Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e técnicos de saúde do Hospital das Clínicas (HC) permanecem ocupando o prédio da reitoria, inclusive o gabinete do reitor Anísio Brasileiro. O protesto teve início da tarde de ontem, contra a adesão do HC à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ligada ao Ministério da Educação (MEC) e especializada na gestão de hospitais federais. Na manhã desta terça-feira, os manifestantes fecharam o acesso pelo portão principal.
O grupo, que vê na mudança uma “privatização” da administração do hospital, promete ficar no local até ser atendidos pelo reitor. Anísio Brasileiro, por sua vez, disse que tentou, por três vezes, marcar uma reunião com os líderes do movimento fora do gabinete, mas que eles exigiam a presença do gestor na sala, o que, segundo ele, seria “um desrespeito à instituição”.
O grupo pede a anulação da decisão do Conselho Universitário, que aprovou a adesão em reunião realizada na manhã de ontem. Segundo o reitor, não há possibilidade de a decisão ser alterada. Ele destaca que a universidade irá entrar hoje com um pedido de reintegração do terreno na Advocacia Geral da União (AGU).
A reunião do Conselho Universitário teve início às 9h e foi aberta a toda a comunidade acadêmica. Segundo o reitor, a ata já seguiu para Brasília e o contrato deve ser assinado nos próximos dias. Após a votação, universitários e alguns servidores entraram no auditório Jorge Lobo do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e começaram a protestar. Em seguida, o grupo foi para a reitoria. Apesar de não terem acontecido grandes problemas, os seguranças foram acionados para evitar danos ao patrimônio. Segundo os alunos, porém, alguns manifestantes chegaram a ser agredidos no momento da ocupação.
Em sinal de protesto, o grupo fixou cartazes nas portas da reitoria. “Nós queremos que o assunto seja discutido na universidade e esperamos que a decisão desse conselho seja anulada. A adesão ao Ebserh significa a privatização do Hospital das Clínicas. Isso vai ser um prejuízo para a população e para as pessoas que trabalham no hospital”, comentou o estudante de música Leonardo Assis, 24 anos. O engenheiro agrônomo Túlio de Luna, 25, do Diretório Central de Estudantes (DCE), também estava com o grupo que ocupou a reitoria no início da tarde de ontem. “Entre as mudanças pelas quais o hospital vai passar está o prejuízo aos funcionários também. Se o hospital passar a ser gerido por essa empresa, eles perderão os direitos dos servidores públicos e deverão ser avaliados por produtividade, correndo o risco de perderem seus empregos”, alegou Luna.
Já de acordo com o reitor Anísio Brasileiro, a adesão do HC ao Ebserh não significa privatização e traz novas perspectivas para a unidade de saúde. “Com isso, no próximo ano, já poderemos fazer um concurso público para preenchimento de 929 novas vagas já autorizadas pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Com o ingresso dos aprovados, o quadro de recursos humanos do HC aumentará em quase 60%. As vagas serão destinadas para profissionais da área administrativa e da saúde. Além disso, haverá uma redução de 30% nos custos para as compras de equipamentos, porque iremos participar de um pregão nacional”, explicou o reitor da UFPE.
Fonte::Diario de PE.
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