, o presidente da República disse que não há problemas em sua relação com o presidente da Câmara. A declaração de Lira deu a entender que o Legislativo não iria tolerar mais erros na condução do combate à pandemia. “Eu conversei com o Lira. Não tem problema entre nós. Zero problema. Conversamos sobre muitas coisas”, disse Bolsonaro a jornalistas em incomum caminhada pelo salão térreo do Palácio do Planalto.

“Nunca teve nada de errado. Meu velho amigo de parlamento, torci por ele, e o governo continua tudo normal”, acrescentou. A fala de Lira, entretanto, foi muito dura e deixou a impressão de estar ocorrendo um distanciamento. “Estou apertando um sinal amarelo para quem quiser enxergar. Não vamos continuar votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o País se, fora daqui erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados”, afirmou.

O presidente da Câmara pediu um esforço concentrado para a pandemia. “Faço um alerta amigo, leal e solidário: dentre todos os remédios políticos possíveis que esta Casa pode aplicar num momento de enorme angústia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas”.

Sem troca – Bolsonaro foi perguntado sobre a situação do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Cresceu nos últimos dias a pressão de congressistas para que o presidente demita o chanceler. No discurso da quarta-feira, Lira também criticou publicamente a política externa brasileira, mas Bolsonaro limitou-se a dizer: “Não estamos medindo esforços para contratar vacinas “. Também afirmou que sua relação com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, é “excepcional”. Bolsonaro foi consultado por ministros sobre essa troca e rechaçou a possibilidade. “Não me peçam para trocar o Ernesto”, respondeu. Havia dentro do Palácio do Planalto a sugestão para que o almirante Rocha, hoje titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos e interino na Secom da Presidência, fosse deslocado para o Itamaraty.

Normalidade em abril – No pior momento da pandemia, o governador Paulo Câmara anunciou, ontem, que vai estender, até 31 de março, a quarentena que está em vigor desde o dia 18. Informou que em abril haverá reaberturas de atividades econômicas com novos protocolos. "A partir de 1º de abril, as atividades econômicas poderão reabrir das 10h às 20h, nos dias de semana, e das 9h às 17h, aos sábados, domingos e feriados. As praias voltarão a ter atividades físicas individuais permitidas, e a volta às aulas estará liberada, a partir do próximo dia 5 de abril, para a rede privada e para o ensino médio da rede estadual", declarou.

Missas e cultos – As celebrações religiosas em Pernambuco, desde que obedecendo aos protocolos e horários pré-estabelecidos, também estarão permitidas em 1 de abril. O secretário estadual de Saúde, André Longo, disse que a segunda semana de março foi a pior de 2021. "Foram 1.594 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Houve um aumento de 19%, em uma semana, e de 40%, em 15 dias. Ainda mais grave é o número de internados em UTI por conta da Covid-19. Esse número tem subido constantemente", declarou.

Retomada gradual – André Longo afirmou também que é preciso cuidado com os novos tempos de normalidade. "A retomada das atividades será gradual e sua evolução e intensidade continua atrelada ao comportamento das pessoas e aos números da pandemia", disse. Quanto às medidas adotadas nesta quarentena serem mais brandas que o que foi praticado em maio de 2020, Longo disse o seguinte: “Naquela época, havia rodízio para circulação de veículos e restrição maior dos serviços autorizados a funcionar”. De acordo com o secretário, o Estado "buscou fazer medidas restritivas baseadas na experiência anterior". Ele disse, ainda, que não "houve uma diminuição dos efeitos desse processo".

Bolada para emendas – O relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), cancelou R$ 26,46 bilhões em despesas do seu parecer e remanejou os recursos para obras e gastos dos ministérios. A mudança foi apresentada, ontem, numa complementação de voto. O Ministério do Desenvolvimento Regional ficou com R$ 8,7 bilhões. O Fundo Nacional de Saúde, com R$ 8,3 bilhões. Para fazer as mudanças, foram cancelados recursos reservados inicialmente pelo Poder Executivo para benefícios previdenciários (R$ 13,5 bilhões), para abono salarial (R$ 7,4 bilhões) e para seguro-desemprego (R$ 2,6 bilhões).

CURTAS

REPÚDIO – O gesto feito por Martins, pouco antes de ajeitar a lapela de seu terno, é parecido com um sinal de “Ok”. No Brasil, faz alusão ao ânus. Nos Estados Unidos, o mesmo gesto é usado por supremacistas brancos que exaltam o que chamam de “White Power” (poder branco). “Nós queremos aqui uma vez mais repudiar todo e qualquer ato que envolva racismo ou discriminação de qualquer natureza, repudiar qualquer tipo de ato obsceno caso tenha sido essa a conotação no Senado ou fora dele”, declarou Pacheco.

TRANSPLANTADOS – Pacientes renais crônicos, transplantados e portadores do vírus HIV podem ser priorizados no processo de imunização contra a Covid-19 se a Câmara dos Deputados aprovar projeto da deputada Mara Rocha (PSDB-AC). “São eles os pacientes renais crônicos, pacientes transplantados e portadores do vírus HIV, que também apresentam enormes chances de agravamento da doença em função das comorbidades que os acometem e que, portanto, precisam ser priorizados nas primeiras filas da vacinação”, alegou.

Perguntar não ofende: A nova eleição em Arcoverde deve ser marcada pelo TSE já em maio, diante de mais uma decisão tomada ontem pelo TRE?

Fonte: Blog do Magno Martins.


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