segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Evandro não foi o primeiro nem será o último

O estilo da governadora Raquel Lyra (PSDB) já era bem conhecido em Caruaru, município que geriu antes de subir as escadarias do Palácio do Campo das Princesas. Ficou marcado pela aversão ao diálogo, extrema concentração nas decisões e autoritarismo. Basta conversar com qualquer político que conviveu com a tucana no chamado País de Caruaru.

Ao tomar as rédeas do poder estadual, Raquel não mudou nada. Só piorou. Isso tem resultado numa terrível instabilidade no cerne da sua equipe. Em oito meses, quatro secretários não suportaram o convívio diário com o seu mau humor e caíram fora. Evandro Avelar, o mais recente, estava exausto do viés autoritário dela. Comandava uma das pastas mais importantes, a de Infraestrutura, que envolve projetos estruturadores.

Evandro não foi o primeiro e nem será o último. Com exceção dos áulicos, é difícil tolerar quem governa sem dar o mínimo de liberdade e autonomia para trabalhar. Raquel quer controlar tudo. Pensa que Pernambuco é Caruaru. A máquina, maior inimiga de um gestor, engole qualquer um. Já engoliu a primeira governadora do Estado, que a fez ficar tonta, mais perdida que cego em tiroteio.

Evandro caiu fora porque Raquel não sabe nem priorizar o que fazer com a dinheirama do empréstimo para melhorar as estradas, o sistema de transportes públicos e os projetos de infraestrutura. Ela enxuga gelo. Do jeito que vai, não terá nada o que apresentar de resultados ao final do seu primeiro ano de gestão. 

Faz um governo medíocre, sem rumo e sem planejamento. Sem uma equipe experiente e agregadora. Parece mais a República de Caruaru.

Indicação do pai – Cria do ex-senador Sérgio Guerra, o engenheiro Evandro Avelar tem larga experiência no setor público. Curinga, dá certo em qualquer lugar que for escalado, especialmente infraestrutura, sua área. Chegou ao Governo Raquel por uma indicação do pai dela, o ex-governador João Lyra Neto, a quem Evandro serviu no seu curto mandato, em substituição a Jarbas Vasconcelos. 

Surpresa e impacto – A queda de Evandro se confirmou na última sexta-feira. Provocou surpresa nos meios políticos, principalmente no Interior, onde prefeitos aguardavam com ansiedade a retomada de obras viárias iniciadas ainda na gestão Paulo Câmara. O agora ex-secretário também estava envolvido num projeto de melhoria do transporte metropolitano, quando foi obrigado a suspender, porque não teve autonomia para resolver uma confusão envolvendo a retirada de 200 ônibus de um consórcio metropolitano.

Enfim, sai a reforma – De volta da África do Sul, o presidente Lula deve anunciar esta semana, provavelmente amanhã, a reforma do seu ministério, que parece ter uma cara bem maior do que se esperava, porque envolve não apenas a presença de dois novos auxiliares – Fufuca e Silvio Filho – mas também remanejamentos e a entrega da Caixa Econômica ao PP, de Arthur Lira, presidente da Câmara, de porteira fechada.

Tá bem distante – Abandonada no processo da escolha para o Tribunal de Contas do Estado, a deputada Débora Almeida foi estrela solitária do PSDB de Pernambuco no congresso da legenda em São Paulo, no último fim de semana. Embora presidente estadual da legenda e liderança tucana em ascensão nacional, a governadora Raquel Lyra não deu o ar da sua graça, motivando especulações de que está com seus dias contados no partido. 

A caminho do PSD – Cacique nacional do PSD, partido que controla com mão de ferro, o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, alimenta forte expectativa na filiação da governadora Raquel Lyra. Seu fiel escudeiro em Pernambuco é o ministro da Pesca, André de Paula, que, há pouco, aderiu ao governo da tucana, indicando sua filha Cacau de Paula para a pasta de Cultura. 

CURTAS

LANÇAMENTO – O senador licenciado Jarbas Vasconcelos ganha uma biografia em dois volumes, saindo da pena do talentoso jornalista Ennio Benning. A noite de autógrafos será na próxima quinta-feira, no JCPM, no Pina.

SALA – Já o ex-vice-presidente Marco Maciel recebe a primeira homenagem do Senado dois anos após a sua morte: uma sala com o seu nome na ala das comissões. A proposição foi do senador Fernando Dueire, que substituiu Jarbas. 

Perguntar não ofende: qual a próxima vítima de Raquel?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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