O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou sua conta no Twitter, ontem, para atacar o presidente Jair Bolsonaro por uma declaração dada mais cedo pelo chefe do Executivo. Bolsonaro disse a apoiadores que se as eleições de 2022 não tiverem voto impresso o Brasil passará por situação semelhante à dos Estados Unidos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, insiste em dizer que a eleição que perdeu para o democrata Joe Biden em novembro de 2020 foi fraudada –versão propagada por Bolsonaro. O americano nunca apresentou provas, e já perdeu diversos processos judiciais sobre o assunto.
Na última quarta-feira, manifestantes trumpistas invadiram o Congresso do país e impediram temporariamente a realização da cerimônia que certificaria a vitória de Biden. O tumulto deixou ao menos quatro mortos em Washington D.C., capital americana.
Bolsonaro insiste que as urnas eletrônicas, usadas no Brasil desde a década de 1990, são suscetíveis a fraudes. O presidente afirma, inclusive, que a eleição que o levou ao Palácio do Planalto foi fraudada. Caso contrário teria ganho no 1º turno. Em março ele chegou a dizer que mostraria provas para suas afirmações, mas nunca o fez.
“Bolsonaro consegue superar os delírios e os devaneios de Trump”, escreveu Rodrigo Maia. “A frase do presidente Bolsonaro é um ataque direto e gravíssimo ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e seus juízes”, declarou o presidente da Câmara. Maia também afirmou que “os partidos políticos deveriam acionar a Justiça para que o presidente se explique”.
Canalha – O presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, que o editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional (TV Globo), William Bonner, é “sem-vergonha” e “o maior canalha que existe”. A declaração foi feita a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, quando o presidente falava sobre a aquisição de seringas para imunizar a população contra a covid-19. Na 4ª feira-feira, o Jornal Nacional apresentou uma reportagem sobre a suspensão da compra dos insumos pelo Governo Federal. A TV mostrou o diretor do Instituto Questão de Ciência, Paulo Almeida, dizendo que a situação mostra que o governo falhou no planejamento.
O desabafo – “Atenção, imprensa sem vergonha. William Bonner sem vergonha. Vai ter seringa para todo mundo. William Bonner, por que seu salário foi reduzido? Porque acabou a teta do governo. Vocês têm que criticar mesmo, quase R$ 3 bilhões por ano para a imprensa e, em grande parte, para vocês”, disse Bolsonaro. Procurados, a TV Globo e William Bonner não comentaram até o fechamento da coluna. Durante a edição do JN, Bonner leu, na íntegra, uma fala do presidente Bolsonaro e reproduziu os trejeitos do político. Foram mais de 100 mil menções no Twitter ao nome do apresentador na noite de quarta-feira.
Vice bolsonarista – O deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato a presidente da Câmara, disse, ontem, que o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) poderá ser o primeiro-vice-presidente da Casa. “Marcelo será meu vice-presidente na chapa da mesa diretora, se tivermos a primeira escolha”, declarou Lira em Manaus. Ele está em viagem pelo Norte em busca de votos de deputados locais e do apoio de governadores. A escolha do primeiro-vice-presidente da Câmara não é como em uma eleição nacional, em que ao votar no presidente se está votando também no vice.
Renovação – Em São Lourenço da Mata, a renovação na Câmara não foi apenas maior do que se esperava, mas se deu também na composição da mesa diretora com a escolha do vereador Arllan Dourado, da bancada do PSB. Terceiro mais votado, 36 anos, servidor público e estudante de Direito, Dourado conseguiu também ser escolhido primeiro-secretário da Casa, que elegeu Leonardo Barbosa como presidente, também da legenda socialista. O comando da casa Jair Pereira de Oliveira está em boas mãos.
CURTAS
BOLSAS – O Governo do Estado anunciou, ontem, a distribuição de mil bolsas de estudo de R$ 500 para alunos de baixa renda matriculados em instituições de ensino superior. A iniciativa faz parte do Programa Pernambuco na Universidade (Prouni-PE), lei assinada pelo governador Paulo Câmara (PSB). Em coletiva transmitida pela internet, o chefe do Executivo pernambucano afirmou que os recursos estão assegurados para 2021.
LUTO – O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, decretou luto oficial de três dias pela morte do cantor e compositor paraibano Genival Lacerda, de 89 anos, em Recife. O artista estava internado por complicações causadas pela Covid-19. Com seu estilo peculiar e identificado com as raízes regionais do Nordeste, Genival Lacerda gravou 70 discos e fez sucesso nacional em sua carreira.
Perguntar não ofende: A Globo vai radicalizar a briga com Bolsonaro?
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