terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Com PT, oposição oficializa apoio a Baleia Rossi à presidência da Câmara

 (Foto: Luis Macedo/Agência Câmara)
Foto: Luis Macedo/Agência Câmara


PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede oficializaram, nesta segunda-feira (4), apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para a presidência da Câmara, contra o líder do Centrão e preferido do presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), como publicado anteriormente pelo Correio. Maior partido da Casa, com 52 parlamentares, o PT se reuniu um pouco antes do anúncio e decidiu pelo apoio a Rossi, numa votação que terminou em 27 a 23. O PSOL ficou de fora e deve tomar decisão no próximo dia 15.

O apoio do PT era de extrema importância a Baleia Rossi, que aguardava a definição para lançar sua candidatura, o que deve ocorrer na próxima quarta-feira (6), ao lado das legendas do bloco que foi capitaneado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Agora, o grupo, que prega a independência da Casa em relação ao Executivo, conta com 11 partidos, que somam 261 deputados.

Lira, por sua vez, já tem o apoio do PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, PROS, Patriota, PSC e Avante, somando 195 deputados. O PTB também deve apoiar Lira, quando há algumas semanas o presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, prometeu ao parlamentar o apoio, o que soma mais 11 deputados.

Em uma carta, após confirmarem o apoio, as legendas de esquerda frisaram que o apoio é em torno de uma Câmara independente. No documento, assinado pelos líderes dos cinco partidos além dos líderes da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, Carlos Zarattini (PT-SP), eles pontuam que o governo federal é “irresponsável diante da pandemia” e que o país é “chefiado por um presidente da República que ao longo de sua trajetória sempre se colocou contra a democracia”.

“Nós, dos partidos de oposição, temos a responsabilidade de combater, dentro e fora do Parlamento, as políticas antidemocráticas, neoliberais, de desmonte do Estado e da economia brasileira”,ressaltaram.

E foi essa responsabilidade, segundo eles, que os uniu aos demais partidos do bloco de Maia, além da intenção de derrotar o presidente “e sua pretensão de controlar o Congresso”. Os partidos informaram, então, que a intenção é construir uma série de compromissos com o objetivo de “defender a Constituição”, “proteger a democracia” e as instituições, “assegurar a soberania nacional", “garantir a independência do Poder Legislativo” e “lutar pelos direitos do povo brasileiro”.

Os partidos pedem que questões como convocação de ministros para prestar contas na Casa e instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) não sejam engavetadas, além de frisar o respeito ao processo legislativo constitucional e regimental, assegurar que a oposição poderá “exercer seu dever de contrapor-se ao governo tal qual garantem a Constituição e o regimento” e garantir que haja proporcionalidade na indicação de relatorias das matérias que tramitam.

PT
Apesar de o bloco de Maia já ter sido formado lá atrás, os partidos ainda precisavam confirmar o apoio a Baleia Rossi, nome escolhido pelo atual presidente após intensas articulações. Havia uma particular resistência dentro do PT, com alguns integrantes favoráveis a uma candidatura própria, e as conversas foram individuais, com cada deputado.

A informação é de no momento da reunião da bancada, às 15h, já se sabia que a maioria já estava formada e, por isso, a reunião envolvendo outras legendas da esquerda já havia sido marcada para duas horas depois com previsão da presença do PT. A intenção era oficializar o apoio de forma conjunta, o que foi feito.

A deputada Maria do Rosário (RS) era uma das integrantes do PT que não queria que houvesse de antemão este apoio a Baleia. Antes da reunião, ela disse ao Correio que havia uma convicção geral de que é correto estar no bloco de Maia, contra o presidente Bolsonaro, mas que acreditava que o melhor caminho seria ter uma candidatura do PT e, ao final de janeiro, unificar em torno de um nome.

Há resistência em outras legendas também, como o PSB, e há um intenso trabalho dos líderes de convencimento dos parlamentares, visto que a votação é secreta - ou seja, nada impede que um deputado não vote no candidato orientado por sua legenda. E é com isso que conta o deputado Arthur Lira para conseguir a sua vitória.

Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) disse acreditar que isso não deve ocorrer no âmbito da legenda. "Acho que o diálogo que temos tido é muito positivo. A receptividade tem sido muito boa, os colegas têm entendido que é importante o partido caminhar unido na defesa da independência da câmara e da democracia brasileira. Seria grave que deputados do PSB descumprissem e colaborassem para entregar o comando da Câmara ao candidato do Bolsonaro", afirmou.

Grave ou não, ele e os outros líderes não saberão, se houver algum dissidente, principalmente nos partidos com bancadas grandes - como é o caso do PSB, com 30 deputados, e do PT, com 52. Vice-líder do PSB, Elias Vaz (GO) afirma que continua na legenda um processo de discussão e convencimento, na busca por uma unidade da bancada. Ainda em dezembro, o diretório nacional vetou, por 80 votos a 0, apoio a Lira. Conforme Elias, todos os partidos têm o risco de ter deputados que contrariem a orientação do partido. "Tem parlamentar do bloco do Lira e já manifestou para mim que vai votar no Baleia. É um processo que deve acontecer", afirmou.

Viagens
Com as definições, e o lançamento da candidatura de Baleia Rossi na quarta-feira, começam as viagens pelos estados em busca de apoio dos governadores. O emedebista deve ir primeiro para o Ceará, se encontrar com Camilo Santana (PT). Para o grupo do candidato, ele tem o apoio de 20 governadores, pensando nas legendas que estão apoiando o seu nome.

Para Elias Vaz, vice-líder do PSB, esta eleição deve se transformar em uma eleição dos governadores contra o presidente Jair Bolsonaro. "Ele [Bolsonaro] quer imputar aos governadores todas as dificuldades que o Brasil está enfrentando. Precisamos do mínimo de equilíbrio", afirmou, frisando que a disputa deve se intensificar nos Estados.

PSOL
As legendas de esquerda esperam que o PSOL decida por apoiar Baleia, apesar de contrariar uma tradição histórica de lançar candidatura própria. O entendimento geral é de que apoiar qualquer outro nome, se não o de Baleia, será dar votos para o candidato do presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL).

A líder Sâmia Bomfim (SP) pontuou ser favorável a apoiar Baleia Rossi. De acordo com ela, não se trata de uma "questão de princípio, mas, sim, uma questão tática".

"Vai ser inevitável dar o voto a ele no segundo turno. É uma questão de analisar o cenário. E, para mim, o pior dos mundos é a Câmara ser presidida por um bolsonarista. Seria mais difícil a nossa situação. A nossa prioridade maior é derrotar o Bolsonaro, e mostrar o movimento do PSOL nesse sentido. E isso passa pela escolha da definição do candidato a presidente da Câmara", explicou. 

Ela disse ao Correio que uma reunião está marcada para o próximo dia 15 com a bancada, a fim de definir o caminho. A parlamentar entende que o encontro poderia ser adiantado, mas também concorda que o assunto deve ser bem debatido internamente, sem atropelos. A bancada do PSOL possui 10 parlamentares.

Líder do PCdoB, Perpétua Almeida (AC) afirmou que "não é hora de marcar posição". "É hora de ajudar a derrotar uma agenda negacionista e reacionária. É muito importante a Câmara ser independente. Marcar posição é tirar voto da esquerda ou do centro", disse. 

Fonte: Por: Sarah Teófilo.

Por: Correio Braziliense.

Diário de PE.




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