O bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, concentrou 12,8% dos imóveis novos vendidos no ano passado |
Escassez de terrenos para novas construções, popularização do crédito imobiliário, menor número de lançamentos voltados às classes A/B. As razões para que o antigo sonho de comprar um imóvel de três quartos fique cada vez mais distante dos moradores do Grande Recife são muitas. Tanto que os apartamentos de dois dormitórios - que cabem melhor no bolso - foram responsáveis por 69% das vendas de imóveis em dezembro, de um total de 4.244 unidades ofertadas no mercado. Os dados são do relatório mais recente do Índice de Velocidade de Vendas (IVV), calculado pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe).
A falsa impressão de queda no preço dos imóveis no segundo semestre de 2012 também pode ser explicada pela baixa procura dos três quartos, que provocou uma acomodação nas vendas. Embora eles sejam os imóveis preferidos da classe média, responderam por apenas 16% do total de unidades comercializadas no último mês de 2012, por exemplo. No ano passado, foram vendidos, em média, 603 imóveis novos por mês no Grande Recife.
De acordo com a Unidade de Pesquisas Técnicas (Upetc) da Fiepe, o IVV, embora teve registrado uma leve queda de 0,9% entre 2012 e 2011, manteve-se no mesmo patamar desde o boom imobiliário iniciado em 2010. No ano passado, foram 8.051 lançamentos - cerca de 3 mil a mais do que a quantidade que chegou ao mercado imobiliário em 2011. Os bairros que concentraram a maior parte das vendas? Peixinhos (32,5%), Centro de Ipojuca (14,2%) e Boa Viagem (12,8%).
Jairo Rocha, diretor da imobiliária Jairo Rocha Brasil Brokers, explica que os imóveis de dois quartos atendem à demanda de investidores |
“Essa redução na comercialização de produtos com três cômodos se deve, em parte, à oferta de projetos menores para atender à demanda empresarial do estado. O mercado local está recuperando uma defasagem de 15 anos do setor com o resgate de clientes que não tinham acesso ao crédito”, esclarece Jairo Rocha, diretor da imobiliária Jairo Rocha Brasil Brokers.
Outra razão para a queda, segundo Danyelle Monteiro, economista da Uptec/Fiepe, é que novos locais estão sendo alvo de investimentos. “A escassez de terrenos no Recife e a alta especulação de preços dessas áreas que ainda podem receber empreendimentos fazem com que as construtoras invistam em novas centralidades, como as cidades de Camaragibe, Ipojuca, Paulista e São Lourenço da Mata. Antes, essas localidades nem constavam nas pesquisas do IVV”, destaca.
Além disso, a grande maioria dos consumidores permanece assustada quanto ao valor cobrado do metro quadrado no Recife, que em 2012 teve a maior valorização do país. Entre janeiro e dezembro, o preço dos imóveis prontos chegou a subir 17%, segundo apontou o Índice FipeZap de Imóveis Anunciados, da Federação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
No acumulado dos 12 meses do ano passado, o preço médio oscilou entre R$ 5 mil e R$ 5,5 mil, situando-se como o quarto mais caro de seis capitais pesquisadas (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza), além do Distrito Federal.
Mas a elevação, de acordo com os analistas, ocorreu apenas no primeiro semestre. No segundo, houve uma desaceleração, com picos mínimos de variação. Agosto (0,2%) e novembro (0,45%) foram exemplos da queda. “A mesma localidade pode apresentar diferentes preços de metro quadrado, dependendo do acabamento do produto ou do compromisso firmado entre comprador e empreendedor”, acrescenta Jairo Rocha.
Para os representantes do setor, a “acomodação” dos valores dos imóveis no último semestre se traduz, de fato, em estabilidade, mas não em queda. Redução propriamente dita, aliás, está descartada. “No Recife, os preços não devem cair por que a oferta de terrenos é mínima. Os preços estão ajustados e o que pode ocorrer são elevações de acordo com os indexadores, como o INCC, e os insumos”, diz Rocha.
Fonte :Diário de PE.
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