terça-feira, 7 de março de 2023

Amarelou duas vezes

 

Na posse da nova presidente da Fundação Joaquim Nabuco, sexta-feira passada, a governadora Raquel Lyra (PSDB) não passou apenas pelo constrangimento da cobrança dos salários atrasados das merendeiras por profissionais da área antes de discursar. Em sua fala, o ministro da Educação, Camilo Santana, também deixou a tucana sem teto, quando afirmou que Pernambuco é referência em educação no País, sendo o primeiro Estado a viabilizar a universalização no ensino médio, meta alcançada em 2021.

Não há um jornalista que tenha sido tão crítico aos governos do PSB quanto eu. Numa clara e torpe tentativa de intimidação, socialistas graúdos, o próprio PSB e asseclas do ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, e do ex-governador Paulo Câmara, movem uma penca de processos judiciais para me calar. Mas não brigo com os fatos e não poderia deixar de elogiar esse espetacular avanço de Pernambuco ter, hoje, o maior número de escolas de ensino médio em tempo integral.

Tempo integral é o aluno permanecer o dia inteiro na escola, com direito a três refeições e um lanche. Com mais 59 unidades anunciadas pelo ex-governador, em novembro do ano passado, em Caruaru, terra da governadora, Pernambuco chega em 2023 a marca de 637 escolas funcionando em jornada ampliada, ou seja, em tempo integral, espalhadas por todas as regiões do Estado, do Grande Recife ao mais distante rincão sertanejo.

Já em 4 de fevereiro passado, a própria Raquel assinou decreto incluindo mais 61 unidades em regime integral. Tudo isso, vale a ressalva, começou no Governo Eduardo Campos. Em 2007-08, na condição de secretário de Educação, Danilo Cabral deu as condições para o ensino integral virar uma página como política prioritária. Atualmente, ao menos uma escola em cada município pernambucano funciona com o modelo de ensino em tempo integral, ou seja, 100% dos municípios estão incluídos no programa, além de Fernando de Noronha.

Em setembro do ano passado, último dos 16 anos do PSB, o Ideb, principal índice que mede a qualidade da educação pública brasileira, apontou Pernambuco com uma média de 4,4, terceiro lugar no ranking nacional. E isso não é novidade. Desde o segundo Governo de Eduardo, o Estado ocupa os primeiros lugares. Foi uma transformação da água para o vinho, pois quando Eduardo assumiu Pernambuco estava em 21º lugar nesse ranking.

Raquel amarelou diante do ministro, porque é uma crítica contumaz a tudo que o PSB fez ou deixou de fazer. Na campanha, bateu sem piedade no modelo de ensino do Estado, agora reconhecido nacionalmente. Mesmo ao chegar ao poder, tem tido o mesmo comportamento, como se ainda estivesse no palanque. Não sabe que terá pela frente, entretanto, a baita responsabilidade de manter o Estado na linha de frente no que diz respeito ao avançado ensino médio posto em prática no Estado.

Criança Alfabetizada – A Constituição diz que o Estado deve cuidar do ensino médio e os municípios, o fundamental. Mas o ex-governador Paulo Câmara criou o programa Criança Alfabetizada, o maior projeto de educação básica já criado no País, contemplando os 184 municípios pernambucanos para garantir que todas as crianças inscritas na rede pública de ensino aprendam a ler e escrever na idade correta, até os sete anos. Para isso, sancionou a lei que altera a arrecadação do ICMS para todos os municípios, priorizando a educação. O investimento inicial foi da ordem de R$ 50 milhões. A partir do momento em que os municípios avançarem nos índices educacionais, passam a receber mais recursos do ICMS.

Integrais têm 300 mil alunos – Segundo o último levantamento em relação ao ano de 2022, a rede estadual de ensino em Pernambuco tem 1.059 escolas estaduais, 534 mil alunos e 36 mil professores, entre efetivos e temporários. É no ensino médio, entretanto, onde se encontra o maior contingente de alunos, exatos 299.387, ou seja, quase 300 mil. Nos anos finais do ensino fundamental há 132.417 estudantes na rede estadual e apenas 7.358 nas séries iniciais. Os demais alunos estão em turmas de EJA (Educação de Jovens e Adultos), educação especial, creche e pré-escola.

Promessa tucana – A governadora reiterou suas críticas ao ensino herdado pelo PSB não apenas na solenidade diante do ministro da Educação, Camilo Santana. Já na semana anterior, quando usou da palavra na posse da nova presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Márcia Conrado (PT), prefeita de Serra Talhada, ela também resmungou. “Junto com os prefeitos e os municípios, vamos abrir 60 mil vagas de creches e investir em educação infantil. Vamos buscar essas crianças para que elas possam entrar no sistema de ensino”, disse. A fórmula, segundo ela, foi adotada com sucesso pelo Estado do Ceará há 30 anos. “Com atraso, Pernambuco vai começar a partir de 2023”, afirmou.

Lula avaliza corrupção – Apesar da série de acusações de uso indevido de recursos públicos, o presidente Lula manteve, ontem, Juscelino Filho no Ministério das Comunicações. Mas ele continua sendo um incômodo para o governo, principalmente para o PT. A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, pediu à sua cabeça e a Comissão de Ética Pública, do próprio Governo Federal, informou que vai analisar a situação, o que pode resultar num processo contra ele.

Esposa de Duque joga a toalha – Responsável pela eleição da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), o deputado estadual e ex-prefeito Luciano Duque (SD) está cada vez mais distante da gestora, agora também presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). Sua esposa Karina Rodrigues entregou, ontem, o cargo de secretária de Ação Social. Com a saída dela, não há mais nenhum auxiliar na gestão de Conrado indicado por Duque, que é, hoje, uma das maiores lideranças do Sertão, consagrado nas urnas com mais de 61 mil votos, dos quais mais de 21 em sua terra natal.

CURTAS

PAGAMENTO 1 – A governadora Raquel Lyra disse, ontem, que os contratos com os trabalhadores terceirizados, que passaram quase dois meses sem receber salário, estão regularizados. A declaração foi dada durante a solenidade em comemoração à Data Magna de Pernambuco. Informou que está avaliando os contratos em atraso para saber por qual motivo parte dos valores não foi repassada aos funcionários.

PAGAMENTO 2 – Segundo Raquel, o governo desembolsou quase R$ 1 bilhão para o pagamento de débitos herdados da gestão anterior, de Paulo Câmara (PSB). “A gente tem uma série de atrasos em relação ao governo passado, que já foram pagos. Agora, os terceirizados, todos eles, incluindo merendeiras e porteiros, estão com seus salários garantidos pelo pagamento às empresas”, disse.

Perguntar não ofende: Se o PSB diz que deixou dinheiro em caixa, por que a governadora se desgastou atrasando salários? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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