O deputado federal Aécio Neves
Divulgação/Câmara dos Deputados/Luiz Macedo
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) solicitou e recebeu propinas em um 'sofisticado esquema de contabilidade paralela', acusa a PGR (Procuradoria-Geral da República) em denúncia apresentada na quinta-feira (30) ao STF (Supremo Tribunal Federal).
As vantagens indevidas que somam R$ 65 milhões teriam sido pagas pelas construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez em troca de influência política do tucano na concessão e construção de usinas hidrelétricas em Rondônia.
Os repasses teriam sido realizados entre 2009 e 2011, período em que Aécio ocupou os cargos de governador de Minas Gerais e senador do Estado. As vantagens indevidas foram pagas através de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas e antigo aliado do tucano, e pelo empresário Alexandre Accioly, da rede Bodytech. O tucano foi denunciado por 22 atos em que solicitou, aceitou e recebeu propina.
A Procuradoria indica que o codinome atribuído a Aécio, conforme delação de executivos do grupo Odebrecht, em especial Marcelo Odebrecht, era 'mineirinho'. O pagamento de consistiu, de acordo com a PGR, com um 'sofisticado esquema de contabilidade paralela', no qual foi ocultado a origem, propriedade, localização e movimentação dos recursos de origem ilícita.
De acordo com a PGR, os pagamentos 'tiveram como objetivo obter apoio político, no sentido de promover desentraves burocráticos relativos ao Projeto Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antonio e de Jirau) - valendo-se da condição de Governador de Minas Gerais e do cargo de Senador -, fazendo com que o andamento de processos administrativos, licenças e autorizações de interesse da Odebrecht tivesse tramitação rápida e sem óbices, bem como interferir junto ao governo federal para anulação da adjudicação da obra referente à Usina Hidrelétrica de Jirau'.
"Além disso, Aécio Neves e os executivos da Odebrecht concorreram para um ciclo de lavagem de dinheiro que envolveu ocultação e dissimulação por esquema sofisticado de lavagem, uso de terceiros para obtenção de dinheiro, para transporte e para recebimento, além de uso de codinomes e senha para compartilhamento com seu preposto, tudo a escamotear a origem ilícita do dinheiro", afirma a PGR.
A Procuradoria também indica 'cadência da evolução patrimonial' de Aécio em declarações à Justiça Eleitoral, que teria sofrido um salto após o pagamento das propinas. Em 2010, o tucano declarou em campanha ao Senado patrimônio de R$ 617 mil. Quatro anos depois, em 2014, o patrimônio declarado saltou para R$ 2,5 milhões.
Procurada pela reportagem, a defesa do tucano afirmou que 'não há e nunca houve qualquer crime por parte de Aécio Neves'. "Foi demonstrado exaustivamente que as conclusões alcançadas pelo delegado são mentirosas e desconectadas dos próprios relatos dos delatores e, o que é mais grave, das próprias investigações da PF", disse o criminalista Alberto Zacharias Toron.
A defesa de Alexandre Accioly afirma não teve acesso a eventual denúncia apresentada em seu desfavor. Em diversas manifestações ao longo da investigação, Alexandre Accioly provou documentalmente que não é e nunca foi intermediário de Aécio Neves. Não recebeu qualquer valor ilícito em nome de ninguém, muito menos das empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez ou qualquer outra, segundo a defesa.
Fonte:por Agência Estado.
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