Parte da mídia nacional fez uma leitura apressada e equivocada em relação ao resultado do desenho real da minirreforma ministerial fechada e anunciada na noite da última quarta-feira pelo presidente Lula. Cheguei a ler que Lula preservou os espaços do PT, para não contrariar o partido, referindo-se a não entrega do Ministério do Desenvolvimento Social ao Centrão.
Esta pasta, conduzida pelo petista Wellington Dias, ex-governador do Piauí e senador eleito pelo mesmo Estado, toca o programa Bolsa Família, a menina dos olhos de Lula. No início, o que se especulou, com versões do próprio ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, era que o Centrão iria abocanhar Desenvolvimento Social, mas sem o Bolsa Família.
Seria uma operação complicada transferir um programa social tão relevante, estruturado historicamente numa pasta que já cuida de outras ações na mesma linha, para um Ministério novo. Mas não foi isso que convenceu o chefe da Nação. O que o fez desistir da ideia maluca e atabalhoada foi a pressão da primeira-dama Janja Silva, esta sim, a toda poderosa.
Ela é amiga do peito de Wellington e desde o início se mostrou uma crítica contumaz da transferência do Bolsa Família para outra pasta. Comprou a briga, defendeu ardorosamente o trabalho de Wellington diante de ministros já convencidos e pressionados pelo Centrão, como o próprio Alexandre Padilha, a quem Lula delegou a relação com o Congresso, e o chefão e todo-poderoso Rui Costa, ministro da Casa Civil.
Entre mortos e vencidos, todos se salvaram. Na verdade, a reforma mais esperada do ano, que durou como uma novela mexicana, se encerrou em cima daquele velho preceito de que “A montanha pariu um rato”.
Média com as mulheres – Um dia após demitir Ana Moser do cargo de ministra dos Esportes para acomodar o deputado do Centrão André Fufuca (PP-MA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se cercou, ontem, das demais ministras do governo na tribuna de honra do desfile de 7 de Setembro. O local, com espaço para 250 convidados, permitiu que elas ficassem posicionadas atrás de Lula e da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. As ministras, porém, passaram boa parte do desfile ao lado do casal presidencial e interagindo com ambos.
Desagravo pelas redes – A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, fez um desagravo à ex-atleta Ana Moser, demitida do Ministério do Esporte para o presidente Lula dar assento ao PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Única mulher do primeiro escalão a se manifestar após o novo aperto na representatividade feminina na Esplanada, a ministra afirmou que Moser “recuperou o papel social transformador do esporte em 8 meses de governo”. “Atuou incansavelmente pela valorização do futebol feminino e pela igualdade entre atletas mulheres e homens. Tenho certeza de que nos encontraremos em futuras parcerias!”, escreveu Cida Gonçalves em uma rede social.
Prêmio de consolação – O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse, ontem, que Ana Moser, agora ex-ministra do Esporte, vai continuar colaborando com o esporte e as políticas públicas do governo, mas não citou de que forma. Em julho, foi aventada a possibilidade de criar um cargo de autoridade olímpica para Moser, porém não houve confirmação sobre o posto. “Quero registrar o carinho, a admiração e o agradecimento do trabalho que vinha sendo feito pela ministra Ana Moser na área do esporte. O presidente Lula tem uma grande consideração pela ministra Ana Moser”, disse Padilha a jornalistas antes do desfile de 7 de Setembro.
Ficou baqueada – A ministra do Esporte, Ana Moser, sacrificada no cargo para a entrada de André Fufuca (PP-MA), disse em nota que viu a troca com “tristeza e consternação”. Ela ainda lamentou que as promessas de campanha para a área tiveram pouco tempo para serem implementadas. “Esta gestão vê com tristeza e consternação a interrupção temporária de uma política pública de esporte inclusiva, democrática e igualitária no governo federal, mas entende que este caminho apenas começou a ser trilhado”, escreveu em suas redes sociais.
Aceno a Lula – A governadora Raquel Lyra (PSDB) surpreendeu, ontem, indo ao desfile do 7 de Setembro usando um vestido em tom vermelho, a cor do PT, partido do presidente Lula, com quem tem mantido uma relação tão próxima que já está causando uma grande ciumeira entre os aliados do Governo Federal em Pernambuco.
CURTAS
PARTE DO JOGO – O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, diz que o anúncio das trocas ministeriais consolida a “colaboração política” do PP e do Republicanos com o governo no Congresso e que mudanças no governo “fazem parte do jogo”. Conforme o ministro, os partidos já vinham ajudando a aprovar projetos de interesse do Executivo desde o ano passado.
GOVERNABILIDADE – “O compromisso que tivemos tanto do deputado André Fufuca, quanto do deputado Silvio Costa Filho, é que aquilo que essas bancadas já vêm garantindo dos projetos fundamentais, permitindo retomar crescimento econômico, retomar programas sociais, e salvar a democracia, que esse compromisso continue. Consolida a governabilidade no Congresso”, disse Padilha.
Perguntar não ofende: Em nome da governabilidade é correto entregar ao Centrão a CEF de porteira fechada?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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