A posse do ex-governador de São Paulo, Márcio França, como presidente da Fundação João Mangabeira (FJM), braço de formação política do PSB, depende, agora, só de questões burocráticas. Ele foi eleito para o cargo, em março, por unanimidade, pelo Conselho Curador da FJM, presidido por Carlos Siqueira, dirigente nacional da sigla. O detalhe é que a condução dele a tal cargo, desde já, denota uma construção política capaz de gerar reflexos significativos no equilíbrio de forças interno na legenda rumo a 2022. Em outras palavras, esse movimento tende a caracterizar uma unidade no partido, capaz de favorecer Pernambuco e de reforçar a hegemonia que o Estado já exerce na sigla. Isso porque, historicamente, Pernambuco e São Paulo vivem numa linha tênue de equilíbrio no PSB, que, por vezes, deu espaço a uma disputa interna de poder nem sempre discreta. O balanço nessa relação depende de como a ala paulista se manifesta, mas também é reflexo do potencial eleitoral de Pernambuco, que detém a maior bancada na Câmara Federal, ultrapassando os paulistas, por exemplo, nesse quesito, e detém o comando nacional desde 1990.
Em alguns momentos, ganharam eco articulações oriundas do polo de São Paulo no sentido de alçar Márcio França à presidência nacional. Ainda em 2017, o nome de França circulou como alternativa para substituir Siqueira, o que poderia dar musculatura a uma tendência de levar o partido ao apoio de Geraldo Alckmin na corrida presidencial de 2018. De lá para cá, no entanto, Márcio recuou desse movimento e Carlos Siqueira, que integra a ala pernambucana, acabou reconduzido ao comando da legenda nacionalmente. Este ano, o Congresso do PSB, que originalmente seria em março, acabou adiado em função da pandemia, para novembro próximo. Até lá, essas costuras internas vão ajudando a sedimentar um ambiente de unidade. Aos olhos de socialistas, a Fundação João Mangabeira é um espaço relevante, responsável por administrar 30% do Fundo Partidário. Márcio França é ainda secretário de Finanças do partido, área também sensível. No ninho socialista, essa nova condição de Márcio pode sinalizar ainda um aceno dele à reaproximação do PSB com o PT, que está em curso.
Bandeira branca
Na esteira das peças que se movem internamente no PSB, uma discussão sobre o papel de Márcio França diante de uma composição nacional entre PT e PSB emerge em paralelo. Nas hostes socialistas, há quem sinalize que uma candidatura de Márcio França ao Governo de São Paulo estaria, agora, fora do radar. Isso implicaria numa facilidade maior para que o PT e o PSB se alinhem em projeto comum para 2022 naquele Estado.
Recordar é...> Em 2020, em entrevista ao Valor Econômico, Márcio França disse que buscaria o voto "FrançaNaro" ou "BolsoFrança" Em reuniões internas, ele havia atribuído sua derrota na corrida pelo Governo de São Paulo, em 2018, à comunhão nacional entre PSB e PT. Ali, Márcio teve 48% dos votos válidos e João Doria, 51%.
...viver > A posição de Márcio vinha, até então, em rota de colisão com a direção nacional. A acomodação que envolve, agora, a Fundação João Mangabeira, assim, pode ter um papel pacificador nesse cenário.
De volta... - Foi em função da campanha ‘Senhor da Morte Chefiando o País’ que a vice-presidente da Aduferpe, Erika Suruagy, foi alvo de um inquérito da Polícia Federal por, supostamente, atentar contra a honra do presidente Bolsonaro. Agora, 30 outdoors, contendo críticas ao chefe do Planalto e reproduzindo as mesmas mensagens lançadas em agosto de 2020, estão de volta às ruas do Recife
...às ruas > O detalhe é que, ali, o País contabilizava 120 mil mortes em função da Covid-19. Atualmente, os óbitos ultrapassam os 350 mil.
Fonte
:Folha de PE.
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