O PSOL pediu, nesta terça-feira (1º), a cassação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por quebra de decoro parlamentar após ela perseguir e apontar um revólver a um homem em São Paulo, na semana passada.
O partido pede ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que o documento seja recebido pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa com a devida instauração do processo disciplinar. Quer que seja apurada a prática de “conduta atentatória contra o decoro parlamentar” e, como pena, pede a perda do mandato de Zambelli. O pedido é assinado pelo presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, e a bancada do partido na Câmara.
De acordo com a representação apresentada, “não há qualquer dúvida que a motivação da violência perpetrada pela representada [Zambelli] se deu por motivos políticos, sendo conhecida pela defesa ferrenha do atual presidente da República, que, destaque-se, foi derrotado nas urnas no dia seguinte ao episódio de violência”.
Na peça, o PSOL diz que, “ainda que tenha se sentido pessoalmente ofendida pelas falas da vítima, a representada e seus assessores não poderiam ter agido do modo que agiram, colocando em risco a segurança da vítima e de todos os cidadãos de uma região movimentada da cidade de São Paulo”.
Na avaliação do partido de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL), “os atos são puníveis porque a representada deu causa à confusão que culminou na perseguição com armas em punho e agressões de sua horda de seguranças contra um homem negro que demonstrou descontentamento com o governo Bolsonaro”.
Por isso, os psolistas alegam que ela agiu de forma incompatível com o decoro parlamentar e, portanto, deve perder o seu mandato.
Outro ponto do documento diz que Zambelli “se referiu por diversas vezes à vítima como “um negro”, revelando o que pensa sobre a população negra brasileira, motivo pelo qual a sua permanência no Câmara dos Deputados é atentatória ao decoro desta Casa”.
A representação ainda afirma que a intenção de Zambelli “era justamente promover provocação e fazer uso de sua arma de fogo a fim de criar um fato político à véspera da eleição”. Também traz possíveis crimes praticados por ela no caso, como porte ilegal de arma de fogo, disparo de arma de fogo e lesão corporal.
No último dia 29, véspera do segundo turno das eleições, a parlamentar se envolveu em uma confusão na capital paulista. Ela foi filmada entrando em um bar com um revólver em punho nos Jardins, bairro da zona central da capital paulista.
As imagens mostram a movimentação de algumas pessoas em direção a um bar, localizado em uma esquina. Na sequência, Zambelli aparece na gravação atravessando a rua em direção ao mesmo estabelecimento com uma arma em punho.
A gravação tem fim com uma discussão entre a deputada e alguns homens dentro do bar.
Segundo Zambelli, um grupo de homens tentou intimidá-la, e um deles a empurrou no chão. Ela diz ter apontado o revólver na intenção de deter o sujeito até a chegada de policiais militares, e nega ter praticado racismo.
Na ocasião, Zambelli afirmou ter “ignorado conscientemente” a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe o transporte de armas no dia que antecede a eleição.
O homem perseguido por Zambelli afirmou à CNN que a confusão teve início depois de ele ter gritado “te amo, espanhola” para a parlamentar.
A mensagem é uma referência a uma fala do senador Omar Aziz (PSD-AM) durante a CPI da Covid-19, no ano passado. Na ocasião, após troca de ataques entre Zambelli e o senador, Aziz publicou em seu Twitter um trecho da música “Espanhola”.
De acordo com o rapaz, que preferiu não ser identificado, ele estava saindo de uma festa com amigos na região da avenida Paulista e usava um boné do MST quando foi encarado pela parlamentar e sua comitiva. Nesse momento, ele admite que xingou a deputada.
“Quando eu estava saindo da discussão, eles começaram a me xingar também. Aí, eu falei aquela fala do Omar Aziz, da CPI da Covid, que ele falou sobre a Zambelli: ‘Te amo, espanhola’”, afirmou o rapaz. “Foi nessa hora que ela tropeçou e perdeu completamente a linha. Dois ou três [integrantes da comitiva] sacaram a arma ali. Um deles atirou em mim e quase pegou na minha perna.”
O jovem afirma que em nenhum momento houve qualquer tipo de agressão física ou “cuspida” por parte dele em direção a Zambelli. Ao ver que a deputada e mais um homem que a acompanhava correram em sua direção com armas em punho, ele saiu correndo e se escondeu num bar. Ele disse ter sido agredido por pessoas que estavam no comércio.
Um segurança da deputada chegou a ser preso em São Paulo pela Polícia Civil, na noite de sábado, por disparo de arma de fogo. De acordo com o delegado Percival, do 78º DP, “o mesmo foi preso haja vista ter efetuado um disparo de arma de fogo em direção ao solo”.
Em seguida, foi arbitrada fiança no valor de um salário mínimo, que foi paga e então o segurança foi liberado. O caso foi comunicado à Justiça Eleitoral para análise.
Fonte: Blog da CNN.
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