sexta-feira, 1 de abril de 2022

Fraco, sem cheiro de povo

 


Pré-candidato do PSDB ao Planalto, respaldado em prévias do partido, o governador de São Paulo, João Doria, jogou a toalha, ontem, logo cedo, mas depois recuou mantendo-se no páreo. O vaivém do tucano é consequência da falta de apoio dos próprios caciques, liderados pelo ex-candidato e atual deputado federal Aécio Neves.

Nos últimos dias, Aécio e Tasso Jereissati, senador pelo Ceará, promoveram um verdadeiro complô contra Dória. Fizeram a cabeça do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que perdeu as prévias para Dória, a se manter no partido, com a promessa de que seria o candidato, porque o governador paulista não decola como alternativa de terceira via capaz de quebrar a polarização Bolsonaro x Lula.

Leite ficou e vai quebrar a cara, porque Dória, mesmo não tendo chances, não vai desistir, conforme deixou claro, ontem, depois de recuar e implodir a tucanada paulista. Insuflados pelo vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que já havia comprado a beca para a posse amanhã, um grupo tucano chegou a ameaçar Dória com a abertura de um processo de impeachment. Foi preciso o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, agir como bombeiro para apagar o incêndio.

Dória vai se arrepender terrivelmente do seu recuo. Trocou dois anos e meio de governar o maior Estado da Federação por uma aventura. Como jornalista e marqueteiro, o governador até que engana bem, mas como gestor é uma piada. Foi péssimo prefeito de São Paulo. Como governador, uma lástima, não tem marca, obras escassas e não imprimiu uma marca para ser reconhecida pela população.

É um político almofadinha, sem cheiro de povo, antinordestino, só conhece a Avenida Paulista. Se vier a andar no Nordeste, provavelmente não saberá distinguir uma vaca de um boi. Por isso, como candidato a presidente, suas chances de decolar não existem. Bolsonaro, que o odeia, botou um apelido em Dória que nunca mais ele vai se livrar: Calcinha apertada.

Que cara de pau! – O agora ex-governador João Doria (PSDB) afirmou a jornalistas ao final de seu discurso de despedida que as notícias sobre sua eventual desistência à disputa da Presidência da República foram uma “estratégia política”. Segundo o tucano, houve um planejamento prévio para que o presidente do partido, Bruno Araújo, tivesse de se manifestar publicamente em apoio a seu nome. “Diria que foi um comportamento estratégico. Isso faz parte da vida política também, ter estratégia para poder construir caminhos e solidificar esses caminhos. Não se pode agir apenas emocionalmente, a política exige raciocínio e eu aprendi a ter raciocínio no setor privado. Isso (o boato de que desistiria) foi para fortalecer a nossa candidatura e o PSDB”, disse Doria.

Aliado de mentirinha – A agora ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), tão logo deu adeus ao poder, ontem, assistiu, sem poder fazer nada, ao novo prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) dar cartão vermelho a metade do secretariado. Pelos menos, oito integrantes do primeiro escalão foram afastados, embora a versão é de que tenham pedido demissão. Diferente de Caruaru, em Petrolina e Jaboatão, cujos prefeitos Miguel e Anderson, respectivamente, também renunciaram para disputar o Governo, nenhum secretário foi demitido.

Ipojuca sitiada – Em Ipojuca, quem manda é a bandidagem. Depois de dois dias de tensão, resultando na morte de uma criança de 6 anos, o grupo que aterroriza e desafia o Governo sitiou novamente a cidade no início da noite de ontem. Obrigaram um ônibus lotado de turistas a parar, mandaram todos sair e depois tocaram fogo no automóvel. Fecharam ruas e o centro. Numa demonstração de quem são eles que mandam, ninguém entrava nem saia da cidade pelo menos até às 22 horas. Policiais? Pouquíssimos, até porque o Governo priorizou policiamento para o jogo do Sport contra o Fortaleza.

Nada se cria – Na sua fala, ontem, na despedida como prefeita de Caruaru, Raquel Lyra voltou a imitar o agora ex-prefeito de Petrolina, pré-candidato ao Governo do Estado pelo União Brasil. Recorreu ao mesmo lugar comum, afirmando que queria fazer em Pernambuco a mesma revolução que promoveu na capital do Agreste. No dia anterior, também copiou a ideia de antecipar a grade do São João. Como diria a máxima de Lavoisier, nada se cria, tudo se transforma.

Palmas acanhadas – Ao ser anunciado, ontem, num evento da Amupe, a Associação Municipalista de Pernambuco, o pré-candidato da Frente Popular ao Governo do Estado, Danilo Cabral, o Coronel Danulo, foi recebido friamente, com palmas bem tímidas. E olha que ele estufa o peito e se gaba de ter o apoio de mais de 100 prefeitos! Quando Jarbas enfrentou Arraes, o mito tinha também mais de 100 prefeitos. E levou uma surra histórica.

CURTAS

PROTESTO – Um dia após 60 alunos passarem mal ao comer merenda e colégio no Cabo de Santo Agostinho, estudantes realizaram, ontem, um protesto e exigiram mudanças na alimentação. Um dos jovens mandou recado ao governador: "Paulo Câmara, saia da picanha e venha comer a galinha da ETE", disse, se referindo à Escola Técnica Estadual Luiz Alves Lacerda.

APOIOS – Marília Arraes passou o dia, ontem, anunciando apoios. Primeiro, o prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, e seu irmão, o deputado estadual Gustavo Gouveia. Depois, o ex-prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, e no início da noite o ex-prefeito do Cabo, Lula Cabral. O que se diz é que o prefeito de Olinda, Professor Lupércio, também vai aderir.

Perguntar não ofende: E agora, com o fico de Dória, Eduardo Leite ainda se mantém no PSDB ou se filia ao PSD?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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