terça-feira, 31 de agosto de 2021

Coligações já eram

 


Deputados que se animaram com a aprovação da volta das coligações partidárias para as eleições de renovação dos seus mandatos, ano que vem, que caiam na real: falando com empresários num encontro em São Paulo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que o Senado não aceitará as mudanças nas regras eleitorais aprovadas pela Câmara. Também não pretende levar adiante o novo código eleitoral, em análise pelos deputados.

Deve segurar o projeto, se a Câmara conseguir mandá-lo à Casa, para que não seja possível aplicar qualquer nova regra nas eleições de 2022 — outubro é o limite para qualquer alteração. Pacheco sofre pressões para se mostrar efetivamente como candidato à sucessão de Jair Bolsonaro. Primeiro, porém, deve trocar o DEM pelo PSD de Kassab em outubro. No mês seguinte, as prévias do PSDB também serão importantes para definir os próximos movimentos.

No calendário político-eleitoral, há ainda dois momentos-chave para a definição de alianças: outubro, prazo que vai ditar as normas da disputa; e abril, a “janela” que permite que deputados mudem de partido. Enquanto isso, a avaliação dos que gostariam de ver o senador na arena é que há espaço para crescer e que boa parte dos eleitores está fora do campo dividido entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula.

Essas análises levam em conta ainda a alta taxa de abstenção das últimas eleições. A corrida até as urnas — eletrônicas — é longa, mas Pacheco entrou na pista. Pacheco passou dois dias em São Paulo na semana passada e, ao lado do presidente do PSD, Gilberto Kassab, teve encontros com políticos, advogados, empresários, médicos e representantes do agronegócio.

Deixou boa impressão, sobretudo com a decisão que se seguiu a essas conversas — a rejeição do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, apresentado por Jair Bolsonaro. Na avaliação de alguns desses interlocutores, o senador mostrou que sabe exercer a autoridade, pré-requisito para um candidato ao Planalto.

Empenho por Aras – Na volta a Brasília, Pacheco cuidou pessoalmente de apressar a votação que deu mais dois anos de mandato ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Negociou com Davi Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça, para que a mensagem presidencial pela recondução do procurador passasse à frente da indicação de André Mendonça para o STF. No roteiro traçado por Pacheco, essa etapa era fundamental para o passo do dia seguinte, a rejeição do pedido de impeachment de Moraes. Pacheco certificou-se de que haveria quórum e acertou com os 20 senadores que não puderam ir à sessão — que, regimentalmente, era presencial —, para que se manifestassem virtualmente.

Os influentes – A bancada pernambucana na Câmara Federal contribuiu com nove parlamentares para a lista dos mais influentes do Congresso. Integram a elite pensante e destacada do parlamento brasileiro os deputados Danilo Cabral (PSB - foto), Fernando Coelho Filho (DEM), Luciano Bivar (PSL), Renildo Calheiros (PCdoB), Silvio Costa Filho (Republicanos), Tadeu Alencar (PSB) e Wolney Queiroz (PDT). No Senado, Fernando Bezerra Coelho e Humberto Costa, o primeiro líder do Governo Bolsonaro na Casa Alta.

Os esquecidos – Ocupar função na mesa diretora da Câmara não pesa nos critérios do Diap – o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Se tivesse alguma influência, Marília Arraes (PT), segunda-secretária da Câmara, e André de Paula (PSD), quarto-secretário, não teriam sido excluídos da relação dos notáveis. Igualmente esquecido, o senador Jarbas Vasconcelos (MDB), que nunca deixou de figurar na lista dos cabeças do Congresso, anda muito sumido, calado e, há pouco, anunciou que estará se licenciando para tratamento de saúde.

Mudança de tom – Ministros do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) dizem apostar numa mudança de postura do presidente depois das manifestações de 7 de setembro. Comandantes de pastas que mantêm um bom relacionamento com o Congresso e com o Judiciário afirmam, inclusive, que Bolsonaro concorda que a pacificação o beneficiaria na corrida eleitoral de 2022. Segundo a Folha de S. Paulo, tanto os auxiliares quanto Bolsonaro reconhecem que a instabilidade política afeta a economia, dificultado a retomada. Uma melhora do quadro poderia recuperar os pontos perdidos pelo atual presidente nas pesquisas de intenção de voto.

André na vantagem – Se prevalecer o peso partidário, principalmente no plano nacional, o deputado André de Paula (PSD) tende a levar a vantagem numa eventual queda de braço com o republicano Silvio Costa Filho pela vaga de candidato a senador na chapa governista a ser liderada por um nome do PSB a governador. É o que ouve nos bastidores do Palácio, também corre solto na bancada federal. Como Lula quer o PSD em seu palanque, Kassab passaria a exercer influência no fechamento de algumas alianças estaduais, inclusive em Pernambuco. André, para ele, virou mais que um amigo.

CURTAS

Boneco – O educador pernambucano Paulo Freire ganhou uma versão em boneco gigante de Olinda. A homenagem foi feita em comemoração ao centenário de nascimento do patrono da educação brasileira, que ocorre no próximo dia 19. A alegoria foi apresentada, ontem, na abertura do semestre letivo da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Teste gratuito – A Prefeitura do Recife começou, ontem, uma testagem em massa da população para rastrear casos da Covid-19. Cada ponto volante deve ter capacidade para realizar 200 testes diários. A testagem é feita gratuitamente. Podem ser feitos no Polo da Academia da Cidade de Brasília Teimosa, na Estação Joana Bezerra e na Associação dos Moradores do Barro, na Zona Sul da cidade, das 8 às 16 horas.

Perguntar não ofende: Sem a volta das coligações, quem se salva na bancada federal de Pernambuco?

Fonte: Blog do Magno Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário