Além de apertada, Lula ganhou a eleição sem emplacar os governadores dos três principais Estados – São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Dos 27 chefes de Estado, aliás, só 12 estão alinhados ao presidente eleito. Mas é ilusão imaginar que qualquer governador, por maiores idiossincrasias que tenha com Lula, criará problemas para ele e seu governo.
Joaquim Francisco, ex-governador de Pernambuco, de quem fui secretário de Imprensa e porta-voz, criou uma própria filosofia, num vocabulário, engraçado e todo próprio, bem ao seu estilo matutão de Macaparana, que traz uma explicação irrefutável para algumas ocasiões como esta proporcionada pelo resultado das eleições. Dizia que não existe liso brabo.
Traduzindo: com os estados quebrados, nenhum dos governadores, mesmo teoricamente refratários ao Governo petista, inclusive o de São Paulo, a maior potência econômica do País, terá condições de chegar a Lula falando grosso. Tendem a se comportar como cordeirinhos, porque, como dizia Joaquim, o fator liseu pesa fortemente, a chamada dependência da boa vontade dos cofres da União.
Isso vale até mesmo para negociação das dívidas estaduais com a União. Seis Estados negociaram a adesão ao novo regime de recuperação fiscal com o Governo Federal: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Amapá e Rio Grande do Norte. Somam R$ 413 bilhões em dívidas. Só o Rio, por exemplo, acumula a maior dívida: R$ 170,7 bilhões. O valor inclui os débitos com a União e também os empréstimos com bancos e organismos multilaterais com garantias da União.
Se o liseu estiver escancarado, nenhum governador terá brabeza diante do presidente eleito, segundo a filosofia joaquinzista.
O exemplo do Maranhão – Por falar em dívida dos Estados, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu o pagamento da dívida do Estado do Maranhão com a União após as mudanças nas regras do ICMS sobre os combustíveis. Moraes alegou que a restrição à tributação estadual causada pelas leis complementares 192/2022 (monofasia) e 194/2022 (teto do ICMS) gera um “profundo desequilíbrio na conta dos entes da federação”. A decisão de Moraes abriu caminho para que outros estados acionem a Corte, para postergar os pagamentos à União.
Alckmin com Bolsonaro – O chefe da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Presidência da República, Pedro Cesar de Sousa, levou o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), para um rápido encontro informal, ontem, com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Tudo aconteceu discretamente, sem alarde e longe dos olhares dos jornalistas, segundo revelou, ontem, com exclusividade, o site Poder 360, do jornalista Fernando Rodrigues, de Brasília.
Volta o Bolsa Família – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu rebatizar o programa Auxílio Brasil de Bolsa Família, devolvendo o nome dado durante os governos do PT para o programa de transferência de renda. Integrantes da cúpula do PT confirmaram que o nome do programa voltará a ser Bolsa Família. A prioridade é manter o benefício de R$ 600 mensais a partir de janeiro. Para isso, a equipe de transição apresentará uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com uma licença para o governo gastar fora do teto de gastos públicos em 2023.
QG da transição – O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) confirmou, ontem, que o gabinete de transição do governo Jair Bolsonaro (PL) para a gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai funcionar no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Segundo Alckmin, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro Aloizio Mercadante deverão visitar as instalações, hoje. Os trabalhos deverão ter início na próxima segunda-feira.
Férias e transição – A governadora eleita Raquel Lyra (PSDB), pediu férias da Procuradoria do Estado entre o período de 31 de outubro até 30 de dezembro próximo. Segundo sua assessoria, ela utiliza o saldo de férias não cumpridas. Com isso, fica livre para se dedicar ao processo de transição e a montagem do seu secretariado. A coordenação da transição deve ser entregue à vice-governadora eleita Priscila Krause, que está descansando com a família, assim como a própria Raquel. Só retomam os trabalhos na próxima segunda-feira.
CURTAS
PROCESSO – Pelas suas redes sociais, o senador Humberto Costa (PT) anunciou, ontem, que está processando o piloto Nelson Piquet por fazer ameaças veladas ao presidente eleito Lula. “Não podemos normalizar o ódio e a barbárie. O bolsonarismo precisa ser expurgado do Brasil”, afirmou.
JORGE ARAGÃO – O Sextou de hoje, com o sambista Jorge Aragão, está imperdível. Em entrevista a este colunista e apresentador do Frente a Frente, ele abriu o coração, falou que viu a morte rondar sua vida na pandemia e que vive com 26 stents. O programa vai ao ar das 18 às 19 horas pela Rede Nordeste de Rádio, tendo como cabeça de rede a 102,1 FM, no Recife.
Perguntar não ofende: O novo Bolsa Família fica em R$ 600 ou R$ 400, conforme comporta o orçamento de 2023?
Fonte:Blog do Magno Martins.
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