quarta-feira, 29 de março de 2023

O tempo de Labanca foi o tempo da política

 

Se Deus não tivesse feito seu chamamento celestial tão cedo, meu amigo Ettore Labanca faria, este ano, 79 anos. Foi fazer política entre os anjos com 74 anos. Hoje, faz 4 anos que Ettore nos deixou. Prefeito de São Lourenço por quatro mandatos, deputado estadual, líder do Governo Eduardo Campos, presidente da Agência Reguladora de Pernambuco, por onde Labanca pôs as mãos, o coração e os sentimentos do mundo, que os possuíam, deu certo.

Escrevi o livro O Nordeste que deu certo. Diria que Labanca foi o Pernambuco que deu certo. Mas só deu certo porque agiu a vida inteira como um animal político. Não creio em gestão pública desatrelada da política. Um nasceu para outro. São irmãos siameses. Quem não gosta de política, mas somente do exercício da gestão pública, está fadado ao infortúnio.

Os exemplos estão por toda parte. Labanca era, verdadeiramente, um animal político, como diria Aristoteles. O homem, segundo o princípio aristotélico, é um ser que necessita dos outros, sendo, por isso, um ser carente e imperfeito, buscando a comunidade para alcançar a completude.

E a partir disso, ele deduz que o homem é naturalmente político. Para Aristoteles, quem vive fora da comunidade organizada (cidade ou Pólis) ou é um ser degradado ou um ser sobre-humano (divino).

Em O Príncipe, que deveria ser leitura obrigatória de todo principiante na vida pública, Maquiavel ensina que o ser humano é um animal político, seja governante ou governado.

Labanca respirava política 24 horas por dia. Para ele, a política não era diabólica, como certa vez Roberto Magalhães conceituou. Era a arte de fazer amigos, vencer obstáculos, subir os degraus intransponíveis da vida. Era um sedutor, mas também um leão, para os que tentavam pisar seus pés.

Seu exercício pedagógico era a sedução. Por isso, Eduardo Campos, que tinha em Labanca um grande conselheiro, virou, naturalmente, sedutor. Seduzia pelo olhar, pelas palavras e, principalmente, pelos gestos. E o que é a política, se não uma usina de gestos!

Político inteligente e vocacionado, Ettore Labanca era daqueles que não suportavam  a ideia de estar só consigo mesmo. Tinha a necessidade de sentir o cotovelo com cotovelo, a pele com pele, no calor da multidão.

A cortesia é o maior feitiço político das grandes personagens. Labanca também era um nobre cortês. Labanca faz muita falta, mas como Eduardo Campos, perpetua seu legado no filho Vinicius Labanca, prefeito de São Lourenço.

Que, com o pai, aprendeu que a guerra política só pode ser vencida quando o político tiver a exata noção de que guerra é desatar com os dentes um nó político que não se pode desatar com a língua.


Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário