quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

O maior desafio de Tadeu Alencar

 

O ministro da Justiça, Flávio Dino, é do mesmo partido de Tadeu Alencar, o PSB, mas não o escolheu secretário nacional de Segurança Pública obedecendo critérios políticos, até porque o grande desafio entregue nas mãos do atuante deputado pernambucano, infelizmente não reeleito, foge – e muito – das questiúnculas partidárias.

Tadeu é um quadro público por excelência. É formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, com especialização em Direito Tributário em parceria com a Escola Superior de Administração Fazendária (ESAF). Trabalhou no Banco do Brasil entre os anos de 1982 e 1991. Em 1991, tornou-se auditor do Tribunal de Contas do Estado, permanecendo até 1993.

Presidiu a Associação dos Servidores do TCE. Em 1993, aprovado em concurso público de provas e títulos, tornou-se Procurador da Fazenda Nacional, ocupando a chefia do órgão como procurador Regional da Fazenda Nacional da 5ª Região, com atuação no TRF-5, em novembro de 2000. Atuou como procurador-geral adjunto da Fazenda Nacional entre março de 2003 e maio de 2006, em Brasília, durante o primeiro governo Lula.

Em 2007, recebeu o convite do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para integrar seu primeiro Governo, como procurador geral do Estado. Depois, assumiu a Secretaria da Casa Civil. Descoberto por Eduardo Campos, tinha todos os atributos para ser escolhido pelo próprio Eduardo candidato a governador em 2014, mas acabou triturado pelo chamado fogo amigo, num jogo maquiavélico que fugiu ao seu controle.

Lançou-se para a Câmara Federal em 2014. Reeleito em 2018, chegou a liderar o PSB na Câmara dos Deputados, mas nas eleições deste ano, mais uma vez, foi vítima do rolo compressor no próprio partido, montado para eleger Pedro Campos, filho de Eduardo. Fragilizado, Tadeu perdeu bases e apoios, não conseguindo a reeleição.

Competente, Tadeu tem pela frente, agora na condição de secretário nacional de segurança pública, entre os principais desafios, enfrentar o crime organizado no País, o que depende de uma articulação mais eficiente que dê respostas em nível nacional, e aumentar a eficiência das polícias nos estados para dar resposta à criminalidade de rua, como os assaltos.

A partir dos anos 1980, a violência passou a adquirir maior atenção do poder público no Brasil. Alguns fatores podem ser apontados como possíveis ações que alavancaram os debates: o crescimento no número de grupos armados em regiões periféricas, a ineficácia das ações policiais na manutenção da segurança, além do grave aumento no número de violências letais.

Nos dias atuais, nos deparamos com alarmantes estatísticas, ao mesmo tempo em que as entidades governamentais têm dificuldades para o estabelecimento de estratégias efetivas de combate a violência. De largada, Tadeu terá que discutir as possíveis causas da insegurança generalizada no âmbito nacional, diagnosticar quais são as atuais políticas desenvolvidas pelas instituições públicas para a manutenção da segurança.

Medidas repressivas não estão, há muitas décadas, mostrando-se eficazes no combate ao fenômeno da violência, e que exige do poder público uma discussão ampla junto à sociedade referente às ações adequadas para cada região.

Crime organizado – O crime organizado, maior desafio de Tadeu Alencar, funciona como um poder paralelo cujo tráfico de drogas é a principal fonte de sobrevivência financeira dessas facções. Estima-se que o narcotráfico movimenta por ano mais de 300 bilhões de dólares em todo o mundo. Outro agravante para o desenvolvimento do crime organizado no Brasil é a certeza da impunidade. As brechas da legislação permitem que os líderes mais poderosos não sejam punidos ou escapem com facilidade das condenações.

Estado mais sangrento – O número de mortes por causas violentas cresceu 81% em 2022, em relação ao mês de janeiro do ano passado. Com o fim do isolamento, os índices de óbitos em razão de homicídios, acidentes de veículos e suicídio contribuíram para o registro mais mortal desde o início da série histórica, em 2003. Os dados são dos Cartórios de Registro Civil. Macapá tem a maior taxa de mortes violentas intencionais (MVI) entre as capitais brasileiras, de acordo com a 16ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A capital do Amapá registrou taxa média de 63,2 mortes violentas por 100 mil habitantes no ano passado.

Capital mais violenta – Entre todos os municípios, conforme o anuário, São João do Jaguaribe (CE) é apontada a cidade mais violenta do País, com taxa média de 224 mortes violentas por 100 mil habitantes. Na outra ponta do ranking de homicídios entre as capitais, Manaus teve a maior variação, com 58,7%, passando de 29,6 para cada 100 mil habitantes para 47. Nos casos de feminicídio, Palmas é a capital com maior taxa, de 4,3 mortes por 100 mil habitantes. A menor é a de Fortaleza, com 0,3.

Deu para trás – O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), recuou na indicação de Edmar Moreira Camata para a diretoria-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Para o cargo, Dino indicou Antônio Fernando Oliveira, policial rodoviário federal desde 1994 e que foi superintendente da corporação no Maranhão.

Vida de cão – A governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) era feliz e não sabia quando prefeita de Caruaru. Nos últimos dias, na difícil tarefa de montar o seu primeiro escalão estadual, perdeu o sono, a tranquilidade e a paciência devido às fortes pressões dos partidos por espaço no Secretariado. Se é fato que seu núcleo duro será técnico, com certeza nunca mais terá paz. As chafurdações nos bastidores são o termômetro dessa situação.

CURTAS

LADAINHA – No seu instagram, Raquel Lyra voltou a repostar, ontem, como se estivesse mandando um recado aos que estão ansiosos por cargos: “Serei a governadora que vai construir pontes, nunca muros”. Também postou: “Estamos trabalhando hoje para avançar nos últimos detalhes do nosso balanço de transição de mudança de governo”.

DIÁLOGO – Já a vice-governadora eleita Priscila Krause (Cidadania) postou nas suas redes sua despedida, ontem, da Assembleia Legislativa, fazendo um gesto com os colegas de parlamento: “Fiquem certos que Pernambuco precisa desta Casa. O Governo Raquel sempre terá as portas abertas para o diálogo”.

Perguntar não ofende: Quando, enfim, Raquel vai anunciar a sua equipe?

Fonte: Blog do Magno Martins.

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