terça-feira, 27 de abril de 2021

Carlos Lupi quer reintegrar Túlio Gadêlha ao PDT

 

A volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jogo mexeu muito no xadrez político-eleitoral de 2022, com consequências em praticamente todas as forças partidárias. No PDT, que tem se colocado como uma alternativa ao PT a nível nacional, o efeito foi imediato. Depois de anunciar o ex-marqueteiro petista, João Santana, para a campanha de Ciro Gomes, os pedetistas iniciaram um movimento de reforçar suas lideranças em todos os estados. Em Pernambuco, o plano já está traçado.

Ovelha desgarrada do rebanho pedetista, desde que teve sua candidatura à Prefeitura do Recife rifada no ano passado, o deputado federal Túlio Gadêlha andava de mal com a cúpula do PDT, até então. Leia-se: com o presidente nacional, Carlos Lupi, o estadual, Wolney Queiroz, e com o comando municipal da sigla, que está sob a tutela da vice-prefeita da capital, Isabella de Roldão. Contudo, agora que o jogo mudou com Lula no páreo, será feito de tudo para reintegrar Túlio ao time.

Carlos Lupi vê no namorado de Fátima Bernardes um potencial cabo eleitoral para Ciro Gomes no ano que vem. Ligado ao presidenciável, de quem é pupilo, Gadêlha teria a missão de reforçar a candidatura de Ciro aqui no estado, incorporando, inclusive, a sua namorada global ao projeto. Olhando à frente, Carlos Lupi está disposto a esquecer as rusgas do passado e trazer Túlio de volta, antes que o parlamentar troque de partido (especula-se que o PSOL seria o seu caminho).

Se quiser obter êxito em sua missão e distensionar o ambiente, Carlos Lupi vai precisar gastar muito português, principalmente, com o grupo da vice-prefeita do Recife, que rivaliza publicamente com o deputado federal, cujos principais integrantes da tropa já o deixaram, vale salientar. Os pedetistas vão precisar entender que, acima do projeto local, está o nacional, que vislumbra em Ciro Gomes a chance de uma terceira via em contraponto a Lula e ao presidente Jair Bolsonaro.

DIFICULDADE – Integrar o deputado federal Túlio Gadêlha ao projeto Ciro Gomes será uma tarefa fácil para o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. O pernambucano é entusiasta e uma espécie de pupilo do presidenciável. Dificuldade mesmo Lupi vai ter para fazer com que o namorado de Fátima Bernardes suba no palanque de Geraldo Júlio para governador de Pernambuco. Túlio tem optado por um posicionamento de oposição ao PSB há tempos. O parlamentar, inclusive, sempre pautou sua atuação no estado por se posicionar contrariamente aos socialistas. A briga começou quando Túlio foi sacado do Iterpe, órgão ligado à então Secretaria de Agricultura, no primeiro governo de Paulo Câmara.

DIFICULDADE 2 – Outra dificuldade, essa bem maior, terá Carlos Lupi em Pernambuco se o PSB optar por caminhar com o PT na eleição estadual. Presidente do PDT em Pernambuco, o deputado federal Wolney Queiroz foi taxativo sobre esse assunto em entrevista à Folha de Pernambuco, há dois dias. “Se o PSB estiver com o PT em Pernambuco, estaremos em outro palanque”, cravou o parlamentar, que deixou claro a intenção que seu partido tem de abrir um palanque para Ciro Gomes no estado. Esse cenário fica ainda mais complicado quando as palavras negativas vêm de Wolney, que sempre trabalhou para que o PDT ficasse junto ao PSB em Pernambuco.

E ZÉ QUEIROZ? – O projeto nacional do PDT vai exigir que suas principais lideranças arregacem as mangas e vão para as ruas pedir votos para Ciro Gomes. Em Pernambuco, o partido certamente precisará contar com a sua principal liderança, que atende pelo nome de Zé Queiroz, deputado estadual que já foi prefeito de Caruaru por quatro vezes. O problema é que, nos bastidores, corre a informação de que, em decorrência da pandemia, e por ter idade avançada, Zé Queiroz talvez sequer se candidate à reeleição, em 2022. Imagina ter que sair de casa para pedir votos para Ciro Gomes? Apesar dos sinais, há quem defenda até que Zé Queiroz concorra novamente ao Senado pela Frente Popular. Isso no caso de aliança PDT/PSB. Aguardemos.

MARKETING – Contratado para cuidar da imagem do PDT e da candidatura de Ciro Gomes em 2022, o badalado e extremamente competente João Santana colocou no ar, ontem, a sua primeira peça. No vídeo, Ciro afirma, erguendo uma rosa, que pretende reconstruir o Brasil das cinzas e fazer o país “florescer”. Condenado pela Lava-Jato, o marqueteiro rompeu com o PT e utilizou o PDT para retornar ao cenário político. Seu contrato, vale ressaltar, é de R$ 250 mil mensais. Pouco para o padrões petistas, mas muito para a maioria dos brasileiros. O fato é que, tecnicamente, João Santana é um craque. Se conseguir domar o temperamento de Ciro, fará dele um candidato palatável e competitivo.

O povo quer saber: o PDT, cheio de cargos no governo e na PCR, romperá mesmo com o PSB, em caso dos socialistas se aliarem ao PT?

Por Fernanda Maria, Cientista Política.

Fonte : FalaPE.


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