quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Moradores de Penedo longe de ganhar a Copa

O anúncio chama a atenção de quem passa pela BR-408: “Aqui está sendo construída a Cidade da Copa”. O outdoor divulga o projeto com habitacional, centro comercial e estádio (Arena Pernambuco), que está sendo erguido no bairro de Penedo, em São Lourenço da Mata, Grande Recife, para o Mundial da Fifa de 2014. No entanto, as melhorias previstas não beneficiam os moradores da localidade, que sofrem há anos com problemas de saneamento e infraestrutura.

A comunidade, de ruas esburacadas, não tem rede de água e esgoto nem coleta de lixo diária.
Para abastecer a casa onde mora com a mulher e os dois filhos, o carpinteiro José Alfonso da Silva, 38 anos, utiliza uma mangueira e enche os baldes com água de um poço que fica em uma granja. “Pagamos R$ 30 por mês a um tenente aposentado que construiu o sistema. Ele fornece para mais de 300 residências. Graças a Deus temos ele, pois os canos da Compesa não chegam aqui.” Ele acrescenta que, como não há sistema de esgotamento sanitário, os moradores também pagam uma taxa para que um serviço terceirizado faça a limpeza das fossas.

Buracos, vias sem nome e desnivelamento de pista são encontrados em diferentes pontos do bairro, situado em uma área de morro. A Rua Estácio de Sá, por exemplo, era identificada por uma placa de madeira confeccionada pelos próprios moradores. Mas a ação do tempo apagou o nome, pintado com tinta branca. “A sorte é que os funcionários dos Correios nos conhecem”, diz José Alfonso. O calçamento é outra antiga reivindicação. Praticamente todas as vias são de barro, com exceção da Rua Clodoaldo Gomes, a principal da localidade, e de outras transversais.

“A poeira é muito grande. Quase sempre estou gripada. Quando chove, fica um lamaçal só. É impossível passar carro”, conta a dona de casa Luíza Maria da Silva, 53. Para a aposentada Tereza Maria da Silva, 74, o sofrimento é ainda maior. Cadeirante, a idosa precisa pagar R$ 400 de táxi, mensalmente, para ir até a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), onde faz tratamento. “Meu filho que me ajuda. Passo o dia em casa porque não tenho como sair nessa buraqueira”, lamenta.

A falta de calçamento também restringe o acesso dos coletivos. Ônibus só passa na via principal. “Temos que caminhar e muito até a parada. Já coloquei minha casa à venda. Quero me mudar para Camaragibe, uma área mais central”, relata a dona de casa Fabiana Vicente de Lima, 31. Devido à precária coleta de lixo, muitos moradores são obrigados a juntar os detritos e queimá-los. “O caminhão não passa todos os dias. Temos que dar um jeito”, completa.

A Secretaria de Infraestrutura de São Lourenço da Mata informou que sete ruas da localidade serão calçadas. A obra, segundo a nota enviada ao , está marcada para fevereiro e faz parte de um pacote de R$ 9 milhões, que irá beneficiar outros loteamentos. Em relação à coleta de lixo, a prefeitura garante que o serviço é feito, rigorosamente, três vezes por semana: às segundas, quartas e sextas. Uma equipe vai avaliar se os problemas com abastecimento de água são de competência da prefeitura ou da Compesa.

Fonte:JC Online.

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