“Um sonhador que acredita na luta nunca desiste !” Esse é o lema diário de Carlos Freitas, 67 anos, há pelo menos 23 dedicando quase 24 horas diárias em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e de seus usuários em Pernambuco. Natural do Recife, nascido na Maternidade Bandeira Filho, em Afogados é filho de Antônio Manoel de Freitas e Maria Alice Alves de Freitas, o mecânico de manutenção que passou a vida profissional em chão de fábrica, não se incomoda com a dureza de visitar hospitais, Upas e outras unidades públicas para ouvir o pedido de ajuda de pacientes e acompanhantes, buscando soluções individuais e ações governamentais de atendimento coletivo. Carlos Freitas vai a pé, de ônibus, trem ou metrô, luta que divide com a esposa Marluce Freitas, companheira de vida e de ativismo.
Freitas será um dos dez homenageados na 10ª Conferência Estadual de Saúde de Pernambuco, a ser realizada de 22 a 25 de maio. “Quando me aposentei, em 2000, como mecânico, decidi me dedicar à assistência aos enfermos, um sonho antigo. Foi nessa ocasião que recebi o convite do padre Hector Miguel Ruiz, da Paróquia de São Lourenço Mártir, em São Lourenço da Mata, onde moro há 37 anos. Passei então a fazer parte da Pastoral da Saúde, que visita os serviços do SUS para levar conforto aos doentes e familiares. Ao mesmo tempo, a Pastoral atua para garantir o direito de cada ser humano à vida e à saúde”, conta.
Entusiasmado com a militância na Pastoral, Carlos Freitas acabou sendo convidado pela Dra. René Patriota, em 2002, a integrar a Ouvidoria Popular da Associação de Defesa de Usuários de Sistemas e Planos de Saúde (Aduseps), uma ONG que atua com assessoria jurídica para que pacientes do SUS e de planos de saúde tenham seus direitos assegurados, e em busca de obter mais conhecimento Carlos Freitas se formou como tecnólogo em controle social pela UPE. Representando a Pastoral da Saúde da Igreja Católica e a Ouvidoria da Aduseps, Freitas passou a exercer o controle social do SUS, em diferentes Conselhos de Saúde.
Dos momentos de conquistas em quase duas décadas e meia de luta em favor dos usuários do SUS, Carlos Freitas cita os diversos pacientes que conseguiram a partir das denúncias e ações da Aduseps e da Pastoral, acesso à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), atendimento domiciliar e a tratamentos especializados. “Vidas que estavam em risco e com a nossa luta, de todos que fazem o controle social do SUS, hoje protegidas, entre elas de muita gente jovem, que voltou a trabalhar e viver com saúde junto a seus familiares”.
Na trajetória de vigilante do SUS, Carlos Freitas foi coordenador do Conselho Municipal de Saúde de São Lourenço da Mata, em 2005. Dessa ocasião, lembra das lutas e vitórias, como a efetivação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de Endemias, da reforma do Hospital Municipal Petronila Campos e da implantação da Upa de São Lourenço da Mata.
Como coordenador da Comissão de Fiscalização do Conselho Estadual de Saúde de Pernambuco, por dois mandatos alternados, ajudou a produzir relatórios de visitas à rede de saúde em diferentes municípios, tornando visível e provocando o debate sobre superlotações de hospitais, maternidades e demais unidades públicas ou conveniadas ao SUS do Grande Recife ao Sertão. “Hoje faço parte da Pastoral da Saúde da II Regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB II) e do colegiado do Conselho Municipal de Saúde do Recife, trabalhando ativamente na 16ª Conferência Municipal de Saúde do Recife, onde levanto a bandeira com demais conselheiros pela revogação da Proposta de Emenda à Constituição n° 95, que congela os investimentos na saúde pública do Brasil e interfere na assistência aos cidadãos da capital, de São Lourenço, de Pernambuco e de todo o país”.
O evento acontece nesta terça-feira (30),Carlos Freitas dedica essa homenagem a sua família e ao povo Pernambucano.
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