O Carnaval também pode ser um ato político. As fantasias, as pinturas, a dança, as canções e paródias, de alguma forma, trazem um apelo político, mesmo que de forma indireta. Talvez, igualmente por isso, por mais que algumas vezes cause surpresa ao folião desavisado, é comum dar de cara com personalidades da política misturadas à multidão durante os festejos de Momo. A formalidade do cargo cede lugar à descontração e alegria.
“Eu sou uma foliã de alma e de coração. Para mim, brincar o Carnaval é uma declaração de amor à cultura do nosso Estado e é também um movimento político de muita potência. É no Carnaval que as pessoas se encontram, ocupam as ruas, partilham do mesmo espaço de forma democrática, podem dar vazão às suas críticas, colocações, concordâncias e discordâncias”, lembra a deputada estadual Dani Portela (PSOL).
Dani vai mais além e registra a importância de acompanhar as organizações comunitárias que lutam o ano inteiro para garantir o direito à diversão e ao lazer. “Eu prestigio todos os anos a folia de Olinda e do Recife, com muita alegria e animação”, afirma a deputada psolista.
A governadora em exercício, Priscila Krause, e o secretário Daniel Coelho, ambos do Cidadania, desde a infância não abrem mão de cair na folia durante o Carnaval. Este ano, no entanto, o folião que habita dentro deles vai ter que dividir espaço com a formalidade do cargo. Priscila no comando do Estado e Coelho como secretário de Turismo e Lazer terão agendas oficiais durante os quatro dias em várias cidades. Já a deputada estadual Rosa Amorim (PT) lembra que o Carnaval é, antes de tudo, a festa da democracia.
“As pessoas vão às ruas, que viram um espaço para festejar a alegria e vestem o querem. Voltamos a comemorar depois de dois anos em que prevaleceu o luto”, conta Rosa, referindo-se à pandemia de Covid-19.
A deputada petista, que tem usado a conta pessoal no Instagram para fazer um trabalho de conscientização dos foliões, afirma que vive-se ainda em uma sociedade com preconceitos vários e que há formas de brincar o Carnaval que não são permissíveis.
“Não é tolerável fantasias que fazem chacota, apropriação cultural e étnica, como as black faces, perucas cacheadas, fantasias de povos indígenas. Isso não é fantasia”, esclarece. Rosa, que vai se dividir entre Olinda e o Recife nos quatro dias, afirma que o que mais a encanta no Carnaval Pernambucano é a diversidade. Garante que vai estar tanto nos blocos tradicionais de Olinda quanto nos shows dos polos multiculturais do Recife à noite. Ela também inclui, no roteiro, o Galo da Madrugada, e uma ida à Cidade Tabajara ver o maracatu rural, cavalo marinho e caboclinhos. “Viver esse Carnaval diverso me faz muito feliz”, resume Rosa - que tomou posse no seu primeiro mandato no início do mês.
O deputado federal Mendonça Filho (União Brasil), outro folião assumido, curte o Carnaval desde o início do mês. Esteve no bloco Seu Água Fria, em Água Fria, nos bailes municipais de Bezerros, de Belo Jardim e no Olinda Beer. Ele ainda deve ir ao Galo da Madrugada e ao Carnaval dos papangus, de Bezerros, no domingo. No Sertão pernambucano, o prefeito de Petrolina, Simão Durando (União Brasil), que deve estar na companhia de toda a família do ex-senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), incluindo o ex-prefeito da cidade Miguel Coelho, promete que vai brincar os quatro dias. Este será o primeiro Carnaval de Durando como prefeito, que instalou três grandes polos na cidade, com atrações locais e nacionais.
Fonte: Blog da Folha de PE.

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