Vestais na politica enganam hoje, amanhã, mas não a vida inteira. Um dos casos mais simbólicos nos últimos anos foi o do ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Enquanto o exercício do mandato, ninguém escapou da sua metralhadora giratória: nas sessões do Congresso, nas comissões temáticas e até em CPIs apontava o seu dedo incriminando atores políticos. Apresentava-se como o verdadeiro arauto da moralidade.
Com o passar do tempo, o mundo desabafou sobre a sua cabeça, envolvido com um doleiro corrupto, Carlinhos Cachoeira. Perdeu o mandato e virou réu pelos crimes de corrupção passiva. De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Goiás, de junho de 2009 a fevereiro de 2012, Demóstenes se beneficiou de favores de Cachoeira e recebeu benefícios e vantagens do bicheiro, como viagens em aeronaves particulares e pagamentos em dinheiro.
Foram mapeados pelo menos três depósitos, nos valores de 5,1 milhões de reais, 20.000 reais e 3.000 reais, além de benefícios luxuosos. Na CPI da Covid, presidida pelo senador Omar Oziz (PSD-AM), com uma ficha mais que suja, imunda, e um relator, o alagoano Renan Calheiros (MDB-AL), que responde a 18 processos na justiça por corrupção, o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tem atacado todos os depoentes e apontado o dedo em direção ao Planalto, julgando Bolsonaro sócio da gatunagem.
Como o senador goiano, Randolfe também tem cara de vestal, que, traduzindo, é o político que, em público, mantém um comportamento virtuoso, mas sem uma prática honesta. O site R7 descobriu que o atual chefe de gabinete do parlamentar, Charles Chelala, doou R$ 2 mil em serviços de motorista para a campanha do chefe e que outros familiares dele, também fizeram doações que, totalizadas, chegam a R$ 9 mil.
Conforme a mesma matéria, quatro fornecedores da campanha de Randolfe ao Senado em 2018 foram contratados para prestar serviços a ele depois de eleito, pagos com dinheiro público. Uma delas, a Eco Serviços, teria cobrado R$ 26.208,00 por pesquisas eleitorais e recebido do gabinete R$ 29.222,00 desde janeiro de 2019. O site também informou que, pelas notas fiscais que constam na prestação de contas dos gastos, os serviços da Eco são de consultoria na área de pesquisa socioeconômica, mas a última pesquisa feita foi em outra área.
Procurado pela repórter Hylda Cavalcanti, do jornal O Poder, em Brasília, o senador disse que “nunca existiu nenhum tipo de contribuição financeira de qualquer empresa privada na sua campanha. Explicou que Charles Chelala é um militante político que o acompanha há 25 aos e sempre contribuiu, com sua militância e financeiramente, todas as vezes em que ele concorreu.
Ele lembrou, ainda, que tais contribuições “nunca foram associadas a qualquer benefício futuro” e que a doação não foi em espécie, mas de serviços estimados em R$ dois mil, assim como de outros familiares deles, em contas prestadas e aprovadas pela Justiça eleitoral.
Acredite se quiser!
Serra inocentado – O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, trancou, ontem, uma ação penal contra o senador licenciado José Serra (PSDB-SP) por suposta corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo obras do Rodoanel, em São Paulo. O magistrado também anulou apreensões e quebras de sigilo. A extinta Lava Jato paulista ofereceu denúncia contra Serra em julho do ano passado. O MPF (Ministério Público Federal), em parceria com o MP (Ministério Público Eleitoral) investigou suposto caixa 2 de R$ 5 milhões na campanha do político ao Senado em 2014.
Grupo FBC no DEM – Está confirmada a revoada do grupo politico do senador Fernando Bezerra Coelho, líder do Governo no Senado, do MDB para o DEM. A filiação ao novo partido será no próximo mês. Presidente estadual da legenda, o ex-ministro Mendonça Filho deu régua e compasso também para o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, filho de FBC, embalar seu projeto majoritário em 2022. Uma das revelações como gestor público, com apenas 30 anos, Miguel é candidato a governador.
Travessia natural – Ao ingressar no DEM, o senador FBC perde, mais uma vez, a batalha política contra o grupo do senador Jarbas Vasconcelos para controlar a legenda no Estado. A travessia para o Democrata foi natural pelo fato do filho Fernando Bezerra Filho, deputado federal, já ser filiado à legenda e gozar de trânsito fácil no partido em Brasília, além da boa relação com Mendonça Filho.
Código contra Moro – Às vésperas de ter sua urgência votada pela Câmara, uma nova versão do Código Eleitoral traz agora uma quarentena de cinco anos para militares, policiais, juízes e promotores que quiserem disputar eleições. A novidade entrou em uma versão apresentada, ontem, do projeto com mais de 900 artigos e 371 páginas, relatado pela deputada Margarete Coelho (PP-PI). Caso aprovada e sancionada desta forma até outubro deste ano, a medida veda eventuais candidaturas como a do ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro e também do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Olhando para o pijama – Com a saída do grupo do senador Fernando Bezerra do MDB, quem sai mais prejudicado é o deputado federal Raul Henry, presidente estadual da legenda. Se o Senado derrubar a volta das coligações, já aprovada pela Câmara na minima reforma eleitoral, Henry não se reelege por falta de cauda eleitoral. Todos os partidos enfrentarão dificuldades de montar chapa na conjuntura atual. Como não ficou ao lado do grupo FBC, Henry corre risco de encerrar sua carreira politica antes do que imaginava.
CURTAS
Flexibilização – O Governo do Estado anunciou, ontem, que vai liberar, a partir do próximo mês, a realização de eventos culturais, como shows e peças de teatro, com até 1,2 mil pessoas que estejam vacinadas contra a Covid-19 com duas doses ou com uma dose mais teste negativo para a doença. Também foram anunciadas flexibilizações nas regras para realização de eventos e competições esportivas.
Passe seguro – No último dia 19, o Governo anunciou a criação do selo “Passe Seguro PE”, para validar a presença de pessoas em eventos, incluindo os de grande porte, com informações sobre vacinação e testes de Covid. De acordo com a secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico, Ana Paula Vilaça, as primeiras autorizações serão para eventos-teste. A lotação máxima é de 1,2 mil pessoas ou 50% da capacidade do local, o que for menor.
Perguntar não ofende: Por que Pacheco não colocou adiante o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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