terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

'Manipular': a arte de dar vida aos bonecos gigantes de Olinda

 (Rômulo Chico/DP)
Rômulo Chico/DP
Os bonecos gigantes fazem parte da imagem de Olinda, tanto quanto ou até mais que o próprio carnaval em si. Eles encantam, inspiram e levam alegria para o público, sobretudo as crianças, que aprendem desde cedo a amá-los. Mas eles só ganham vida a partir de seus manipuladores.
Até mesmo o Homem da Meia-Noite, mais emblemático e místico dentre todos, precisa do seu parceiro para se erguer e caminhar pelas ladeiras da cidade. Um deles é o olindense José Nelson, o Nelsinho, que tem 34 anos e há 15 pratica a arte de manipular. Uma espécie de dom divino, de dar vida aos gigantes.

"Aprendi aqui no Sítio Histórico, olhando 'Da Burra' (referência na arte) manipular os bonecos e foi minha inspiração. Hoje ele carrega o Homem da Meia-Noite, é o primeiro carregador, e eu sou o segundo manipulador", conta o orgulhoso manipulador.

Quem conhece os manipuladores, ou popularmente conhecidos 'bonequeiros', sabe que cada um tem um estilo próprio. Gestos, ritmos, danças, cada mínimo movimento é calculado para dar sincronia com o frevo das orquestras. Para que o dançante gigante pareça mesmo vivo.

"Fico muito feliz por realizar esse sonho. Para nós, a arte é como uma carreira normal. A gente começa com os bonecos mais simples, mais leves, e vai crescendo até alcançar o topo, que é o Homem da Meia-Noite", aponta Nelsinho.

"É muito gratificante ver a nova geração se inspirar em nós. Os meninos pequenininhos, chamando o nome da gente durante os desfiles, é uma emoção muito forte, e um desafio também", completa.

Dono de um estilo irreverente, mais ousado, Nelsinho pinta e borda com os bonecos. E mesmo com o peso de 50kg e 3,5m de altura, o manipulador não se nega a possibilidade de fazer o Homem da Meia-Noite dançar e gingar por Olinda.

"Temos que estar sempre muito bem preparados para a responsabilidade. Mesmo sendo tão pesado, dá para fazer o boneco subir um degrau e descer, frevar, enfrentando o calor do dia, de noite também. Só quem está lá embaixo para poder explicar e entender o que acontece", finalizou.

Fonte: Diário de PE.

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