segunda-feira, 4 de outubro de 2021

PSB dá adeus a Geraldo

 


A um ano da eleição, no PSB, partido que detém o poder em Pernambuco, o cenário é de indefinição quanto ao candidato do partido que será posto à mesa para disputar a sucessão do governador Paulo Câmara. Ex-prefeito do Recife, respondendo hoje por Suape (a pasta que dirige se resume ao porto), Geraldo Júlio deixou de ser o nome natural. Abandonado pelo próprio partido – nem sequer aparece nos atos do Governo no Interior –, parece ser carta fora do baralho.

Criou incompatibilidades com Deus e o mundo. Não está bem com o governador, perdeu a interlocução no âmbito familiar (leia-se Renata Campos e herdeiros de Eduardo), deixou de ter voz ativa no núcleo duro do PSB, e o mais grave, que o levou a tornar público, reiteradas vezes, que não é candidato: não aparece uma só voz em defesa das acusações que levaram sua imagem para o fundo do poço.

Tudo começou com as sete operações da Polícia Federal em sua gestão para apurar desvios de recursos federais da covid. No comando de Suape, não consegue emplacar uma só licitação, postas abaixo por suspeitas de direcionamento ou superfaturamento pelos órgãos de controle. De paparicado quando detinha o poder e parecia ser o sucessor natural de Eduardo (até no vestuário imitava o ex-governador vestindo camisas brancas), Geraldo se transformou em indigente político.

Sumiu da mídia, ninguém fala mais em sua candidatura, virou um burocrata que bate ponto na pasta que dirige. Quando deu a primeira nota da suposta desistência, não apareceu uma só voz, nem dentro do partido, para choramingar sua atitude. Esperava que houvesse uma reação conjunta dos líderes da Frente Popular para lhe buscar em casa como a tábua de salvação. Não houve. Nem João Campos, a quem ajudou eleger como sucessor, abriu a boca e não se manifesta mais em favor da sua candidatura.

Isolado, Geraldo virou um político sem torcida dentro do seu próprio grupo. Não tem sequer tarefeiros para cumprir missões indesejadas. Maquiavel dizia que o primeiro método para estimar o tamanho de uma liderança política é olhar para os homens à sua volta. A política não se faz com uma pessoa só. É por isso que é imprescindível prestar atenção nos grupos que constituem um projeto de candidatura majoritária.

Os grupos de poder e partido, no PSB e no conjunto da Frente Popular, abandonaram o ex-prefeito. Preferem lembrar os nomes de Zé Neto, secretário da Casa Civil, do deputado Tadeu Alencar, e da secretária de Infraestrutura, Fernandha Batista. Maquiavel também ensinou que a política sem amor nos deixa egoístas, e a fé sem amor nos torna fanáticos. Para exercer a política e a fé, devemos pensar nos outros com empatia e com compaixão. Senão, seguiremos apenas os nossos interesses e objetivos.

Geraldo esqueceu os princípios básicos de Maquiavel.

O amor se foi – O que se diz no Palácio das Princesas, onde até o Curió com o seu canto belo sabe, é que o governador e o ex-prefeito Geraldo Júlio estão de relações estremecidas já tem um bom tempo. E, a depender de Paulo Câmara, não haverá o menor esforço para que possam cantar a musicazinha “Amigos para sempre”. O coração de Câmara para 22 balança em torno de Zé Neto ou Fernandha. Como diz o preceito bíblico, viva que o tempo dirá!

Carta fora – De um socialista que bate ponto nas Princesas, vez por outra, para sentir para que direção o vento vai soprar na construção da candidatura governista à sucessão de Paulo Câmara: “De uma coisa, eu tenho certeza: Geraldo é carta fora do baralho.” Ele chegou a soprar no ouvido do governador para correr, porque o tempo voa. A eleição de 22 será realizada exatamente daqui a um ano. Em janeiro, as campanhas já estarão nas ruas.

Candidatíssimo – Já no bloco da oposição, uma só certeza: o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), não tem mais caminho de volta no projeto de disputar o Governo do Estado. Não se tem a mesma certeza em relação aos outros dois pré-candidatos da mesma linhagem oposicionista: Raquel Lyra (PSDB), a Mainha, prefeita de Caruaru, e Anderson Ferreira (PL), prefeito de Jaboatão dos Guararapes. Quanto a estes, o que se diz é que já teriam fechado um acordo pelo qual o que estiver melhor nas pesquisas em abril abre para o outro. No Recife, em 2020, Mendonça Filho foi nessa com Daniel Coelho e se deu mal.

Só serve ao PCdoB – Aprovada no bojo da mini reforma politica pelo Congresso, as chamadas federações partidárias não resolvem a vida da expressiva maioria da bancada federal de Pernambuco. Servirão apenas para fechar uma coligação branca entre PT e PCdoB. Nenhum outro partido adere a essa federação. O PSB, por exemplo, que poderia ser o terceiro, não deseja ficar atrelado a compromissos que duram todo o mandato de quatro anos. Deputados ameaçados de não emplacarem a reeleição só se salvariam de fato se o Senado não tivesse dado um não ao regresso das coligações.

Terceiro mais poderoso – Para onde caminha o PDT em Pernambuco? “Tenho compromisso com Ciro e vou com ele até o fim”, garante o deputado Wolney Queiroz, líder do partido na Câmara dos Deputados. Quem imaginar que o deputado trairá Ciro, pulando para o palanque de Lula, tendência majoritária dos demais partidos que dão sustentação, hoje, ao Governo Paulo Câmara, pode tirar o cavalinho da chuva. Na hierarquia de poder nacional do PDT, Wolney hoje é o terceiro, ficando abaixo apenas do presidente nacional, Carlos Lupi, e do próprio presidenciável Ciro.

CURTAS

Já era esperado – Não houve surpresas nos resultados das eleições suplementares para prefeito de Capoeiras e Palmeirina realizadas ontem. Nêgo do Mercado, eleito pelo PSB em Capoeiras, além de ser o comerciante mais forte da cidade, tinha o apoio do grupo que está no poder. Já a delegada Thatianne Macedo, do Solidariedade, aparecia à frente de todas as pesquisas em Palmeirina, onde derrotou dona Marili, 77 anos, mãe do ex-prefeito Eudson Catão (MDB).

Sem eleições – Não há mais previsão de eleições suplementares em Pernambuco. Em Arcoverde, o prefeito Wellington Maciel (MDB) já derrubou o processo de anulação da sua eleição em todas as instâncias. Já em Pesqueira, o que se diz por lá é que o processo da volta do Cacique Marquinhos (Republicanos), eleito e afastado, depende apenas de uma leitura do STF em relação à interpretação do seu afastamento por se encaixar na lei da ficha limpa, que seria favorável a ele.

Perguntar não ofende: Por que o povo não foi às ruas atendendo ao chamamento da oposição? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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