A recente vitória de Raquel Lyra (PSDB) para o Governo de Pernambuco abriu um novo ciclo político no Estado. Aliados já se sentem como favoritos para as eleições municipais, daqui a dois anos. No entanto, a história demonstra que o início da gestão estadual não significa facilidade para conquistar prefeituras.
O exemplo vem do próprio PSB, que a candidata encerrou a hegemonia após 16 anos. Os socialistas chegaram ao poder em 2006, quando Eduardo Campos derrotou o então governador Mendonça Filho. O neto de Arraes teria dois mandatos marcados por diversos êxitos e conquistas, mas seus dois primeiros anos foram pisando em ovos. A verdade é que Eduardo não era um player decisivo no jogo municipal de 2008.
Tanto que não saiu bem em alguns dos principais colégios eleitorais do Estado. No Recife, João Paulo fez de João da Costa seu sucessor, assim como Luciana Santos emplacou Renildo Calheiros. Já em Jaboatão dos Guararapes o PSB apoiava o então petista André Campos, derrotado em primeiro turno por Elias Gomes.
Em Petrolina, o PSB implodiu com a candidatura de Gonzaga Patriota, que revoltou o grupo de Fernando Bezerra Coelho. O resultado foi a vitória de Júlio Lóssio, do PMDB jarbista. Em Caruaru, José Queiroz (PDT) voltava ao Executivo municipal, também sem o peso do Estado nos rumos da eleição.
Eduardo só viria a ser um grande destaque político e eleitoral a partir de 2009, quando os índices do prometido Pacto Pela Vida finalmente melhoraram, e no ano seguinte, quando os três hospitais anunciados na campanha começaram a ser entregues. Em 2010, quando destruiu Jarbas Vasconcelos nas urnas, e em 2012, quando acabou com a sequência de 12 anos do PT na Prefeitura do Recife, Eduardo saiu consagrado e carimbou suas credenciais para disputar a Presidência da República.
Remédio amargo – Um acidente aéreo em agosto de 2014 não permitiu que Eduardo fosse votado, mas ele já havia deixado lições importantíssimas de que era preciso dar um passo de cada vez. Diante de tudo isso, portanto, os dois primeiros anos de um novo governador são para preparar a casa para a própria reeleição. Quem achar que o grupo de Raquel está chegando para fazer e acontecer pode estar de salto alto, enfermidade que tem um remédio amargo chamado urnas.

Andorinha de verão – Só ontem, depois de nove dias de eleita, a governadora Raquel Lyra (PSDB) informou pelo Instagram que delegou à vice-governadora eleita Priscila Krause (Cidadania) a missão de coordenar o processo de transição da administração atual para a futura. O estranho é que não anunciou quem estará auxiliando Priscila. Trata-se de um trabalho que requer a participação de pelo menos quatro técnicos, como fez o governador Paulo Câmara e, em nível nacional, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Lá e cá – Enquanto em Pernambuco Priscila faz uma ação de transição solitária, em Brasília, o coordenador deste mesmo processo para levantar as informações no Governo Bolsonaro, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, dividiu a trabalheira com todos os partidos da base e conta até com a participação de prefeitos de capitais, como é o caso de João Campos, do Recife, indicado pela direção nacional do PSB.
Com a bancada – Irmão do ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, que disputou o Governo de Pernambuco pelo PL, o deputado André Ferreira (PL) fez uma sugestão para Raquel Lyra se reunir com a bancada federal, mas até o fechamento desta coluna não recebeu retorno da governadora eleita. “Além de emendas parlamentares, existem temas fundamentais que precisam ser discutidos com a governadora como a ampliação da refinaria, a atração de investimentos e os projetos sociais, temas importantes que exigem parceria com a União”, explicou.

Com a vira-lata – A cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, não terá nada de convencional. Na organização da festa, a futura primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, quer que Lula suba a rampa do Palácio do Planalto ao lado de “Resistência”, a vira-lata que passou os 580 dias da prisão do petista em vigília diante da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Além disso, a ideia da socióloga é que pessoas comuns, sem cargos, entreguem a faixa presidencial para Lula, no Parlatório do Planalto.
CURTAS
SEM FAIXA – Derrotado nas eleições de outubro, Jair Bolsonaro disse a aliados que não passará a faixa para o seu maior rival, podendo deixar a tarefa com o general Hamilton Mourão, vice-presidente e senador eleito. Bolsonaro planeja até mesmo viajar neste dia, a exemplo do que fez o norte-americano Donald Trump com Joe Biden, no ano passado.
SEGUINDO FIGUEIREDO – Se Bolsonaro não mudar de ideia até lá, não será a primeira vez que a falta de compostura ocorrerá no Brasil: em 1985, o então presidente João Figueiredo, o último da ditadura militar, também se recusou a vestir a faixa em José Sarney, classificado por ele como “traidor” do regime.
Perguntar não ofende: Quem anunciará o resto da comissão de transição: Raquel ou Priscila?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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