terça-feira, 24 de agosto de 2021

Corrupção com rosto

 


Depois de mais uma absolvição, desta feita no caso do sítio Atibaia, pelo andar da carruagem só falta a justiça brasileira declarar, com ofício passado em cartório, que o ex-presidente Lula é santo e que os pecadores somos todos nós, a sofrida Nação brasileira, que teve surrupiada dos seus cofres R$ 40 bilhões somente num dos escândalos da era petista, a operação Lava Jato. Juízas, como Pollyanna Kelly Maciel Medeiros Lins, da 12ª Vara Criminal de Brasília, acham que Lula é inocente.

Eu perguntaria a mesma juíza, que acha que Lula não é pecador, de onde saíram os R$ 100 milhões que Palloci, seu ex-ministro Fazenda, ex-ministro também da Casa Civil de Dilma, devolveu no acordo da delação premiada? Do mesmo assalto aos cofres públicos não apenas do esquema Lava Jato, mas de outras investidas ao meu, seu e nosso dinheiro suado e surrado que pagamos de impostos, desviados das estatais.

Não tenho a menor dúvida de que há um complô entre o Judiciário, o Ministério Públicos, os órgãos de controle, parte do Congresso e da mídia, para sacramentar a inocência de Lula, porque, segundo as pesquisas, ele se apresenta como o nome mais competitivo na disputa contra o presidente Lula. É verdade que Bolsonaro, com um estilo todo próprio e pelo mau assessoramento, se desincompatibilizou com as instituições, fere de morte ferida quem o desafia.

Mas se Bolsonaro está sendo massacrado por isso, como passar a mão na cabeça de um político, com as qualificações de Lula, que se não roubou, como ele diz em sua defesa, deixou roubar. Sua gestão, mais do que a de Dilma, foi marcada por verdadeiros assaltos ao dinheiro da Nação. Deixou quebrar estatais, como os Correios, a primeira vítima, pivô do escândalo do Mensalão, que quase acabou no impeachment de Lula.

Maus políticos, como Lula, carregam consigo uma aparência de humildade fingida, e na prática abusiva de uma linguagem serena, assume a liderança de mais um hipócrita. A corrupção de governantes, como ele, ao contrário do que julga a justiça brasileira, começou com a corrupção dos seus princípios. Dizem que corrupção é um crime sem rosto. Com Lula, teve rosto, mãos, cabeça e tronco.

A condenação – Segundo a tese da acusação do sítio Atibaia, agora negada pela juíza, o ex-presidente teria recebido vantagens em contratos da Petrobrás, utilizadas para a realização de reformas no sítio, de propriedade de Fernando Bittar. Como resultado, por prescrição ou inexistência de provas, o ex-presidente está livre do processo, pelo qual havia sido condenado a 12 anos e 11 meses de prisão e multa pela juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, em sentença confirmada em prazo recorde, por unanimidade, e ampliada para 17 anos e mês e 10 dias de prisão, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região.

Freio da decolagem – O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou, ontem, tranquilizar participantes de um seminário sobre a possibilidade de quebra institucional entre os Poderes. Na avaliação dele, o Brasil estava “decolando”, mas a antecipação das eleições atrapalha a retomada econômica. Até algumas semanas, o ministro dizia que o Brasil estava em uma “recuperação em V”, com retomada tão forte quanto a queda registrada na pandemia. Agora, diz que o “barulho” em torno do pleito de 2022 impacta o mercado financeiro e afeta o andamento de reformas estruturantes no Congresso.

Culpa na eleição – “Essa antecipação das eleições, naturalmente, prejudica. Causa muito barulho. Mas eu reafirmo a confiança nas nossas instituições, na Presidência da República, no Supremo, no Senado, na Câmara dos Deputados”, disse Guedes, acrescentando: “Nós confiamos que a ação ou excessos eventuais de alguns atores não se transformem em desvirtuamento das instituições. Essas palavras são muito para tranquilizar”, afirmou. As declarações foram durante participação on-line do 41º Congresso Internacional da Propriedade Intelectual. “Com confiança na democracia brasileira e principalmente nas instituições, esperamos que os excessos que sejam moderados”.

Bolsonaro recua – Após reconhecer que as emendas de relator-geral atrapalham a política fiscal e podem prejudicar a condução de políticas públicas, o presidente Jair Bolsonaro recuou e sancionou a previsão de pagamento dessas emendas, identificadas no Orçamento sob o código RP-9, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. Com isso, os parlamentares poderão indicar esses recursos no Orçamento do ano que vem, em pleno período eleitoral.

O modelo vem sendo usado pelo governo para cortejar deputados e senadores aliados com repasses do Orçamento da União a municípios e Estados de seus redutos eleitorais, sem que seus nomes sejam divulgados, diminuindo a possibilidade de controle social.

Pacificação – Sem consenso em torno da divulgação de uma nota contra as ameaças feitas por Jair Bolsonaro à democracia, governadores de 24 Estados e do Distrito Federal decidiram, ontem, propor ao presidente e aos outros chefes de Poderes uma espécie de reunião de pacificação e de normalização institucional do País. No encontro do Fórum dos Governadores, realizado em Brasília – com a maioria dos presentes participando de forma virtual –, não faltaram críticas ao comportamento de Bolsonaro e foi unânime a tese de que o atual clima de instabilidade política é prejudicial para todos. A ideia de divulgar um manifesto formal contra o presidente, no entanto, dividiu opiniões, especialmente porque poderia apenas ampliar o clima de instabilidade, sem resolver a situação.

CURTAS

PDV municipal – A Prefeitura do Recife publicou a regulamentação para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) para funcionários de cinco empresas municipais, contratados sob o regime da Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT). Mais de 2,5 mil servidores se enquadram nas regras do plano, segundo a gestão. A medida faz parte de um pacote econômico proposto pelo prefeito João Campos (PSB), enviado em caráter de urgência, que inclui a reforma da Previdência municipal e aumento da taxa de contribuição previdenciária para servidores.

Sem pagamento – Com a ampliação do Bolsa Família e aumentos dívidas judiciais, a equipe econômica pressiona o Congresso Nacional para a aprovação da PEC dos Precatórios. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, sem aprovação da PEC pode faltar dinheiro para o pagamento dos salários dos funcionários públicos.

Perguntar não ofende: Quando o processo da Lava Jato, suspenso em Curitiba, será reaberto em Brasília para julgar Lula? 

Fonte: Blog do Magno Martins.

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