Por Houldine Nascimento – interino
A participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula de Líderes do Clima, que tem início hoje, está cercada de expectativas. Uma delas porque será o primeiro encontro, mesmo que de forma virtual, entre o chefe do Executivo brasileiro e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que organiza o evento. Ao todo, foram convidados 40 chefes de Estado.
Os dois partilham de visões opostas quanto à questão ambiental: enquanto o líder norte-americano colocou como uma de suas prioridades a discussão de ações para enfrentar os impactos causados por mudanças climáticas, Bolsonaro buscou flexibilizar, em vários momentos de sua gestão, regras ambientais.
Em 2019, a Amazônia Legal (formada por nove estados brasileiros) teve a maior área devastada dos últimos dez anos: foram 9.762 km² de área atingida, segundo o Prodes – Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Brasileira por Satélite do Inpe. Conforme alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve 89.176 focos de queimadas, o que representou crescimento de 30% em relação ao ano anterior.
Atrelado a isso está Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, que tem sido alvo de diversas críticas por sua atuação à frente da pasta. Um ano atrás, em 22 de abril, em uma reunião ministerial, Salles chegou a defender mudanças profundas nas regras ambientais, simplificando-as. Em suas palavras, era hora de “passar a boiada”.
De lá para cá, Salles agiu. Na última segunda-feira (19), mais de 400 servidores do Ibama assinaram um ofício expondo a paralisação de todas as atividades de fiscalização de infrações ambientais no órgão. Os profissionais culparam nova regra do Ministério do Meio Ambiente, determinando que a multa dada por um fiscal passe antes pela autorização de um superior.
É um aditivo a uma notícia-crime prestada dias antes ao STF pelo ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, contra o ministro, que, nas palavras do delegado, dificultou ação fiscalizadora que apreendeu mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, considerada pela PF a maior da história do Brasil. Ricardo Salles atuou para liberar o carregamento, ilegalmente desmatado segundo a própria Polícia Federal. A situação resultou no desligamento de Saraiva.
O presidente Bolsonaro, contudo, mantém Salles no cargo. Na última semana, o chefe do Executivo enviou uma carta a Biden, prometendo eliminar o desmatamento ilegal até 2030. Antecipou-se ao encontro de hoje, na tentativa de mudar a imagem negativa sobre a questão ambiental no País. Em carta aberta, artistas dos dois países também pediram ao presidente do EUA para que recuse acordos com o Brasil. É nessa atmosfera que a Cúpula de Líderes sobre o clima acontecerá.
APOIO – Em meio à pressão internacional para que deixe o cargo, o ministro Ricardo Salles recebeu, ontem, apoio de diversos colegas do Governo Federal e de parlamentares da base, que utilizaram nas redes sociais a hashtag “#FicaSalles”. À tarde, o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros deram força a Salles em um almoço na casa do titular da pasta das Comunicações, Fábio Faria. O grupo chegou a fazer uma foto e compartilhar nas redes. Bolsonaro e Salles estavam ladeados.
ORÇAMENTO – O presidente Bolsonaro sancionou, ontem, o projeto aprovado pelo Congresso para resolver o impasse o Orçamento deste ano. A lei retira da meta fiscal o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o BEm Emergencial, que permite redução de jornada e salário de trabalhadores para preservar empregos. A medida também torna mais simples o corte de verbas dos ministérios. Assim, o Governo Federal está autorizado a deixar quase R$ 100 bilhões fora da meta. O prazo final para sancionar o Orçamento termina hoje.
MENOR MORTALIDADE – Em março, o Recife teve a menor taxa de mortalidade para Covid-19 em relação às outras capitais nordestinas. O índice da capital pernambucana ficou em 20,9, ou seja, de cada 100 mil habitantes, 21 faleceram devido ao novo coronavírus. A informação foi extraída do banco de dados do Ministério da Saúde e divulgada, ontem, pelo prefeito João Campos (PSB) nas redes sociais.
COBRANÇA – A deputada estadual Priscila Krause (DEM) cobra explicações da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco sobre o envio de 215,4 mil ampolas de Propofol para sete estados. A medicação, utilizada na intubação de pacientes com Covid-19, foi adquirida pela gestão municipal em abril de 2020 e perderia a validade no dia 30 deste mês. No ano passado, Recife comprou 591 mil itens, dos quais 434 mil foram direcionados ao Estado. A denúncia de que esses produtos estavam encostados e prestes a vencer partiu da própria parlamentar no começo do mês. “Foi doação ou se repassou com custo para os estados beneficiados? O contribuinte recifense pagará por isso?”, questiona Priscila.
CONFIRMAÇÃO – A confirmação do repasse das ampolas de Propofol a sete estados foi feita pelo próprio secretário estadual de Saúde, André Longo, na última terça (20), ao participar de uma reunião virtual na Comissão de Saúde da Alepe. Ao Jornal do Commercio, a Secretaria respondeu que os fármacos foram "emprestados" na primeira semana de abril. Alagoas, Amapá, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe foram contemplados com os medicamentos.
CURTAS
LUTO 1 – Causou impacto no Estado a morte do cantor pernambucano Augusto César, 61 anos, na última terça-feira (20). A informação, no entanto, foi divulgada por Elton Luna, um de seus filhos, ontem. O músico foi internado em um hospital do Recife na segunda (19). No dia seguinte, foi intubado e teve várias paradas cardiorrespiratórias. Ele tinha diabetes, sofria de insuficiência renal grave e apresentou desconforto respiratório devido à Covid-19. O enterro ocorreu ainda ontem, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, onde nasceu.
LUTO 2 – Com 35 anos de carreira, Augusto César foi um dos grandes nomes da música romântica e marcou época com sucessos como “Ela acabou comigo”, “Escalada” e “Como posso te esquecer”. Enquanto compositor, escreveu 100 canções. Ele também se notabilizou por vender os próprios CDs nas ruas do Recife. Algumas homenagens foram feitas por artistas, casos de Adilson Ramos e Michelle Melo. Já o prefeito de Paulista, Yves Ribeiro (MDB), decretou luto oficial de três dias.
Perguntar não ofende: Ricardo Salles fica depois do cara a cara entre Bolsonaro e Biden?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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