terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A primeira traição

 

Winston Churchill, estadista britânico, famoso por sua atuação como primeiro-ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial, dizia que todo Governo que ousava fazer tudo, acabava não fazendo nada. Na campanha para prefeito do Recife, o não estadista João Campos prometeu o impossível e não cumpre sequer a palavra política empenhada.

Entre um discurso e outro, em meio a uma pancadaria sem igual, afirmou que em hipótese alguma o PT ocuparia espaço em seu Governo. Faltando apenas 10 dias para fechar o primeiro mês de gestão se rendeu às pressões de um PT que, supostamente, estaria abandonando a aliança, e nomeou um militante raiz da legenda, o ex-vereador Marcelo Santa Cruz, de Olinda, para a gerência de Articulação em Direitos Humanos na pasta tocada por Ana Rita Suassuna.

Na outra ponta, o governador Paulo Câmara, que já deu um chute no traseiro do ainda secretário de Agricultura, Dílson Peixoto, da tropa de choque do senador Humberto Costa, fez um agrado, certamente a pedido de João, e nomeou uma filha do próprio Dílson na secretaria de Desenvolvimento Social, sob o comando o disciplinado e tarefeiro Sileno Guedes.

Político em geral, com raras exceções, não tem palavra, ouvi muito do meu pai Gastão Cerquinha, ex-vice-prefeito de Afogados da Ingazeira, quatro mandatos de vereador. Governo, como disse certa vez José Sarney, o ex-presidente que escreveu Maribondos de fogo, é como violino: toma-se com a esquerda e toca-se com a direita. No caso de João é o inverso: montou uma ampla aliança de direita e dá sinais de que seu violino só afina com a esquerda.

A opção do prefeito para governar com o PT, banido de todas as capitais brasileiras nas eleições passadas e de praticamente grande parte de colégios acima de 200 mil eleitores, é uma afronta ao Recife. Até porque o PT se aplica muito bem ao estereótipo cravado numa frase de Paulo Maluf: “Se você tiver uma fazenda e na hora da colheita tiver que optar entre um administrador petista e uma nuvem de gafanhoto, fique com os gafanhotos”.

Recado de Marília – De Marília Arraes ao cobrar uma postura mais dura da oposição em relação às práticas de nomeações do PSB: “Temos que trabalhar na unidade com liderança de massa e apoio político. Cada vez fica mais difícil derrotar o PSB, que se enraizou no poder. Quantos conselheiros do TCE foram indicados na gestão do PSB? Quantos desembargadores? Eles vão se posicionando e construindo alianças e aliados em diversas instituições. Não que essas pessoas serão aliadas, mas foram indicadas e isso sempre conta de alguma maneira. Isso amplia o leque de atuação de um grupo”.

Porta da esperança – Um dos mais próximos aliados do prefeito João Campos, o deputado Felipe Carreras (PSB) passou a integrar de forma mais acintosa a tropa de choque do candidato governista à presidência da Câmara dos Deputados, o alagoano Arthur Lira (PP). Se Lira vier de fato a ser eleito, como indicam todos os prognósticos, tende a abrir a porta da esperança para João adentrar diretamente no gabinete do presidente Bolsonaro. Além de cabalar votos, Carreras faz e refaz os números da vitória do aliado. Prevê que Lira terá entre 310 a 320 votos, embora só precise de 257 para ser eleito.

O mais ousado – Dos três pré-candidatos a governador pelo bloco da oposição, Anderson Ferreira (PL), prefeito de Jaboatão, é o que tem mais se movimentado, ocupando espaço na mídia. Já Miguel Coelho, prefeito de Petrolina pelo MDB, como João Dória, só fala em vacina, enquanto a tucana Raquel Lyra administra um silêncio muito estranho, apesar de ser apontada como a mais forte. Raquel revelou-se excelente gestora, administra uma cidade simbólica, com repercussão numa região de, aproximadamente, 1,5 milhão de eleitores.

Carta branca – Indicado pelo PP para suceder a Dílson Peixoto na Secretaria de Agricultura, o deputado estadual licenciado Claudiano Martins toma posse na próxima sexta-feira com carta branca para montar sua própria equipe, extirpando os diretores vermelhos nomeados por Dílson e o senador Humberto Costa. De todas as pastas do Governo é a Agricultura a mais cobiçada pelos partidos aliados, tamanha a sua capilaridade para fazer a política do agrado e da boa vizinhança, que vai da hora do trator para construção de barreiros à distribuição de sementes. 

O dedo de Sebá – Na nova radiografia econômica de Serra Talhada, apontada, ontem, neste espaço, não destaquei, por um lapso de memória, o empenho e a influência que teve o deputado federal Sebastião Oliveira, principal liderança do Avante no Estado, para consolidação de projetos de ampliação da infraestrutura do município. Sebá, como é mais conhecido, alavancou o novo aeroporto, a faculdade de Medicina, o hospital regional e obras viárias via Governo do Estado. Como o município é governado pelo PT, Sebá faz a ponte com o Estado e também destinou várias emendas suas para projetos econômicos e sociais.

CURTAS

INVESTIMENTOS – Ainda em relação a Serra Talhada, postagem que teve uma impressionante repercussão, não citei, também, a construção de um moderno e amplo equipamento do Sesc, já em obras, e a chegada da faculdade Uni Nassau, grupo liderado pelo empresário Janguiê Diniz. O shopping, já em funcionamento, ganhará em breve, também, a Mercearia, restaurante top, do empresário Marcelo Duque. Gerente do aeroporto, Bernardino Magalhães comemora o boom de Serra. “A cidade vive uma nova era”, diz.

UVP PEGA FOGO – Ainda sem data marcada, a eleição para renovação do comando da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) tende a ser bastante disputada. No páreo, além do presidente Josinaldo Barbosa, candidato à reeleição; Fiapo, presidente da Câmara de Sertânia; Welber Santana, presidente da Câmara de Carnaubeira da Penha; e, por fim, Gilvan da Malhadinha, vereador em Cumaru.

Perguntar não ofende: Quantos apaniguados de Humberto Costa serão nomeados por João Campos?

Fonte: Blog do Magno Martins.


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